Religiosamente
Bastidores e curiosidades do mundo religioso
PerfilAnna Virginia Balloussier é editora-assistente da revista "sãopaulo"
Leia maisEx-gay, ex-ex-gay e a tal da ‘cura gay'
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
Sérgio Viula era um menino que amava meninos. Entrou na puberdade e se apaixonou por um amigo. Com esse primeiro namoradinho, iniciou a vida sexual.
Aos 16 anos, Sérgio era um rapaz que amava Jesus Cristo. Seduzido pelo papo da colega de trabalho, passou a frequentar uma igreja evangélica. A família, daquelas de formação bem “catolicona”, se converteu junto.
Um ano depois, ele se casou com uma moça da igreja. Era como se os desejos homoafetivos tivessem sido trancados no armário, no fundo da gaveta de meias, dentro de uma pastinha cor-de-rosa onde se lia: “PERIGO”.
A união durou 14 anos e gerou dois filhos. Nesse período, ele se formou e se pós-graduou em teologia. Virou “ex-gay”, pastor batista, líder do Moses (Movimento pela Sexualidade Sadia) e, como tal, feroz crítico de alas mais liberais da igreja.
Sem conversa: Deus reprovava “a intimidade entre iguais”. Deu na Bíblia. Mais precisamente no texto de Levítico. Lá consta: homens que se deitam com outros homens praticaram uma “abominação” e precisam ser executados (coordenadas dessa batalha naval bíblica: Lv 20:13).
Em 2002, Sérgio era um homem que não amava Deus. Na verdade, sequer acreditava nele. Era ateu. Ateu e gay. Ou “ex-ex-gay”.
Chegou à conclusão que, se a humanidade era tratorada por tanto sofrimento (no seu caso, não conseguir debelar a atração por homens), restavam três alternativas sobre Deus:
1) Não é todo-poderoso
2) Não é bom
3) Não existe de modo algum
Ficou com a última. Como líder do Movimento pela Sexualidade Sadia, afinal, conheceu apenas um gay “curado”. “E ele tinha sempre a gaveta cheia de antidepressivos.”
O caso de Sérgio, agora professor de inglês numa escola particular do Rio, foi um dos que mais marcou a jornalista Marília de Camargo César.
Por dois anos, ela entrevistou líderes evangélicos, desde denominações tradicionais a igrejas inclusivas (que aceitam gays). Conversou com cristãos gays e “ex-gays”, fora psicólogos, filósofos, profissionais da saúde e pais de homossexuais.
O resultado está no livro “Entre a Cruz e o Arco-Íris – A Complexa Relação dos Cristãos com a Homoafetividade” (Ed. Gutenberg, R$ 29,90).
A obra conta a saga de Sérgio, o “ex-ex-gay”, mas são bem variados os caquinhos desse mosaico. Você conhece também histórias de ex-padre, ex-prostituta ou a de Saulo Navarro.
O mineiro Saulo, bancário de 44 anos, foi acolhido numa igreja em Curitiba como alguém que “estava” homossexual.
Hoje, tem sete anos de casamento com uma mulher, uma filha e a certeza de que “cura gay” pode até não ser o que o médico lhe receitou, mas com certeza funcionou para ele.
Saulo conta: “Deixar anos de prática homossexual exigiu de mim cura das feridas da alma, foi um processo gradativo que levou seis anos. Se tivessem me prometido mudança instantânea e isso não ocorresse, eu poderia ir embora por não ver meus desejos e vontades transformados de um instante para outro e, pior, poderia desacreditar do maravilhoso Evangelho de Cristo”.
FERIDOS
Atualmente no “Valor Econômico”, a jornalista Marília tem passagem por veículos como TV Globo e “Gazeta Mercantil”. Em 2010, saiu seu livro “Marina: a Vida por uma Causa”, sobre a ex-senadora Marina Silva –evangélica que nem a biógrafa.
Marília vem de uma família protestante. Hoje, após alguns anos afastada da religião, vai à Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo.
“O recorte na comunidade evangélica tem uma razão –sou evangélica! Minha vivência me leva a questionar muitas coisas dentro da igreja”, diz.
Seu primeiro livro, “Feridos em Nome de Deus” (2009), vendeu mais de 20 mil cópias. “Justamente pelo olhar investigativo de uma questão que aflige muitos cristãos –o abuso de autoridade do pastor sobre a vida de suas ovelhas.”
“Entre a Cruz e o Arco-Íris”, segundo a autora, “é meio que um ‘Feridos’, só que sobre gays”.
Abaixo, um bate-papo com a autora.
O livro fala de um “mosaico de histórias profundamente humanas”. Qual história mais te impressionou?
Dois depoimentos me marcaram muito: o de um professor de inglês carioca que se tornou ateu, depois de ter sido pastor evangélico e líder de jovens numa igreja do Rio de Janeiro, e o de um pastor conhecido nacionalmente, que fez um desabafo emocionado sobre o dia em que seu filho mais velho admitiu ser gay.
Como avalia, depois dessa experiência, propostas como a “cura gay”?
A tentativa de “cura” gay vem de longa data. Na década de 1940, por exemplo, o neurocirurgião português António Egas Moniz, ganhador do Nobel de Medicina, aplicava a técnica da lobotomia –que consistia em cortar um pedaço do cérebro dos doentes, mais precisamente nervos do córtex pré-fronta– para tentar “curar” pacientes homossexuais.
Na Suécia, 3.000 gays foram lobotomizados nesse período. Na Dinamarca, 3500 –a última cirurgia foi em 1981! Nos Estados Unidos, cidadãos portadores de “disfunções sexuais” lobotomizados chegaram às dezenas de milhares.
Ocorre que há um grande número de pessoas que sofrem por sua orientação sexual homoafetiva –chamados pela psiquiatria de egodistônicos. Esse sofrimento nem sempre está relacionado a questões de fé. Para essas pessoas, deve haver espaço de acolhimento e cuidado nos consultórios terapêuticos, sem promessas de “cura”, e isso está em linha com o que prevê a tão debatida resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia.
A resolução, que causou tanta polêmica, não proíbe o “tratamento” daqueles que sofrem, mas é, na verdade, uma forma de evitar que os psicólogos cristãos utilizem o consultório como púlpito, tentando “converter” pacientes, o que é obviamente antiético.
E métodos de “cura”? Testemunhou alguma tentativa?
Não presenciei nenhum, mas sei de igrejas que fazem sessões de exorcismo, por crerem que todo homossexual na verdade está tomado por um ou vários demônios.
Há aquelas que fazem campanhas de jejuns, para que a pessoa seja “liberta”. Isso é comum. Alguns dos personagens do livro relatam ter realizado toda sorte de sacrifício para se ver livres da inclinação homoerótica, obtendo vitórias temporárias. A maioria que optou pelo caminho da heterossexualidade afirma ter de “matar um leão por dia” para manter-se assim.
Qual a dimensão, no Brasil, das igrejas inclusivas, que aceitam gays?
As chamadas “igrejas inclusivas”, que fizeram uma releitura liberal das passagens bíblicas condenatórias da homossexualidade, crescem em ritmo espantoso, a despeito do escândalo e das reações violentas que suscitam. Em todo o país, há registradas 28 dessas comunidades. Há seis anos, não havia nenhuma. É pouco, se comparado aos EUA, por exemplo, com cerca de 6.800 congregações inclusivas registradas.
No livro, você diz que a Bíblia fala de sexo de forma erótica e explícita. Como a homossexualidade é abordada nela?
“Que a sua boca me cubra de beijos, pois o seu amor é melhor do que o vinho! Leve-me com você, depressa, seja o meu rei e leve-me para o seu quarto, amado meu, descansa sobre os meus seios.”
Esta passagem não foi tirada de ‘50 tons de cinza’, mas do livro de Cantares de Salomão, uma das mais lindas poesias eróticas jamais escritas. Está no Antigo Testamento.
Da mesma maneira que fala do relacionamento sexual entre um homem e uma mulher de maneira poética e erótica, a Bíblia condena explicitamente e com todas as letras a prática homossexual. Isso pode ser encontrado em diversas passagens tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.
A interpretação das passagens sempre foi clara –a prática homossexual é considerada um pecado. Ocorre que, como lembra o pastor Ricardo Barbosa, o pecado é um conceito teológico, e não sociológico ou antropológico. Diz respeito a Deus, à criação, à crença de que as Escrituras Sagradas são a revelação de Deus aos homens.
Você diz: “O céu é festa para o qual só heteros são convidados”. Afinal, há convite pra mais gente agora?
Esta frase, tirada da apresentação do livro, era uma questão íntima minha, para a qual eu buscava a resposta. Não, o céu, ou a dimensão existencial que a Bíblia chama de o Reino de Deus, não é exclusiva para héteros, mas para todos. O convite para a festa é para todos, mas aceitar esse convite tem implicações profundas na vida de cada um.
Há aqueles que ao encontrar essa nova dimensão espiritual perceberam não ser possível conciliar sua fé com a prática homossexual e a abandonaram, casando-se, tendo filhos, e adotando um comportamento heterossexual, sem, contudo, perder a orientação homoafetiva.
Há quem critique essas pessoas, argumentando que negar a própria sexualidade é violentar-se. Talvez se esqueçam que a espiritualidade também é um elemento estruturante do ser.
Quanto a haver maior abertura, sim, creio que existe uma leve disposição de aceitar a condição homoafetiva nas igrejas evangélicas, de algumas poucas comunidades que estão tentando olhar para essas pessoas sem julgá-las, mas isso ainda é um movimento incipiente no Brasil.
Encontrou resistência ao abordar o assunto com evangélicos?
Por parte de alguns pastores, lideranças respeitadas no universo evangélico, que se recusaram a dar entrevista para o livro, talvez por temerem posicionar-se a respeito desse tema, que realmente é muito espinhoso. O pastor Silas Malafaia foi um desses líderes que, mesmo após muita insistência e espera paciente de minha parte, não quis falar.
Aos 16 anos, Sérgio era um rapaz que amava Jesus Cristo. Seduzido pelo papo da colega de trabalho, passou a frequentar uma igreja evangélica. A família, daquelas de formação bem “catolicona”, se converteu junto.
Um ano depois, ele se casou com uma moça da igreja. Era como se os desejos homoafetivos tivessem sido trancados no armário, no fundo da gaveta de meias, dentro de uma pastinha cor-de-rosa onde se lia: “PERIGO”.
A união durou 14 anos e gerou dois filhos. Nesse período, ele se formou e se pós-graduou em teologia. Virou “ex-gay”, pastor batista, líder do Moses (Movimento pela Sexualidade Sadia) e, como tal, feroz crítico de alas mais liberais da igreja.
Sem conversa: Deus reprovava “a intimidade entre iguais”. Deu na Bíblia. Mais precisamente no texto de Levítico. Lá consta: homens que se deitam com outros homens praticaram uma “abominação” e precisam ser executados (coordenadas dessa batalha naval bíblica: Lv 20:13).
Em 2002, Sérgio era um homem que não amava Deus. Na verdade, sequer acreditava nele. Era ateu. Ateu e gay. Ou “ex-ex-gay”.
Chegou à conclusão que, se a humanidade era tratorada por tanto sofrimento (no seu caso, não conseguir debelar a atração por homens), restavam três alternativas sobre Deus:
1) Não é todo-poderoso
2) Não é bom
3) Não existe de modo algum
Ficou com a última. Como líder do Movimento pela Sexualidade Sadia, afinal, conheceu apenas um gay “curado”. “E ele tinha sempre a gaveta cheia de antidepressivos.”
O caso de Sérgio, agora professor de inglês numa escola particular do Rio, foi um dos que mais marcou a jornalista Marília de Camargo César.
Por dois anos, ela entrevistou líderes evangélicos, desde denominações tradicionais a igrejas inclusivas (que aceitam gays). Conversou com cristãos gays e “ex-gays”, fora psicólogos, filósofos, profissionais da saúde e pais de homossexuais.
O resultado está no livro “Entre a Cruz e o Arco-Íris – A Complexa Relação dos Cristãos com a Homoafetividade” (Ed. Gutenberg, R$ 29,90).
A obra conta a saga de Sérgio, o “ex-ex-gay”, mas são bem variados os caquinhos desse mosaico. Você conhece também histórias de ex-padre, ex-prostituta ou a de Saulo Navarro.
O mineiro Saulo, bancário de 44 anos, foi acolhido numa igreja em Curitiba como alguém que “estava” homossexual.
Hoje, tem sete anos de casamento com uma mulher, uma filha e a certeza de que “cura gay” pode até não ser o que o médico lhe receitou, mas com certeza funcionou para ele.
Saulo conta: “Deixar anos de prática homossexual exigiu de mim cura das feridas da alma, foi um processo gradativo que levou seis anos. Se tivessem me prometido mudança instantânea e isso não ocorresse, eu poderia ir embora por não ver meus desejos e vontades transformados de um instante para outro e, pior, poderia desacreditar do maravilhoso Evangelho de Cristo”.
FERIDOS
Atualmente no “Valor Econômico”, a jornalista Marília tem passagem por veículos como TV Globo e “Gazeta Mercantil”. Em 2010, saiu seu livro “Marina: a Vida por uma Causa”, sobre a ex-senadora Marina Silva –evangélica que nem a biógrafa.
Marília vem de uma família protestante. Hoje, após alguns anos afastada da religião, vai à Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo.
“O recorte na comunidade evangélica tem uma razão –sou evangélica! Minha vivência me leva a questionar muitas coisas dentro da igreja”, diz.
Seu primeiro livro, “Feridos em Nome de Deus” (2009), vendeu mais de 20 mil cópias. “Justamente pelo olhar investigativo de uma questão que aflige muitos cristãos –o abuso de autoridade do pastor sobre a vida de suas ovelhas.”
“Entre a Cruz e o Arco-Íris”, segundo a autora, “é meio que um ‘Feridos’, só que sobre gays”.
Abaixo, um bate-papo com a autora.
O livro fala de um “mosaico de histórias profundamente humanas”. Qual história mais te impressionou?
Dois depoimentos me marcaram muito: o de um professor de inglês carioca que se tornou ateu, depois de ter sido pastor evangélico e líder de jovens numa igreja do Rio de Janeiro, e o de um pastor conhecido nacionalmente, que fez um desabafo emocionado sobre o dia em que seu filho mais velho admitiu ser gay.
Como avalia, depois dessa experiência, propostas como a “cura gay”?
A tentativa de “cura” gay vem de longa data. Na década de 1940, por exemplo, o neurocirurgião português António Egas Moniz, ganhador do Nobel de Medicina, aplicava a técnica da lobotomia –que consistia em cortar um pedaço do cérebro dos doentes, mais precisamente nervos do córtex pré-fronta– para tentar “curar” pacientes homossexuais.
Na Suécia, 3.000 gays foram lobotomizados nesse período. Na Dinamarca, 3500 –a última cirurgia foi em 1981! Nos Estados Unidos, cidadãos portadores de “disfunções sexuais” lobotomizados chegaram às dezenas de milhares.
Ocorre que há um grande número de pessoas que sofrem por sua orientação sexual homoafetiva –chamados pela psiquiatria de egodistônicos. Esse sofrimento nem sempre está relacionado a questões de fé. Para essas pessoas, deve haver espaço de acolhimento e cuidado nos consultórios terapêuticos, sem promessas de “cura”, e isso está em linha com o que prevê a tão debatida resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia.
A resolução, que causou tanta polêmica, não proíbe o “tratamento” daqueles que sofrem, mas é, na verdade, uma forma de evitar que os psicólogos cristãos utilizem o consultório como púlpito, tentando “converter” pacientes, o que é obviamente antiético.
E métodos de “cura”? Testemunhou alguma tentativa?
Não presenciei nenhum, mas sei de igrejas que fazem sessões de exorcismo, por crerem que todo homossexual na verdade está tomado por um ou vários demônios.
Há aquelas que fazem campanhas de jejuns, para que a pessoa seja “liberta”. Isso é comum. Alguns dos personagens do livro relatam ter realizado toda sorte de sacrifício para se ver livres da inclinação homoerótica, obtendo vitórias temporárias. A maioria que optou pelo caminho da heterossexualidade afirma ter de “matar um leão por dia” para manter-se assim.
Qual a dimensão, no Brasil, das igrejas inclusivas, que aceitam gays?
As chamadas “igrejas inclusivas”, que fizeram uma releitura liberal das passagens bíblicas condenatórias da homossexualidade, crescem em ritmo espantoso, a despeito do escândalo e das reações violentas que suscitam. Em todo o país, há registradas 28 dessas comunidades. Há seis anos, não havia nenhuma. É pouco, se comparado aos EUA, por exemplo, com cerca de 6.800 congregações inclusivas registradas.
No livro, você diz que a Bíblia fala de sexo de forma erótica e explícita. Como a homossexualidade é abordada nela?
“Que a sua boca me cubra de beijos, pois o seu amor é melhor do que o vinho! Leve-me com você, depressa, seja o meu rei e leve-me para o seu quarto, amado meu, descansa sobre os meus seios.”
Esta passagem não foi tirada de ‘50 tons de cinza’, mas do livro de Cantares de Salomão, uma das mais lindas poesias eróticas jamais escritas. Está no Antigo Testamento.
Da mesma maneira que fala do relacionamento sexual entre um homem e uma mulher de maneira poética e erótica, a Bíblia condena explicitamente e com todas as letras a prática homossexual. Isso pode ser encontrado em diversas passagens tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.
A interpretação das passagens sempre foi clara –a prática homossexual é considerada um pecado. Ocorre que, como lembra o pastor Ricardo Barbosa, o pecado é um conceito teológico, e não sociológico ou antropológico. Diz respeito a Deus, à criação, à crença de que as Escrituras Sagradas são a revelação de Deus aos homens.
Você diz: “O céu é festa para o qual só heteros são convidados”. Afinal, há convite pra mais gente agora?
Esta frase, tirada da apresentação do livro, era uma questão íntima minha, para a qual eu buscava a resposta. Não, o céu, ou a dimensão existencial que a Bíblia chama de o Reino de Deus, não é exclusiva para héteros, mas para todos. O convite para a festa é para todos, mas aceitar esse convite tem implicações profundas na vida de cada um.
Há aqueles que ao encontrar essa nova dimensão espiritual perceberam não ser possível conciliar sua fé com a prática homossexual e a abandonaram, casando-se, tendo filhos, e adotando um comportamento heterossexual, sem, contudo, perder a orientação homoafetiva.
Há quem critique essas pessoas, argumentando que negar a própria sexualidade é violentar-se. Talvez se esqueçam que a espiritualidade também é um elemento estruturante do ser.
Quanto a haver maior abertura, sim, creio que existe uma leve disposição de aceitar a condição homoafetiva nas igrejas evangélicas, de algumas poucas comunidades que estão tentando olhar para essas pessoas sem julgá-las, mas isso ainda é um movimento incipiente no Brasil.
Encontrou resistência ao abordar o assunto com evangélicos?
Por parte de alguns pastores, lideranças respeitadas no universo evangélico, que se recusaram a dar entrevista para o livro, talvez por temerem posicionar-se a respeito desse tema, que realmente é muito espinhoso. O pastor Silas Malafaia foi um desses líderes que, mesmo após muita insistência e espera paciente de minha parte, não quis falar.