Eles estão a monstrualizar a sociedade - William Tonet
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Luanda - No início do ano manifestei cepticismo em relação ao futuro, face a crescente insensibilidade e arrogância do regime na forma como lida com a maioria dos cidadãos. Muitos logo trataram de enviar os seus esbirros, considerando-me pessimista e agitador, uma vez, a luz do art.º 23.º, "todos somos iguais perante a Constituição e a lei", mas isso não passa de verborreia constitucional, para iludir a existência de uma alegada democracia, coberta por uma real ditadura institucional.
Fonte: Folha8
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
09.02 2014
Não passou muito tempo e numa atitude, tipicamente colonial de expulsar para longe das cidades os pretos (não se trata de racismo, mas realismo), infelizmente é a realidade, pois enquanto maioria da população, são eles sempre os alvos destas escabrosas injustiças.
E a deste Janeiro, afectou e "matou" os sonhos, as esperanças de gente pobre, humilde e trabalhadora, selvaticamente corrida da Chicala e Kilombo, para uma zona deserta e árida, sem condições para um ser humano viver, com o mínimo de dignidade. Os senhores deste poder, os que têm e detém tudo, de forma ilícita, por defraudação dos cofres públicos, querem instalar na zona, condomínios para gente abastada, nacional e estrangeira.
Eles, até têm uma legitimidade, ilegitimamente, adquirida em eleições fraudulentas e, com dinheiro e poder podem fazer tudo… Até matarem-nos a todos aos pedaços… Mas valha-nos Deus, será impossível estes senhores, emprestarem a sua governação, actos de racionalismo, humanismo e cidadania, alavancando os princípios da solidariedade social? Podem! Não querem: E o estranho é dizerem, estar comprometidos com a esquerda, daí estarem filiados na Internacional Socialista. Que credibilidade pode ter hoje uma organização, capaz de acolher, no seu seio, um partido cuja prática é de estar postada, no lado esquerdo como defensor acérrimo do capital e da corrupção, que não se pode confundir com os ideais sociais da esquerda. Eles são os mais cruéis violadores dos direitos humanos.
Nenhum destes senhores governantes e dirigentes partidários do poder, em Angola, mandaria os seus cães viver naquele lugar, naquele desterro, naquele fim do mundo inóspito da Kissama, mas enviaram os nossos compatriotas, "corrompendo" o silêncio da maioria que pensa. Estamos a ser covardes e, com esta postura permitimos toda espécie de injustiças e bestialidades governativas.
Temos de agir, agora e já, nos marcos da lei, mas irreverentemente, porque o país está sem norte, numa clara demonstração do Presidente da República, parecer já não controlar a máquina diabólica que inicialmente havia montado para sua protecção e que agora o poderá devorar.
Não acredito, mas também não duvido, que José Eduardo dos Santos seja capaz de cultivar tanto desprezo pelos angolanos, atirados para a Kissama, ao ponto de apadrinhar práticas, que nem Salazar, líder do regime fascista colonial português, teria coragem de praticar contra os pretos colonizados do ultramar. No entanto, repito, colono negro é pior que colono branco…
Mas a norma do regime e a brutalidade da polícia partidária é quilométrica e se por um lado, ilude a opinião pública de pretender julgar os assassinos de Kamulingue e Cassule, já que o do Ganga, por ser da Presidência da República, tem imunidade para matar, por outro continua a prática de tirar a vida, por dá cá aquela palha aos pobres e vai daí, assassinaram uma simples mulher em Viana e também aqui, prenderam um jornalista, por pretender buscar uma informação. Nas Lundas, foram mortos em Janeiro, cinco cidadãos e em Cabinda três, todos por motivações políticas. É a ditadura no seu pico máximo, com os símbolos que deveriam inspirar confiança, ao cidadão, como a Polícia Nacional e o Palácio da República (visto como local assombrado, por matar quem dele se aproxima), hoje criam pavor e temor.
O Papa João Paulo II, nos seus textos cristãos, considerava a arrogância como "tendência para dominar os outros para além dos próprios e legítimos direitos e méritos."
Nós estamos nesta fase, dominados entre o medo e a covardia, de estruturarmos um plano de luta pacifica, para o resgate da dignidade dos povos de Angola e do Povo Khoisan em particular. Por tudo isso, continuo na organização de uma manifestação de cidadãos, não interessa o número, até podem ser "300 frustrados", número que já assusta o Presidente da República e toda a sua máquina de apoio, para reivindicarmos direitos cidadãos, lutando em prol da consolidação da paz, da liberdade de imprensa e de expressão e de uma real democracia. Vamos dissiminar a organização por todo país, formando uma grande corrente contra a ditadura e o poder absoluto, para sermos dignos dos nossos antepassados.