terça-feira, 27 de maio de 2014

LUANDA: Como a filha do presidente usurpa o Estado e se apodera dos bancos - Por Maka Angola

Como a Filha do Presidente Usurpa o Estado e se Apodera dos Bancos

Fonte: Maka Angola
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
  • Como a Filha do Presidente Usurpa o Estado e se Apodera dos Bancos

A 26 de Agosto de 2013, a filha do presidente da República, Isabel dos Santos, reportou à Autoridade da Concorrência portuguesa que detém a totalidade da participação de 49.9 por cento no Banco de Fomento de Angola (BFA). No mesmo relatório, a empresária revelou ainda que a sua participação no Banco Internacional de Crédito (BIC) é de 50 por cento.
A Entidade da Concorrência, conforme declarações da empresária, registou o seguinte:
“Na banca, detém uma participação de [<50]% no Banco BIC Angola (através da [CONFIDENCIAL - segredo de negócio relativo à estrutura de participações], detida por si a 100%) e, através da [CONFIDENCIAL - segredo de negócio relativo à estrutura de participações] detém uma participação de [<50]% no BFA – Banco de Fomento de Angola, em que o Banco BPI detém 50,1% do capital”.
As informações foram prestadas no âmbito do negócio de fusão entre a Zon Multimédia, detida maioritariamente por Isabel dos Santos, de um lado, e a Sonaecom, do bilionário português Belmiro de Azevedo, do outro.
Como adiante se verificará, em ambos os casos, as entidades reguladoras portuguesas, incluindo a CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários), caucionam a prestação de falsas informações por parte dos bancos, parcialmente detidos por entidades portuguesas, acerca das suas estruturas accionistas.
BFA
A 12 de Setembro de 2008, o Banco Português de Investimentos (BPI) revelou à CMVM o memorando de entendimento que subscrevera com a Unitel, “com vista à constituição de uma parceria estratégica em Angola, através da venda de 49.9 por cento do capital do Banco de Fomento de Angola (BFA) à Unitel”.
O BPI, enquanto accionista único do BFA, estabeleceu como valor de venda da referida participação um total de US $475 milhões (338 milhões de euros).
De acordo com o banco, “esta parceria representa a criação de uma base de colaboração entre o BPI e a maior empresa privada angolana, de elevado valor acrescentado para as entidades envolvidas e para a economia angolana em geral”.
No documento, o BPI afirmou, na altura, que a operação estava sujeita “à obtenção de autorizações das autoridades competentes”. O mesmo documento discriminou os sócios da Unitel como sendo a “Mercury, subsidiária da Sonangol (25%); GENI (25%); Vidatel (25%); Portugal Telecom (25%)”.
O negócio foi concluído em Dezembro do mesmo ano. Desde então, o BFA mantém nos seus relatórios e contas, bem como no seu portal, que o Banco Português de Investimentos (BPI) detém 50.1 por cento das suas acções, enquanto 49.9 por cento das acções cabem à Unitel S.A.
A Entidade da Concorrência portuguesa omitiu o total de acções detido por Isabel dos Santos na Unitel, referindo apenas que é uma “participação direta de [...]% e indireta de [...]% (por via da [CONFIDENCIAL - segredo de negócio relativo à estrutura de participações]) (…)”.
Meses antes, a 21 de Janeiro de 2013, no documento de aprovação de novos membros do Conselho de Administração da Zon Multimedia, do qual Isabel dos Santos faz parte, a empresária anunciou ser detentora de 25 por cento das acções da Unitel, informação que se mantém. O mesmo documento foi enviado à CMVM.
O Estado angolano, através da Sonangol, detém 25 por cento das acções da Unitel. Quando e em que circunstância a filha do presidente abocanhou, através da Unitel, a participação correspondente do Estado no BFA não é um mistério. A diferença entre o que pertence ao Estado e o que pertence à família presidencial é cada vez mais clara: o que pertence ao Estado pertence ou pode pertencer, a qualquer altura, à família presidencial. O que pertence à família presidencial é propriedade privada do clã Dos Santos.
É através dessa lógica de promiscuidade entre o público e o privado que, inicialmente, havia sido acordada e anunciada a venda das acções do BFA à Sonangol.
A usurpação das acções da Sonangol pela Unitel constitui um acto de flagrante violação da Lei da Probidade por parte de Isabel dos Santos e mais um acto de corrupção apadrinhado pelo seu pai, o presidente da República.
Enquanto empresa participada pelo Estado, através da Sonangol, os gestores e responsáveis da Unitel sujeitam-se também à Lei da Probidade. De acordo com a lei (Art. 15.º, 1.º, I), são considerados agentes públicos os gestores, os responsáveis e os funcionários das empresas participadas pelo Estado.
Isabel dos Santos assumiu as funções de vice-presidente do BFA, em representação da Unitel e, consequentemente, do Estado.
Por essa razão, ao integrar, de forma ilícita, as acções do Estado no seu património privado, Isabel dos Santos está na verdade a cometer o acto de enriquecimento ilícito previsto e punido pela Lei da Probidade (Art. 25º, 1., j) como crime de corrupção.
BIC
No princípio do mês, a imprensa portuguesa noticiou as negociações em curso entre Isabel dos Santos e Américo Amorim para que este venda à primeira os 25 por cento que detém no Banco BIC. A concretização do negócio, segundo a imprensa, garantirá a Isabel dos Santos o controlo de metade do capital do banco.
A julgar pelas declarações da própria Isabel dos Santos, confirmadas por parte da Entidade da Concorrência, a empresária angolana passará a controlar 75 por cento do capital do banco, quer em Angola quer na sucursal portuguesa. O documento da EC, importa reiterar, afirma que Isabel dos Santos “detém uma participação de [<50]% no Banco BIC Angola (através da [CONFIDENCIAL - segredo de negócio relativo à estrutura de participações], detida por si a 100%)”.
Maka Angola apurou que o veículo de investimento de Isabel dos Santos no BIC é a Sociedade de Participações Financeiras, detida por si a 100 por cento.
Oficialmente, o banco tem apresentado a seguinte estrutura accionista: Isabel dos Santos e Américo Amorim detêm 25 por cento do capital social cada um. Segue-se o presidente do conselho de administração do banco, Fernando Teles, com 20 por cento. O grupo brasileiro Ruagest tem 10 por cento. Por sua vez, Sebastião Lavrador, antigo governador do Banco Nacional de Angola e amigo do presidente, bem como os empresários Luís Santos (Soclima) e Manuel Pinheiro Fernandes (Grupo Martal), detêm cada um 5 por cento das acções do banco. O Banco BIC Portugal tem, também, formalmente, a mesma estrutura accionista que o Banco BIC Angola.
Tendo o banco uma quota máxima de 100 por cento, distribuída pelos sócios conforme a descrição acima, há duas hipóteses para explicar os 50 por cento de Isabel dos Santos declarados à Entidade da Concorrência. Primeiro, Isabel dos Santos poderá estar a usar alguns dos sócios, excepto Américo Amorim, apenas como figuras de palha na tutela de mais 25 por cento das acções, que na verdade lhe pertencem. Na segunda hipótese, a Autoridade da Concorrência pode ter-se enganado nos números e prefere manter-se no erro.
Ambas as hipóteses revelam ou a cumplicidade das autoridades portuguesas ou uma desatenção permanente para com a falsidade das estruturas accionistas quer do BIC quer do BFA.
A impunidade de que Isabel dos Santos goza em Angola, por via do poder absoluto e arbitrário do seu pai, o presidente da República, dispensa comentários sobre a ilicitude dos seus actos. A sua vontade é lei e as instituições do Estado sujeitam-se.
Outro exemplo da impunidade de que Isabel dos Santos goza é o facto de acumular funções de responsabilidade em dois bancos rivais. Segundo a Lei das Instituições Financeiras, “os membros dos órgãos de administração das instituições financeiras bancárias não podem, cumulativamente, exercer cargos de gestão ou desempenhar quaisquer funções em outras instituições financeiras bancárias ou não bancárias”.
Isabel dos Santos é cumulativamente vice-presidente do BFA e administradora do BIC. Não parece necessário acrescentar mais nada.
Maka Angola

terça-feira, 20 de maio de 2014

LUANDA: Movimento Revolucionário Angolano 'MRA' denuncia regime de situações para justificar violações contra as vozes descordantes

MRA denuncia regime de situações para justificar violações contra as vozes descontentes

                                      MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO ANGOLANO
                                                                                   N O T A  D E  I M P R E N S A
ASSUNTO: Sob a cumplicidade da Polícia Nacional de Angola, agentes dos Serviços Secretos de Inteligência atentam contra as vidas de jovens activistas cívicos.
O Movimento Revolucionário Angolano (MRA) emite este comunicado de imprensa visando alertar a comunidade nacional e internacional de que tendo em vista a realização de uma manifestação pacífica no dia 27 de Maio deste ano, às 19 horas no Largo da Independência, que cumprindo com os trâmites legais fora comunicado às autoridades, os jovens activistas cívicos Angolanos estão mais uma vez a serem vítimas do regime Angolano, que orquestra situações para ilegamente justificar as violações dos direitos humanos que está a cometer contra as vozes descontentes no País.
As ocorrências dos últimos dias têm sido preocupantes e com maior realçe às incitações de ódio, desconfiança, tendências de “dividir para conquistar”, caluniando e difamando, pondo assim em causa a segurança dos jovens activistas cívicos.
Na noite de terca-feira, 19 de Maio de 2014, três agentes dos Serviços de Inteligência Nacional e Segurança do Estado Angolano (SINSE) deslocaram-se no bairro Chimuku, Município de Viana em Luanda, onde reside um dos jovens activistas cívicos, Manuel Baptista Chivonde Nito Álves, e puseram-se a distribuir uma carta de duas páginas que de maneira difamatória caluniou os nomes mais sonantes do Movimento dos jovens Angolanos, incluindo nomes de figuras políticas bem identificadas.
Durante a distribuição da carta, com contéudo racista e xenófobo, os três agentes foram indagados pelos moradores de Chimuku que exigiram explicações da proveniência das mesmas informações, acção esta que resultou na fuga de dois elementos e na detenção de um dos agentes por aparte de lguns populares de Viana.
O agente detido, José Valente de 40 anos, pai de seis filhos, após ter sido espancado e interrogado pelos moradores de Viana, confessou ser agente do SINSE e que auferia uma remuneração de 138.000.00 Kwanzas.
O surgimento dos jovens activistas no local, garantiu a segurança do indivíduo e a devida comunicação do acto às autoridades policiais daquele município, que chegaram ao local e transportaram o indivíduo até a Esquadra da Polícia no Capalanga, em Viana, mas não sem antes tentarem deter também um dos jovens activistas cívicos, que foi protegido pelos populares.
Do mesmo modo, alguns membros do Movimento Revolucionário no Municipio do Sambizanga também denunciaram a recepção da mesma carta difamatória, distribuida naquela localidade por elementos não identificados.
POLÍCIA NACIONAL DETERMINA NÃO HAVER CRIME, AMEAÇA E ESCURRAÇA JOVENS ACTIVISTAS CÍVICOS
Os jovens activistas cívicos, Manuel Nito Álves, Adolfo Campos e o jornalista Coque Mukuta acompanharam a transportação do detido pela polícia até a Esquadra do Capalanca, com o objectivo de “acusá-lo de conspiração para homicídio”.
Posto na esquadra policial, o novo Comandante da mesma esquadra, que fora simplesmente identificado por “Comandante São”, tratou os activistas cívicos com arrogância e prepotência, tendo-os ameaçado e determinado que não havia sido cometido nenhum crime por parte do detido, apesar de ter sido apanhado em flagrante delito.
Enquanto se simulava a abertura de um processo, o “Comandante São” insistia nas suas imposições, causando tumultos e escurraçando os jovens para for a da Esquadra do Capalanga, chegando a afirmar, sem ter feito nenhumas investigações, de que o detido nem sequer era um agente do SINSE.

O Movimento Revolucionário Angolano condena este acto bárbaro por parte dos Serviços de Inteligência Nacional e Segurança do Estado, e a cumplicidade aberta da Polícia Nacional de Angola.
O MRA vai insistir na exigência do cumprimento da lei e contempla instaurar um processo crime contra o detido José Valente e seus colegas.
Reiteramos que a manifestação: “27 de Maio, Chega de Chacinas em Angola”, cumpre com os trâmites legais e que irá decorrer conforme planeado.
Luanda, aos 20 de Maio de 2014.

domingo, 18 de maio de 2014

LUANDA: Sargento das FAA Desaparecido do Quartel

Sargento das FAA Desaparecido do Quartel

Fonte: Maka AngolaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa 18 Maio, 2014
Desde Fevereiro deste ano que se desconhece o paradeiro do sargento “Kolokota”, carpinteiro de cofragem da Unidade de Construção de Quartéis UBM System  e destacado em missão de trabalho na 20.ª Brigada de Infantaria.

Depois de um telefonema em tom de pânico ao cunhado, desapareceu sem deixar rasto. As Forças Armadas Angolanas (FAA), ao serviços das quais o sargento se encontrava no momento em que desapareceu, não tomaram até ao presente quaisquer medidas de investigação ou de auxílio à família.

Um desaparecimento misterioso

Às 8h00 de 10 de Fevereiro deste ano, os efectivos da 20ª Brigada de Infantaria, estacionada a sete quilómetros a norte da barragem hidroeléctrica de Capanda (província de Malanje), procederam à formatura no quartel, cumpriram o ritual de disciplina militar e dispersaram passado meia hora. O sargento Ferreira Filipe “Kolokota” dirigiu-se à caserna, trocou a farda pela roupa de trabalho e seguiu para a zona de construção do armazém, sempre acompanhado de outros colegas.
Minutos depois, informou os seus colegas de que ia regressar à caserna para guardar a pasta de dentes que trouxera consigo por engano.
Por volta das 9h00, o sargento “Kolokota” telefonou ao seu cunhado Noé da Costa em estado de aflição, dizendo-lhe: “Noé, seu eu desaparecer conta que me mataram.”
“Eu perguntei-lhe, mano, porquê? Estás doente, fizeste algo? O que se passa? Ele respondeu que estava a ser perseguido naquele momento e desligou o telefone”, conta Noé da Costa.
Noé da Costa, guarda de uma empresa privada de segurança, não estabeleceu nova chamada de imediato porque não tinha crédito no telefone. Encontrava-se a caminho de casa, regressando do turno da noite.
Por volta das 10h00, o cunhado restabeleceu contacto com o sargento “Kolokota”. “O mano disse apenas ‘desliga o telefone! Estou na mata, Estou a fugir’. Ele próprio desligou o telefone”, relata Noé da Costa.
“Pensei que fosse brincadeira”, confessa a esposa do sargento, Neusa Costa, ao tomar conhecimento do episódio através do seu irmão Noé.
Desde o dia 10 de Fevereiro passado, o sargento é dado como desaparecido. A reacção das Forças Armadas Angolanas (FAA) é alarmante, como o Maka Angola demonstra a seguir.


Desaparecido não, boa vida sim

No dia 11 de Fevereiro, perto das 11h00, o sargento Bissala, colega, amigo e vizinho da porta ao lado, telefonou de Capanda a comunicar à sua esposa o desaparecimento do sargento “Kolokota”, que, por sua vez, informou Neusa Costa.
A 16 de Fevereiro, Miguel Dinis, sobrinho do desaparecido e agente da Polícia Nacional, dirigiu-se à 20ª Brigada e contactou o tenente-coronel Oliveira, chefe da missão e segundo-comandante da Unidade de Construção de Quartéis.
Segundo Miguel Dinis, “o tenente-coronel  Oliveira indicou-me o sargento Bissala, amigo e vizinho do meu tio, para que eu lhe pedisse explicações”.
O agente contrariou o tenente-coronel: “Eu respondi que não. E disse-lhe: ‘você é o comandante, é o responsável máximo aqui por esses homens, como é que me pede para falar com um sargento igual?’ Isso é que me mete confusão até hoje.”

O sargento Bissala juntou-se à conversa e referiu apenas, segundo o interlocutor, que o sargento “Kolokota” desapareceu quando levava a pasta de dentes para a caserna, como acima descrito.
Frustrada com a falta de informação por parte da Unidade que o enviara em missão de serviço, Neusa Costa deslocou-se à Malanje a 17 de Fevereiro, bem como à referida Unidade. O sargento Bissala reiterou a narrativa dos acontecimentos anteriores ao desaparecimento. Explicou à esposa do seu amigo e vizinho que naquele dia tomaram o pequeno-almoço  e dirigiram-se juntos à formatura, regressaram à caserna para trocar as fardas pelas roupas de serviço juntos e caminharam juntos para o local da construção do armazém. Separaram-se apenas quando “Kolokota” decidiu guardar a pasta de dentes na caserna. Disse ter notado que o colega estava a ser seguido por alguns soldados, mas que não ligou ao assunto.
Para além de relatar este encontro, Neusa Costa refere que alguns oficiais e soldados procuraram desinformá-la com alegações contraditórias de que o seu marido teria ido à região diamantífera das Lundas fazer negócio. “Kolokota” tem um irmão nas Lundas, a quem Neusa Costa ligou imediatamente. O irmão desconhecia a informação e asseverou que o sargento o teria contactado se tivesse realizado tal viagem. Outro sugeriu que o marido tinha desaparecido como resultado de uma dívida de 10,000 kwanzas (US $100). Também lhe disseram que o marido tinha problemas de loucura e que, de vez em quando, desaparecia. Um oficial apresentou uma versão mais rocambolesca à família, segundo a qual o sargento “Kolokota” tinha sido acusado de feitiçaria na aldeia vizinha, após uma altercação com um aldeão, e estava a ser procurado para ajuste de contas.
Durante os quatros dias que passou naquela localidade, Neusa Costa não obteve quaisquer informações fiáveis sobre o que terá sucedido ao marido.

De regresso à Luanda, Neusa Costa dirigiu-se logo ao comando da referida Unidade, ao Quilómetro 30, no município de Viana, em Luanda, defronte do Porto Seco. Neusa Costa falou com o comandante da unidade que lhe terá dito, diante de outros oficiais, “’o teu marido viajou, foi fazer negócio, não se preocupe’”. A esposa refere que, em seis anos de vida conjugal, “nunca vi o meu marido a fazer negócio. Ele também não passava noites fora de casa que não fosse em serviço, e telefonava sempre.”
Em Capanda, a 20 de Fevereiro, Miguel Dinis contactou a Polícia Judiciária Militar, que referiu ter aberto um inquérito sobre o caso, sob instrução do capitão Jone. No entanto, “esse oficial alegou que precisava de um despacho do procurador militar de Malanje, para que o inquérito avançasse”, explica. O capitão informou-a também de que já tinha falado com o tenente-coronel Oliveira, o sargento Bissala e um outro sargento que supostamente concedera um empréstimo de 10,000 kwanzas ao marido. O sargento “Kolokota” aufere 165,000 kwanzas mensais (US $1650).
Durante os meses de Março e Abril, a família continuou a contactar as autoridades relevantes, sem que obtivessem qualquer informação adicional.
A 5 de Maio, Miguel Dinis dirigiu-se à Unidade do desaparecido, onde manteve um breve contacto com o tenente-coronel Yamba-Yamba, chefe de Pessoal e Quadros, na presença do capitão Regresso, chefe da secção de Auditoria.
“O tenente-coronel Yamba-Yamba perguntou-me como estavam a decorrer as investigações e se a família tinha apurado mais alguma coisa sobre o desaparecimento”, revela Miguel Dinis.
Nas palavras do entrevistado: “Eu respondi, ao [tenente-coronel] que a família não abriu um inquérito e não tem investigadores. Disse-lhe que o sargento “Kolokota! não saiu de sua casa para ir passear. Ele foi em missão de serviço do exército e desapareceu dentro de uma unidade militar. Cabe ao exército investigar”.
Persistente, a 9 de Maio, Miguel Dinis contactou um oficial de piquete no Estado Maior General das FAA, que, escusando-se a revelar o seu nome, o aconselhou a divulgar o caso na comunicação social.
Minutos depois, Miguel Dinis dirigiu-se à PJM do Estado Maior do Exército, onde abordou o major Mukongo. Este soube logo de que caso se tratava e facilitou o contacto com o chefe de Instrução Processual da PJM do Estado Maior do Exército, coronel Lourenço. “O coronel disse-me que já há um expediente sobre o caso, na secretaria [da PJM]. Pedi para ter a referência do processo, mas informaram-me de que o mesmo já tinha sido enviado à Capanda.”
Já em Capanda, Miguel Dinis dirigiu-se à PJM, onde conversou com o chefe dessa unidade, major Kimbamba, a 12 de Maio. Este garantiu-lhe não ter recebido qualquer expediente de Luanda.
Fonte das FAA que acompanha o caso, falando sob anonimato, explica que o mesmo se mantém como “uma incógnita” para o exército. A mesma fonte cita a narrativa da pasta de dentes, precedente ao desaparecimento, e exorta as qualidades do sargento Kolokota como  “um homem calmo, pontual e cumpridor”.

LUANDA: Seminário de Formação de Quadros CASA-CE

Seminário de Formação de Quadros CASA-CE
Fonte: CASA-CE
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
17.05.2014
Terceiro dia de Formação e partilha de conhecimentos e experiências.
Neste sábado, 17, foram administradas como materias: Noções Gerais sobre Economia; Noções Gerais sobre Direito Constitucional; Noções Gerais sobre Direito Administrativo; Noções Gerais sobre Comunicação e Marketing e Noções Gerais sobre Secretariado. O ambiente é de pura Academia onde se põe a prova a postura do Homem novo ante os desafios do presente e seu posicionamento numa perspectiva de governação num porvir não longinquo.  No decurso das aulas são levadas para debates e análises realidades conjunturais e são chamados alguns formandos para simularem soluções ou emitirem pareceres. Por exemplo, neste sábado, o já considerado fracasso do arranque do CENSO, em função das garantias dadas, esteve muito em voga.
Intervalos, almoços e conversa amena e de camaradagem entre companheiros que se conhecem por via das redes sociais, faz também parte do Menu do Seminário.
Amanhã as aulas ou os debates prosseguem. Recordamos que o regime implantado é o Não Stop, até 28 de Maio, considerando que: 29 e 30 tem lugar a Reunião do Conselho Deliberativo Nacional.
       

sexta-feira, 16 de maio de 2014

CARTUM: Sudanesa condenada á morte e mais á mais 100 chicotadas por converter-se ao cristianismo

Sudanesa condenada à morte e a 100 chicotadas

Fonte: Voanews
Divulgação: Planalto De Malanje rio capôpa
15.05.2014
TAMANHO DAS LETRAS 
Um tribunal de Cartum condenou hoje, 15, uma mulher de 27 anos por enforcamento, tendo sido acusada de apostasia (renúncia à anterior religião) e adultério.

Mariam Yahya Ibrahim Ishag, nasceu muçulmana, mas decidiu trocar o Islão pelo Cristianismo. Casada com um cristão, encara agora a pena de morte e cem chicotadas por se ter casado com um homem não muçulmano.

A Amnistia Internacional e as embaixadas dos Estados Unidos, Holanda, Canadá e Reino Unido apelaram à libertação de Mariam, mas sem efeito.

Segundo o tribunal, foi dado um prazo de três dias para que Mariam, grávida de oito meses e com um bebé de colo, voltasse ao Islão, mas a jovem não aceitou.

O regime islamita sudanês introduziu a lei islâmica ('sharia') em 1983,  mas os castigos extremos, além da aplicação de chicotadas, são raros.

Falando à AFP, o ministro da Informação sudanês, Ahmed Bilal Osman, diz que este não é um caso exclusivo do Sudão: "Na Arábia Saudita, em todos os países muçulmanos, é proibido mudar de religião".

PARIS: Somos raparigas, somos negras!, diz Celine Sciamma, que é branca

Somos raparigas, somos negras!, diz Céline Sciamma, que é branca

Abertura eufórica da Quinzena dos Realizadores com Bande de Filles. O corpo delas a falar pela banlieue.
Céline não é negra, mas as personagens do seu filme, Bande de Filles, e as suas exuberantes actrizes, que subiram com ela ao palco na sessão de abertura da secção Quinzena dos Realizadores, são. Mas Céline faz corpo com o bando, tudo nos seus filmes participa de uma forma de ligação sensual ao grupo, quer seja em La Naissance des Pieuvres (2009), em que o desejo homossexual irrompia no seio de uma equipa de natação sincronizada, ou em Tomboy(2013), história de uma menina que se fazia passar por rapaz durante um Verão para pertencer ao bando de miúdos do bairro.
Tem sido assim na vida de Céline, das manifestações à forma como participa como consultora dos argumentos dos amigos realizadores passando pela equipa de futebol feminino que criou com as amigas (e em que participa Marie Amachoukeli, uma das realizadoras de Party Girl, o filme que abriu a secção Un Certain Regard).
Céline diz sentir um élan forte por “essa forma de encarnação muito física do político”. Se há élan em Bande de Filles está aí, precisamente, na evidência dos corpos, na forma como falam. Esta é a história do desabrochar de uma adolescente de um bairro da periferia parisiense - pai ausente, mãe afogada pela necessidade de trazer dinheiro para casa, irmã mais pequena para cuidar, irmão com a missão de velar pela respeitabilidade familiar, o que o torna às vezes alguém activo em tornar o ambiente caseiro disfuncional. Até que Marieme encontra três bad girls vestidas pelo rock’n’roll e desfrisadas pelo R’n’B e que lhe propõem uma viagem até ao centro, Paris. A viagem vai mudar tudo, até o nome de Marieme, que se passará a chamar Vic, de Victory.
E assim é como se La Haine, de Mathieu Kassovitz, filme que explodiu aqui em Cannes há quase duas décadas, fosse actualizado pelo romantismo que engrandece as mulheres dos filmes de Jane Campion. Num cenário, a banlieueparisiense, que participa da realidade mas que a ultrapassa, fazendo dele uma tela em branco onde é possível investir com uma arquitectura de cores e sensualidade. Um pós-qualquer coisa também, depois dos filmes sobre abanlieue com rapazes, um filme na banlieue com raparigas. Não é só o género que muda, há qualquer coisa da ordem da superação na forma de juntar os temas do costume para falar da banlieue: o corpo delas a tomar posse de Diamonds, de Rihanna, é assim que o filme fala.
Diz-se que Céline Sciamma é das mais enérgicas realizadoras da sua geração, começa a estar em todo o lado e neste momento está a escrever o argumento do próximo filme de André Téchiné. A recepção a Bande de Filles na abertura da Quinzena foi empática e física. Estes devem ser momentos intensos para um cineasta. Mas a experiência da euforia é sempre triste, porque traz consigo um sabor a fim. Apesar da exuberância à flor da pele (ou se calhar por causa dela), Bande de Filles é um filme que não consegue prometer que vai ficar connosco para todo o sempre.
Essa foi uma experiência de empatia, de euforia – condenadas que possam estar. Captive, de Atom Egoyan (concurso), é qualquer coisa próxima do grotesco. Alguém diz no filme, uma personagem a outra, quando esta desenvolve uma teoria qualquer sobre um rapto, que ela andou a ver muitos filmes. Atom Egoyan andou a ver muitas séries de televisão, dessas que normalizam o vírus Twin Peaks dentro delas.
No papel, um projecto que promete: examinar como o passado (um rapto) marca ao longo de vários anos a vida de várias personagens, dos pais da vítima ao casal de investigadores encarregues do caso, passando pela própria vítima e pelo seu raptor. O passado e o trauma é um tema de Egoyan, como a violação da privacidade, como o voyeurismo… Tudo isto está aqui, mas com a velocidade das rotinas, com a convicção apenas do plot e de como levá-lo até ao fim – e o fim, em que o filme parece apodrecer a sua própria rotina, é mesmo a desagregação de todas as hipóteses de poder ser convencido (experiência, pelo menos, este espectador).
                                

MOXICO: Tribunal da província do Moxico condenou assassinos do soba Chimbidi

Tribunal do Moxico condena assassinos do soba Chimbidi

Fonte: Maka AngolaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa15 Maio, 2014
O Tribunal Provincial do Moxico condenou, ontem, o primeiro-secretário do MPLA, Alberto Tchinongue Catolo, e o soba Cangamba, António Kanguia Candimbo, a seis anos de prisão pela autoria moral do assassinato do soba Augusto Chimbidi.
Por sua vez, os irmãos Masseca, Arão e Eliseu, foram condenados a 14 anos cada, em penas cumulativas, como executores do homicídio e por terem incendiado a residências da vítima e de um sobrinho seu.
Dois outros réus, Manuel e Diamantino Angelino, receberam penas de sete anos e 14 meses respectivamente, pela sua participação na agressão fatal ao soba.
No seu despacho de sentença, o juiz Pereira da Silva condenou também o comandante municipal da Polícia em Cangamba, Manuel N’doje Ijita Cawina, a dois meses prisão, transformados em multa, pela sua participação na trama da adivinhação que serviu de base para a ordem de assassinato do soba. O juiz concluiu que o comandante da Polícia não ordenou o assassinato, mas proibiu que os agentes policiais interviessem para salvar o soba Chimbidi, que foi linchado em praça pública a 9 de Novembro de 2012. Espancado e esfaqueado múltiplas vezes na cabeça e no corpo, o soba acabou por falecer no dia seguinte.
A ordem de ataque contra o soba  Augusto Chimbidi partiu do primeiro-secretário do MPLA e do soba Cangamba, depois de o terem acusado de feitiçaria. O caso teve origem num triângulo amoroso e acabou como vingança política. O comandante Manuel Cawina era o protagonista desse triângulo amoroso, que envolvia uma sobrinha casada do primeiro-secretário do MPLA. O soba nada tinha que ver com o assunto, mas era inimigo político do responsável local do MPLA e do soba Cangamba, que lhe queria o poder de autoridade tradicional máxima em Cangamba. O Maka Angola conta a história em pormenor aqui:http://bit.ly/1iZh6bF
Na leitura da sentença, o juiz atenuou a pena de prisão aplicada ao político e ao soba, por considerar que ambos têm uma convicção arreigada na feitiçaria. Aduziu a idade avançada de Alberto Catolo, 64 anos, e o facto de ambos terem sido apenas autores morais.
O primeiro-secretário e o soba foram ainda condenados a pagar, cada um, uma indemnização de um milhão de kwanzas (US $10,000) à família da vítima, enquanto aos outros condenados se ordenou que pagassem uma indemnização conjunta de quatro milhões de kwanzas (US $40,000).
Zola Bambi, advogado de acusação, manifestou ao Maka Angola a sua satisfação pelo veredicto.
“O mais importante era transmitir à sociedade, no Moxico, que existem leis e que não se deve fazer justiça por mãos próprias. Foi um grande julgamento contra o obscurantismo e a ignorância”, disse.
O advogado considerou também que a decisão, tomada pelo juiz, de proceder ao julgamento e a consequente condenação constituem uma mensagem forte para os órgãos de investigação criminal no Moxico. “A investigação criminal deve ater-se aos procedimentos legais. A instrução do processo estava eivada de vícios e foi uma luta titânica dos activistas locais contra tais vícios para que o processo avançasse”, afirmou Zola Bambi.
Ernesto Guilherme, representante da Associação Mãos Livres no Moxico, cujo empenho foi instrumental para a prossecução do caso, referiu ao Maka Angolaque a sentença “é um triunfo dos que lutam pelo bem”.
“A maioria que defende o mal pensava que o assassinato do soba seria como a morte de uma galinha, algo banal”, comentou.
O activista dos direitos humanos minimizou a leveza das penas aplicadas, reafirmando que a condenação do dirigente do MPLA foi em si um acto significante contra a impunidade e parabenizando o juiz pela sua coragem.
Na sessão de leitura da sentença, estiveram presentes o governador provincial do Moxico e o comandante provincial da Polícia Nacional, respectivamente João Ernesto dos Santos “Liberdade” e o comissário Filipe Hespanhol.

Correcção:Por lapso, o Maka Angola referiu-se ao soba assassinado, Augusto Chimbidi, pelo nome do seu filho António Catote, que prestou declarações ao Maka Angola. Ambos os filhos, António e Augusto Chimbidi (este último com o mesmo nome que o pai) testemunharam o crime.