segunda-feira, 18 de agosto de 2014

NAMIBE: Uma semana de xinguilamento para o MPLA no Namibe

“Uma semana de Xinguilamento para o MPLA no Namibe”, como alguém dissera.
Parabéns namibenses mais um Farol dos oprimidos acendeu daquele Porto na resistência contra os opressores. Estamos na direcção certa com o Timoneiro ideal e resoluto.
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O MPLA no Namibe mesclou o pânico e o medo pelo povo que diz: “BASTA”.
Travar a fúria do povo oprimido é o mesmo que tentar travar o vento com as mãos.
Os governantes do MPLA no governo do Namibe, violando e atropelando tudo quanto são as leis da Constituição e as normas de conduta republicana numa governação a imagem de um Estado de Direito_ talvez não seja este o caso de Angola, usaram as viaturas do Estado (de todos os angolanos) para o folclore da Passeata exclusiva (MPLA) do dia 16 de Agosto, sábado, a tentar contrariar a verdade insofismável do fervor natural, simplesmente expontâneo, sem nenhuma pressão, demosntrado de forma afável pela população da extensão da província do Namibe “Chivukuvuku Bem-vindo ao Namibe, sinta-se como o filho mais querido”, gritavam as mulheres e jovens nas ruas.
O MPLA assustado com um facto não esperado _ o dos milhares de cidadãos a aclamar por Chivukuvuku em todas as ruas, praças e quiça no interior das casas e outros lugares públicos.
Uma coisa é certa, deixou-se as impressões digitais da CASA-CE impressas no Namibe e doravante indeléveis, indestrutíveis, com cidadãos conscientes e imparáveis.
O Governo lançou contra a manifestação de jubilo dos namibenses, mais de 100 viaturas, grande parte JEEP’s novinhos em folha, certamente retirados do Parque do Governo, que deveria ser de todos nós, e desfilaram com o Administrador Municipal do Namibe à testa, o impetuoso João Guerra. “Esta exibição musculada, marxista – leninista intimidatória já está usada, desgastada. Estamos num tempo novo, de democracia, de civilização, não de brutalidade”, disse o jovem universitário, José de Almeida no Namibe.
Mas, como se tem dito, “travar a fúria de um povo oprimido, e ciente disso, é o mesmo que tentar travar o vento com as mãos”. O Povo Angolano está farto quer o Novo.
A passagem de Abel Chivukuvuku pelos municípios da província do Namibe mudou completamente o figurino político. A CASA afirmou-se, legitimou-se e se agigantou em todas as dimensões.
As imagens em evidência não podem mentir...​

domingo, 17 de agosto de 2014

LUANDA: As quatro torres da Escon, em Luanda

As quatro torres da Escom, em Luanda

Fonte: Maka Angola/Rafael Marques de MoraisDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa17 de Agosto de 2014
Há dias li, no Diário Económico, a firme reacção do arguido Ricardo Salgado, empenhado em defender a sua honra e dignidade, bem como a da sua família, por ter passado, aos olhos da opinião pública, de banqueiro a bandido. É o caso do colapso do Banco Espírito Santo, de que foi presidente.
Lembrei-me, inevitavelmente, da honra e da dignidade das famílias angolanas cujo sofrimento também tem sido agravado pelo conluio da família Espírito Santo com a cleptocracia de um outro Santo(s) que governa Angola, no saque do país.
Decidi reler uma secção da minha dissertação de mestrado em Estudos Africanos (Universidade de Oxford, 2009), sobre “A transparência do saque em Angola”. Esta secção, que analisava o investimento estrangeiro e o mercado do conluio, visava, como maior exemplo, o Banco Espírito Santo e a Escom, em Angola. Estruturei a transparência do saque como o modelo segundo o qual os dirigentes, de forma aberta e arrogante, transferem bens e fundos do Estado para si mesmos e/ou para seus familiares, praticando assim às escâncaras o enriquecimento ilícito. Esta transparência invertida refere-se também ao modelo de negócios em que contratos multimilionários do Estado são atribuídos a empresas detidas ou participadas por dirigentes e seus familiares, sem quaisquer receios legais ou políticos. “Os cães ladram, a caravana passa”: assim pensam e agem os dirigentes políticos angolanos e seus beneficiários.
Na minha dissertação, identifiquei nove áreas críticas que conformam a transparência do saque: privatização do Estado; transformação do MPLA em sociedade comercial; petróleos; diamantes; banca; segurança privada e privatização das lideranças militares; família presidencial e seu círculo restrito; legislação em vigor; e, finalmente, investimento estrangeiro e mercado do conluio.
Em tempos áureos, o Grupo Espírito Santo, através da Escom e do Banco Espírito Santo Angola (BESA), destacou-se neste país pela posição que ocupava e por exercer uma influência transversal em todas essas áreas críticas acima identificadas. Por esse motivo, detive-me um pouco mais a analisar de que forma, dentre os seus inúmeros negócios em Angola, o grupo se tinha apressado a criar três empresas no Zaire em parceria com o então governador provincial, general Pedro Sebastião. A Escom tinha, sem dúvida, a habilidade e o poder de comandar generais nos negócios da corrupção e do branqueamento de capitais. Ministros e outras figuras de proa aguardavam na fila pela sua vez. A família presidencial Dos Santos e os seus colaboradores mais próximos tinham ali um aliado reputado no mundo das finanças internacionais, por um lado, e uma excelente lavandaria, por outro.
Resumo da Dissertação
A competição, em Angola, não ocorre ao nível do mercado mas no seio das instituições do Estado, responsáveis pela alocação e transferência de recursos e contratos e detentoras do papel de reguladores. Outrossim, a sobreposição de funções dos membros do governo, parlamentares e magistrados, enquanto decisores, reguladores e principais empresários do país introduz apenas uma mudança conceptual, mas significativa, da época professa da economia centralizada do marxismo-leninismo: a economia permanece centralizada, ainda que já não sob controlo do Estado, mas antes nas mãos dos dirigentes.
O académico Ronen Shamir defende que o mercado não deve ser desprovido de valores éticos, como a honestidade e as virtudes morais. Shamir reitera a noção, arremetendo para Foucault, de que os negócios empresariais podem reclamar uma certa isenção moral, uma vez que há outros mecanismos sociais, particularmente o governo. Este assume a responsabilidade de gestão das populações e dos recursos na provisão do bem-estar e da segurança. Desse modo, um governo nacional deve assumir e representar os interesses colectivos da sociedade, actuando como “o agente sócio-moral na regulação do Mercado e na provisão directa de serviços.”
Todavia, a competição internacional pelas riquezas de Angola eclipsou essa dimensão moral. Há uma corrida desenfreada na busca directa de parcerias com os mais poderosos da classe dirigente. 
As empresas estrangeiras, em particular as portuguesas, procuram de modo febril estabelecer a sua posição nos processos de tomada de decisão que afectam a distribuição de recursos e contratos, e respectiva gestão. Fazem-no de modo a não apenas maximizarem os seus lucros mas também para agirem livres de quaisquer responsabilidades morais, restrições políticas ou legais.
Um caso paradigmático de profunda infiltração nas estruturas do poder em Angola é o Grupo Espírito Santo. Através da sua subsidiária em Angola, a Escom, tem parcerias com o governador do Zaire, general Pedro Sebastião, para beneficiar do projecto bilionário de gás liquefeito natural (LNG-Angola). O general detém 52.5 por cento da quota em cada uma das empresas criadas em parceria com a Escom, nomeadamente a Soyo Investimentos, a Imozaire e a Turisoyo. Estas empresas foram criadas para intervir nos sectores da construção, do urbanismo, da assistência técnica e do imobiliário. No Zaire, a Escom mantém, há já muitos anos, um contrato de exclusividade com o governo provincial para a gestão, a manutenção e o abastecimento do sector de saúde. A Escom tem ainda uma participação na empresa pesqueira Starfish, juntamente com o ex-governador de Benguela, general Armando da Cruz Neto, entre outros influentes generais. A teia de interesses comerciais com a elite, por parte desse grupo,estende-se à aviação, à comunicação social e à banca. O grupo tem ainda uma parceria com o Grupo Gema para uma fábrica de cimento, a Palanca Cimentos, na província do Kwanza-Sul.
Durante a época marxista-leninista (1975-1989), o saque dos bens do Estado não podia ser legalizado. No entanto, hoje, sob a bandeira da liberalização da economia, as famílias reinantes dedicam-se a legitimar aquilo que pilham do Estado através de parcerias com investidores estrangeiros que gozam da protecção política e diplomática dos seus países.
Em Abril de 2009, o governo angolano aprovou um acordo com Portugal para a promoção e protecção mútua de investimentos, anunciado como a chave para a criação de um clima de confiança e para a melhoria das relações económicas entre os dois países.
As consequências dessa “liberalização” foram pressagiadas, em 1999, pelo próprio presidente José Eduardo dos Santos como um risco ora materializado: a concentração das riquezas do país nas mãos de algumas famílias, sobretudo a sua, em conluio com interesses económicos estrangeiros. 
Desse modo, as formas de soberania, assim como as regulações políticas e económicas, foram alteradas muito para além da eliminação de “fronteiras entre o público e o privado, entre o económico e o político e entre o lícito e o ilícito”, conforme argumento da estudiosa francesa Beatrice Hibou. 
O entusiasmo pelas oportunidades de negócio em Angola, através de parcerias com os detentores de poder, sem reservas sobre os conflito de interesses e as ilegalidades resultantes desses actos, tem consolidado o que Achille Mbembe chama de “privatização da soberania”. 
Em conclusão apropriada, diria apenas: honra e dignidade para todos.

sábado, 16 de agosto de 2014

LUANDA: Policia do regime impede manifestação em Luanda

Polícia impede manifestação em Luanda

Organizador preso à porta de casa e vários manifestantes detidos
Uma anterior manifestação em Luanda
Uma anterior manifestação em Luanda

Fonte: Redacção VOA
Distribuição: Planalto De Malanje Rio Capôpa
A polícia angolana  prendeu várias pessoas e impediu a realização de uma manifestação em Luanda para protestar hoje, 16, contra as condições de vida nos bairros pobres do país, os conhecidos musseques.
O nosso correspondente em Luanda disse que logo pela manhã a polícia deteve um dos organizadores, António Kakiesse António.
Polícia impede manifestação em Luanda 

António foi preso à porta de casa  por indivíduos à paisana cuja identidade se desconhece. Não se sabe também onde ele se encontra.
Várias outras pessoas foram presas algumas horas mais tarde quando tencionavam iniciar  a marcha
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RIO DE JANEIRO: Mulher alega ser mãe de Blue Ivy, filha de Beyoncé e Jay-Z

Mulher alega ser mãe de Blue Ivy, filha de Beyoncé e Jay-Z


Fonte: MSN-Informação
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
17.08.2014
MAIS: Nada de rixa! Rihanna pode participar de remix com Beyoncé
Por FAMOSIDADES
RIO DE JANEIRO – Tina Seals entrou na justiça de Manhattan, nos Estados Unidos, em julho contra Beyoncé e Jay-Z. A mulher alegou ser a mãe biológica da filha do casal, Blue Ivy, de dois anos, e pede reconhecimento de maternidade.
Ela ainda processou o governo norte-americano em US$ 5 milhões (cerca de R$ 11 milhões) por ser considerada uma desertora do Congresso dos EUA, segundo o site “The Hollywood Gossip”.
No entanto, esta não é a primeira vez que Tina acusa famosos em processos semelhantes. Kanye West, Janet Jackson e até Kate Middleton já foram vítimas da mulher.
Ela chegou a afirmar que era mãe de um rapaz de 22 anos com West, do três filhos do “Rei do Pop” - Prince, Paris e Blanket – e até mesmo do príncipe George, fruto do casamento de príncipe William e Middleton.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

LUANDA: Jovens voltam a protestar este sábado em Luanda capital de Angola

Jovens voltam a protestar este sábado em Luanda

Polícia diz que podem manifestar-se se não provocarem distúrbios nem ofenderem o presidente da República.
Fonte; Voanews/Coque Mukuta
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
Os jovens activistas angolanos que se têm notabilizado por protestos contra o Governo angolano vão mais uma vez manifestar-se este sábado no âmbito do projecto denominado Movimento das Manifestações nos Musseques.
Jovens angolanos voltam a protestar este sábado em Luanda 
Depois de Viana, os jovens prometem protestar este sábado no Município do Belas na zona do do Golf II.
Segundo os jovens, as manifestações nos municípios visam sensibilizar as populações para o conhecimento dos seus direitos.
Uma fonte do Comando Provincial de Luanda, da Polícia Nacional, disse que os jovens apenas poderão protestar caso não provoquem desordem nem ofendam o bom nome do presidente da República José Eduardo dos Santos, caso contrário serão mais uma vez levados para fora da cidade de Luanda.
António Caquisse António afirma ter tudo preparado para a realização da manifestação este sábado a partir das 9 horas.
O activista afirma ainda que foram mobilizados todos os munícipes do Belas e não só. 
“Convidamos todos os munícipes do Cazenga e não só, e pensamos que todos os moradores de Luanda podem e devem participar até porque a união faz a força”, disse.
Esta decisão foi tomada apesar de a polícia angolana ter impedido a última manifestação do denominado Movimento das Manifestações nos Musseques (MMM) e preso alguns dos participantes para depois soltá-los a centenas de quilómetros da capital.

LISBOA: Morte do candidato a presidência da republica do Brasil Eduardo Campos suspende campanha para as presidências em terras de Vera Cruz

Morte de Eduardo Campos suspende campanha para as presidenciais no Brasil

O candidato socialista morreu na queda do jacto privado onde seguia. A sua candidata à vice-presidência é o nome mais apontado para o substituir
EVARISTO SA/AFP
A morte de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e candidato à presidência pela coligação “Unidos pelo Brasil”, deixa em suspenso a campanha eleitoral e introduz um enorme grau de incerteza na corrida. Marina Silva, a sua parceira de coligação e candidata à vice-presidência, é o nome mais apontado para o substituir à frente da candidatura.Considerado um dos políticos mais promissores da sua geração, Eduardo Campos, de 49 anos, foi uma das sete vítimas da queda de um jacto privado sobre uma área residencial de Santos, no estado de São Paulo, ao final da manhã de quarta-feira. As causas do acidente, que poderá estar relacionado com o mau tempo, ainda estão a ser apuradas — a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, sua adversária política na campanha em curso, pediu ao governador de São Paulo para “agilizar” todos os meios necessários para uma investigação célere.
O candidato viajava do Rio de Janeiro, onde segundo os comentadores políticos tinha “brilhado” numa entrevista no Jornal Nacional da rede Globo, para a cidade de Santos, no litoral paulistano, onde tinha presença marcada num evento ligado à exportação. A bordo do Cessna 560 XL, com lugar para dez passageiros, seguiam dois assessores da campanha, Pedro Valadares e Carlos Percol, um fotógrafo, um operador de câmara e dois pilotos. Nenhum dos passageiros sobreviveu ao acidente, que fez pelo menos sete feridos nos edifícios atingidos pelos destroços do avião.
A ex-senadora e antiga candidata presidencial Marina Silva, que se juntou oficialmente à “chapa” liderada por Campos em Abril, também deveria ter seguido no avião que se despenhou, mas acabou por viajar para São Paulo num voo comercial. A candidata ficou em estado de choque com a notícia e recusou fazer qualquer declaração — vários dirigentes políticos brasileiros, e até o irmão de Eduardo Campos, António, consideram que Marina deverá assumir a candidatura e prosseguir o combate iniciado pelo popular político pernambucano.
Segundo o Supremo Tribunal Eleitoral do Brasil, a substituição de nomes nas candidaturas já homologadas está previsto no artigo 61, que prevê a eventualidade de falecimento. A autoridade eleitoral informou que a campanha tem um prazo de dez dias para definir o nome de um novo concorrente, que pode pertencer a qualquer um dos seis partidos inscritos na coligação “Unidos pelo Brasil” — PSB, PPS, PHS, PRP, PPL e PSL.
O PSB, onde Marina Silva se filiou para entrar na candidatura, tem prioridade na indicação do novo candidato. Como escrevia a Folha de São Paulo, Marina “pode assumir a campanha presidencial caso esta seja a vontade da coligação”. A maioria da aliança tem de aprovar a escolha, mas a substituição não exige a realização de uma nova convenção partidária, e pode ser feita “em reunião com maioria absoluta das executivas dos partidos que compõem a coligação”, acrescenta o diário.
Dirigentes da cúpula do PSB disseram a vários jornais que este ainda não é o momento de pensar na substituição. “Estamos tão transtornados com a notícia que ainda ninguém parou para pensar sobre o que vai acontecer. Ainda é cedo para isso”, declarou o deputado federal Júlio Delgado, do PSB de Minas Gerais.
A Presidente Dilma Rousseff decretou um luto nacional de três dias. Candidata à reeleição, e favorita à vitória nas sondagens, Rousseff cancelou toda a sua agenda política e fez saber que iria viajar até ao Recife, acompanhada por Lula da Silva, para participar nas homenagens fúnebres.
O candidato presidencial do PSDB, Aécio Neves, que era amigo de Eduardo Campos, deixou a região do Nordeste, onde se encontrava em campanha e rumou a São Paulo. Neves perdeu a voz ao ser informado do acidente que vitimou o concorrente do PSB: “Meu Deus, nem me consigo levantar da cadeira. Preciso de respirar fundo”, reagiu, quando os jornalistas lhe deram conta da notícia.
Os partidos políticos brasileiros suspenderam todas as suas iniciativas eleitorais. Numa nota oficial, o Partido dos Trabalhadores manifestou o seu “imenso pesar” pelo falecimento do ex-governador do Pernambuco e anunciou o cancelamento “de todas as actividades públicas referentes à campanha eleitoral de 2014 nas esferas nacional, estadual e municipal, em manifestação de luto com duração de três dias”.
Eduardo Campos, economista, deputado estadual e federal, ex-ministro da Ciência e Tecnologia no Governo de Lula da Silva e presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), foi eleito governador do estado de Pernambuco em 2006 — um cargo que também foi exercido pelo seu avô, Miguel Arraes, figura histórica da resistência à ditadura militar (1964-1985) e que também morreu a 13 de Agosto (de 2005).

LUANDA: As prioridades diplomáticas do ditador angolano José Eduardo dos Santos, os negócios e os discursos impróprios para consumo interno e externo.

As Prioridades Diplomáticas do Presidente, os Negócios e os Discursos

Fonte: Maka Angola/Rafael Marques de MoraisDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa 11 de Agosto de 2014
Desde Dezembro passado, três grandes eventos internacionais vincaram o carácter de estadista do presidente José Eduardo dos Santos: o funeral de Nelson Mandela, a Copa do Mundo de Futebol e a Cimeira de Líderes dos Estados Unidos da América e África. Pessoalmente, o presidente preferiu ir apenas à abertura do Mundial de Futebol. A forma como o presidente estabelece as suas prioridades pessoais e as do cargo que exerce, em nome de todos os angolanos, merece por isso uma breve análise.
Em Dezembro passado, mais de 90 chefes de Estado e de Governo do mundo inteiro convergiram em Joanesburgo, na África do Sul, para prestar a última homenagem a Nelson Mandela. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez-se acompanhar dos seus antecessores George Bush, Bill Clinton e Jimmy Carter. A grande maioria dos líderes africanos juntou-se igualmente à cerimónia histórica. Do lado europeu, Angela Merkel e vários outros líderes de nomeada marcaram presença.
O presidente angolano, que procura chamar a si a liderança e o grande feito de ter derrubado o regime do Apartheid na África do Sul, destacou-se no evento pela sua ausência. De acordo com a narrativa oficial propagada por Dos Santos, o movimento mundial anti-Apartheid, que incluiu sanções económicas, diplomáticas e desportivas contra o regime de Botha, bem como todos os países que prestaram apoio directo ao ANC, pouco ou nada fizeram efectivamente. O grande feito contra o Apartheid, segundo a propaganda oficial angolana, foi a batalha que se travou no Cuito-Canavale, em 1987, onde o exército sul-africano perdeu 31 homens e três tanques. Contudo, na realidade, essa batalha ocorreu na sequência do fracasso da ofensiva militar das então FAPLA contra Mavinga. Na perseguição às tropas governamentais, que se retiravam para a base de apoio do Cuito-Cuanavale, as forças coligadas da UNITA e da África do Sul foram surpreendidas por uma barreira defensiva montada pelos cubanos e debandaram.
Recordemos, contudo, que o presidente marcou presença no Campeonato do Mundo de Futebol, que se realizou em Junho passado, no Brasil. À margem dos jogos, o presidente teve um encontro privado com a presidente do Brasil, Dilma Roussef, e assinou acordos bilaterais.
E, no entanto, José Eduardo dos Santos vincou a sua posição como o grande ausente da Cimeira América-África, promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e que atraiu, neste mês de Agosto, mais de 45 chefes de Estado e de governo africanos.
Em defesa de José Eduardo dos Santos, podem assacar-se três argumentos de peso.
Primeiro, sobre o funeral de Nelson Mandela: a título pessoal, Dos Santos nunca demonstrou simpatia pelo ícone sul-africano e, na altura, apoquentavam-no alguns problemas de saúde. Ademais, com tantos líderes mundiais atraindo os holofotes, o presidente não tinha como retirar quaisquer dividendos políticos ou de imagem com a sua participação nas exéquias fúnebres de Mandela. A sua estatura política teria sido diluída naquele evento.
Segundo, por questões protocolares, a cimeira de Washington não incluía encontros bilaterais entre Obama e os chefes de Estado africanos. O presidente Dos Santos anseia há muito por um encontro privado com Obama, e esta seria a oportunidade perfeita. A administração americana entendeu que tal encontro não seria possível à margem da cimeira, para não discriminar outros estadistas africanos. Aqui assentava a grande jogada: um encontro a sós mostraria que o presidente Dos Santos é muito mais importante do que outros líderes africanos, por junto e atacado.
Todavia, Obama enviou o seu secretário de Estado, John Kerry, a Angola, de modo a realçar a importância regional do presidente José Eduardo dos Santos e, com esse gesto diplomático, convencê-lo a participar na Cimeira. A diplomacia americana foi ao extremo de evitar quaisquer encontros com a oposição, como tem sido hábito, para manifestar o seu empenho em agradar a Dos Santos. Ainda assim, Dos Santos preferiu enviar à Cimeira o seu vice-presidente, Manuel Vicente.
José Eduardo dos Santos é astuto. Aguarda por um convite de Obama para visitar a Casa Branca. Essa visita permitiria relançar a imagem internacional do presidente angolano como um grande estadista mundial. E, para consumo nacional, isso bastaria.
A cimeira dos líderes dos Estados Unidos e África serviu mais para reafirmar a vontade da administração americana em estabelecer um maior engajamento com os países africanos, ao nível dos negócios, assim como alcançar no continente um maior nível de influência.
Dando seguimento à tradição democrática americana, a administração de Barack Obama organizou um evento paralelo para a sociedade civil africana, no Departamento de Estado. Esse fórum serviu para abordar e discutir questões como os direitos humanos, a democracia, a justiça económica e social, a transparência e outros temas acerca dos quais, em boa verdade, grande parte dos líderes africanos prefere não ouvir falar, apesar de serem essenciais para o bem-estar e o desenvolvimento humano dos seus concidadãos. Como prova do seu interesse em promover, concomitantemente, tais valores, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o secretário de Estado, John Kerry, falaram aos activistas africanos. Os presidentes do Ghana e da Tanzânia, por exemplo, participaram nessa sessão e responderam, descontraídos, às perguntas de vários cidadãos africanos.
Já o presidente José Eduardo dos Santos tem uma grande lacuna, a qual apenas sabe gerir por meio de ausências e de silêncios. Dos Santos não se sente à vontade a falar publicamente sobre as questões que preocupam os angolanos, e muito menos sobre África ou o mundo. O presidente precisa sempre de um discurso escrito e, de preferência, simples. O maior exemplo desta lacuna foi a entrevista que deu à estação de televisão SIC, em Junho de 2013. Na entrevista, o presidente demonstrou que domina a mentalidade do povo; no entanto, mesmo na resposta a questões com notas escritas, Dos Santos provou igualmente a sua incapacidade em discorrer sobre os dossiês do país, tal a incoerência e gratuitidade dos seus actos políticos e de gestão.
Em contraste, o presidente é mais espontâneo, descontraído e sorridente quando aparece na televisão a aplaudir, da plateia, os concursos de Miss Angola, nos quais tem marcado presença religiosamente. Ah! os eventos musicais também exercem um efeito tonificante sobre o estado de espírito do presidente.
Porquê? Porque nos eventos de entretenimento o presidente não tem de fazer cerimónias para projectar a sua imagem, não tem de discursar nem de falar ao público. Acima de tudo, não tem de justificar nada. Só tem de sorrir e acenar. E tudo continua na mesma.