Luanda - Elementos afectos a Direcção Nacional de Investigação Criminal(DNIC), dispararam, bárbara e mortalmente, em quatros jovens, no pretérito dia 12, no Bairro Augusto Ngangula, na comuna do Kikolo, município do Cacuaco.
Fonte: O Crime
Divulgação: Planalto De malanje Rio Capôpa
24/12/2014
Efectivos da Polícia semeiam luto no cacuaco
As vítimas, identificados pela nossa equipa de reportagem por, Amaral Deca, Mateus Vicente, Pai King, de 19, 22 e 23 anos respectivamente, tiveram mortes imediatas, tudo porque foram atingidas mortalmente na região do tórax e na cabeça, com vários tiros cada.
O acto bárbaro, foi perpetuado, por volta das 15hs, na passada sexta‐feira, 12, dois dias depois de se assinalar o dia dos Direitos Humanos em todo o mundo, explicou Salvador Tchizuza, pai do malogrado, Amaral Deca.
Quando vários elementos não identificados, surpreenderam, quatro jovens que se encontravam em convívio no quintal de uma residência, de venda de bebidas.
Os jovens, foram surpreendidos pelos supostos agentes da DNIC, com uma palmada nas costas e disseram: O que vocês fazem por aqui? Um dos jovens virou e disse não te conheço e me bates nas costa! Quem é o Sr?
O agente disse, sabes com quem estas a falar? E logo ordenou que bebessem rápido as cervejas e os mesmos rejeitaram.
Dada a frágil resistências dos jovens, os supostos agentes sacaram as armas, mandaram os moradores se afastarem e fecharem as portas das suas casas.
Obrigando os jovens a se despirem e a deitarem‐se ao chão de costa para cima. De seguida dispararam cruelmente aos jovens, deixando eles aí estendidos como se de cães se tratasse, lamentou.
Os agentes retiraram‐se, minutos depois surge o patrulheiro de polícia e o carro de recolha de cadáver afecto a DNIC.
Quando a informação nos chegou, contactamos várias unidades de polícia do município e nada, posteriormente, ainda na mesma noite, contactamos por via telefone o Chefe do Departamento das Operações do Comando Municipal de Cacuaco e não tivemos sucessos, só mais tarde tivemos informações de um policial afecto a esquadra do cemitério do catorze, que nos disse que os corpos se encontravam na morgue do Maria Pia. Este disse também que estava no patrulheiro aquando da remoção dos cadáveres, afirmou Tchizuza.
João Kumunanga e demais familiares, do malogrado Mateus Vicente, diz: “lamentamos com profunda dor e tristeza o desaparecimento físico do nosso filho, e pela forma cruel como foi morto.”
Eles não foram gatunos, não roubaram, não foram encontrados com armas nem meios alheios. Por isso queremos que se faça justiça e que os executantes dos nossos filhos apareçam, realçou.
Já Salvador Tchizuza, abatido coma perda do filho, considera esta cruel atitude como sendo um acto de assassinato.
Não há lei neste país que permite executar pessoas apenas porque se desconfia que são supostos marginais, se existe outra lei na polícia que manda executar pessoas, que nos mostrem, os rapazes até estavam indefesos, afirmou.
As nossas fontes, desconhecem, até ao momento da nossa reportagem o nome e o paradeiro de uma das vítimas, tudo porque o mesmo não era residente daquele bairro, apenas visitante e amigo dos seus filhos.
Polícia “Malucos”.
Salvador Tchizuza, apela ao governo(Ministério do Interior), para que os agentes da polícia devem ser pessoas formadas, no sentido de saberem se dirigir e informarem quando estiverem a actuar.
Numa situação dessas, os rapazes deviam ser levados, ouvidos em tribunal e se possível condenados, nem que for a pena máxima, Isso sim seria justiça não a execução como foi feita, realçou.
Tchizuza, disse também que há comandantes que dão ordens “empíricas” e sem fundamentos legais. Por isso apela que se deve colocar comandantes com formação de polícias e não “malucos” que também foram marginais. Há muitos marginais na polícia, o que eles fazem?
Nós nunca fizemos isto nas FAA, somos pessoas educadas moralmente, temos educação patriótica e militar. É preciso que a polícia faça trabalho correcto, para não provocar a “ira” do povo. Não acha que apenas eles têm armas! Somos a maioria, afirmou agastado com a situação.
O país tem homens bons mas também os maus estão aí, desde os políticos e polícias, esses têm de sair para não prejudicar nós os pobres, se assim queremos construir um país próspero, “NEM TODO JOVEM É DELINQUENTE”.
Tchizuza e Lúcio Lara.
Sou antigo combatente e guerrilheiro de guerra, desde 1963, ao lado do MPLA, na altura como movimento de libertação.
Eu e vários nacionalistas, dentre os quais Lúcio Lara, lutamos contra os portugueses até conquistarmos a Independência deste país, assinamos os Acordos de Lunhamês no leste de Angola, naquela época, na Base de Muxixi, sem nada para comer sem qualquer tipo de assistência tínhamos apenas ligação com a República da Zâmbia, recordou.
O que nos motivou a lutar e a combater por esse país, foi para estarmos cada um no seu ligar, livres e independentes, não para assistirmos uma série de mortes “encomendadas e selectivas”, não podemos “atrofiar ” os ideais de Neto, lamentou.
Sou antigo combatente e deficiente físico de guerra, não tenho pensão, estou a formar o meu filho para que seja o futuro deste país e vocês me tiram ele, sem mais nem menos!
A nossa constituição, diz que todo cidadão, tem o direito a vida, protecção e segurança, E foi a pouco tempo que o nosso país foi aceite como membro não permanente da ONU, tudo isso para enganar a comunidade estrangeira, “Esses cruéis e cobardes assassinos”, me trouxeram lágrimas e dor que jamais se apagará, afirmou.
Salvador Tchizuza, aproveitou, a ocasião para deixar uma frase para pensar: Saul, personagem bíblica, era ungido e eleito por Deus para guiar o povo de Israel, mas de tanto poder começou abusar dele, Deus tirou‐lhe rapidamente a unção que tinha e nomeou, um indivíduo do campo que não vestia melhor. Quando Saul se apercebeu já era tarde, Deus lhe tinha tirado a unção e a entregou a Davi, homem pobre que herdou o poder e comandou Israel conforme Deus planeou.
Ganhou‐se a luta contra os portugueses, foi uma batalha com a unção de Deus, agora se começam a estragar tudo, há um dia que Deus vai resolver da sua maneira. Os que fazem isso um dia serão castigados.
*Costa Kilunda