quarta-feira, 24 de maio de 2017

LUANDA: Espectro da Derrota Põe MPLA de Dedo no Gatilho

ESPECTRO DA DERROTA PÕE 
MPLA DE DEDO NO GATILHO


guerra

O dia 23 de Agosto está próximo. Os especialistas (muitos são portugueses) contratados pelo regime angolano dizem a Eduardo dos Santos e a João Lourenço que a vitória eleitoral não está garantida. O MPLA começa a ficar nervoso e procura soluções radicais. Iremos assistir a uma reedição da estratégia seguida em 2012?

Por Norberto Hossi
Pouco antes das eleições de 2012, em várias províncias, nomeadamente Benguela e Kwanza Sul, a população começou a debandar para as matas temendo, como diziam, o regresso da guerra.
Mas, afinal, quem falava em guerra? O próprio regime que estava então a movimentar as Forças Armadas Angolanas (FAA) por todo o país, justificando com uma normal movimentação de efectivos. A população não acreditava. E era isso mesmo que o MPLA pretendia.
Na capital mas com repercussão nacional, Bento Bento, dirigente do MPLA pedia aos militantes do seu partido para que controlassem “milimetricamente” todas as acções da oposição, em especial da UNITA, para não serem “surpreendidos”.
De acordo com o então primeiro secretário de Luanda do MPLA, a oposição liderada pela UNITA decidira enveredar por “manifestações violentas e hostis, provocando vítimas, inventando vítimas, incentivando à desobediência civil, greves e tumultos, provocando esquadras e agentes e patrulhas da polícia com pedras, garrafas e paus”.
Era caso para dizer: Que bandidos são estes tipos da oposição. E então quando Bento Bento descobrir que Alcides Sakala, Lukamba Gato, Isaías Samakuva e Abílio Camalata Numa tinham em casa um arsenal de Kalashnikov, mísseis Stinguer e Avenger, órgãos Staline, katyushas, tanques Merkava e muito mais…
Dizia Bento Bento que a direcção do MPLA “tinha dados da inteligência (informações) nas suas mãos que apontam que a UNITA estava prestes a levar a cabo um plano B”. Tinha? Será que agora não tem?
Este plano previa, segundo os etílicos delírios de Bento Bento, “uma insurreição a nível nacional, tipo Líbia, Egipto e Tunísia”, sendo as províncias de Luanda, Huambo, Huíla, Benguela e Uíge as visadas. Aí estava o espírito da guerra, tão querido ao MPLA.
Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, ténue e embrionária, a possibilidade de alguma mudança, o regime dá logo sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições e de ver a UNITA (ou a CASA-CE) a governar o país.
Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros, o MPLA sempre apostou forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidação.
No início de 2008, notícias de Angola diziam que, no Moxico, “indivíduos alegadamente nativos criaram um corpo militar que diz lutar pela independência”.
Disparate? Não, de modo algum. Aliás, um dia destes vamos ver por aí Kundi Paihama, Bento Bento ou Luvualu de Carvalho, afirmar que todos aqueles que têm, tiveram, ou pensam ter qualquer tipo de armas são terroristas da UNITA.
E, na ausência de melhor motivo para aniquilar os adversários que, segundo o regime, são isso sim inimigos, o MPLA poderá sempre jogar a cartada, tão do agrado das potências internacionais que incendeiam muitos países africanos, de que há o perigo de terrorismo ou do regresso à guerra civil.
Se no passado, pelo sim e pelo não, falaram de gente armada no Moxico, agora deverão juntar o Bié ou o Huambo.
Kundi Paihama, um dos maiores especialistas de Eduardo dos Santos nesta matéria, não tardará – se assim for conveniente – a redescobrir mais uns tantos exércitos espalhados pelas terras onde a UNITA tem mais influência política, para além de já ter dito que quem falar contra o MPLA vai para a cadeia, certamente comer farelo.
Tal como mandam os manuais, o MPLA começa a subir o dramatismo para, paralelamente às enxurradas de propaganda, prevenir os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo.
Além disso, nos areópagos internacionais vai deixando a mensagem de que ainda existem por todo o país bandos armados, ou a armar-se, que precisam de ser neutralizados.
Aliás, como também dizem os manuais marxistas, se for preciso o MPLA até sabe como armar uns tantos dos seus “paihamas” para criar a confusão mais útil. E, como também todos sabemos, em caso de dúvida a UNITA será culpada até prova em contrário.
Numa entrevista à LAC – Luanda Antena Comercial, no dia 12 de Fevereiro de 2008, o então ministro da Defesa, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA mantinha armas escondidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo de voltar à guerra.
Kundi Paihama, ao seu melhor estilo, esclareceu, contudo, que os antigos militares do MPLA, “se têm armas”, não é para “fazer mal a ninguém” mas sim “para ir à caça”. Ora aí está. Tudo bons rapazes.
Quanto aos antigos militares da UNITA, Kundi Paihama disse que a conversa era outra e lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto. Se calhar é agora a altura.
Na entrevista à LAC, Kundi Paihama disse textualmente: “Ainda hoje se está a descobrir esconderijos de armas”.
O regime reedita em 2017, obviamente numa versão acrescentada e melhorada, as linhas estratégicas do seu plano de 2008 e de 2012.
“A situação interna não transparece em bons augúrios para o MPLA, devido a várias manobras propagandísticas por parte dos partidos da oposição e de cidadãos independentes apostados em incriminar o Partido no Poder para fazer vingar as suas posições mercenárias junto da população civil e das chancelarias e comunidade internacional”, lia-se na versão de 2008.
Na de 2012 manteve-se o conteúdo e só a embalagem mudou qualquer coisa. Pouca coisa, aliás. Na de 2017 apenas deixou de aparecer a chipala de José Eduardo dos Santos.
No terreno está a onda propagandística sobre a UNITA e a CASA-CE e os seus dirigentes nos órgãos de comunicação social, relacionados com a descoberta de novos paióis de armamento nas províncias.
Para além da apertada vigilância sobre os dirigentes da cúpula da UNITA (incluindo escutas telefónicas), foram reactivadas as células-mortas de informadores no interior do Galo Negro, bem como as Brigadas Populares de Vigilância nos bairros de Luanda e nas capitais provinciais, as quais podem contar – se for necessário – com armamento ligeiro.
Afinal, na História recente (desde 1975) do regime angolano, nada se perde e tudo se transforma para que os mesmos continuem a ser donos do poder e, é claro, de Angola.

LUANDA: Ministro Português Sem Vergonha Mas Com Desmedida Lata

MINISTRO SEM VERGONHA 
MAS COM DESMEDIDA LATA


silvinha

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, sustentou hoje que a Europa tem “culpas a expiar” por “desatenção recente” com África, defendendo uma maior cooperação entre os dois continentes para resolver problemas como as migrações. Se a hipocrisia deste ministro (e de uma forma geral de todos os governos portugueses) pagasse impostos, certamente que Portugal teria as suas contas públicas em ordem.

“Épreciso mais cooperação entre a Europa e África, é preciso mais proximidade entre a Europa e a África. Quem tem culpas a expiar nesta relação, por desatenção recente, não é África, mas sim a Europa”, disse hoje Augusto Santos Silva, intervindo como convidado de honra na comemoração do Dia de África (25 de Maio), organizada pelo corpo diplomático africano em Portugal.
Actualmente, acrescentou Augusto Santos Silva, os europeus têm “uma enorme responsabilidade adicional”. Têm sim senhor. Mas Portugal tem tantos, mas tantos, telhados de vidro (veja-se, por exemplo, o seu relacionamento com o regime de Angola) que deveria estar quietinho e caladinho.
“Com a perspectiva de alguma viragem na política norte-americana quanto ao multilateralismo e às grandes agendas comuns, do clima ao desenvolvimento, a Europa tem a responsabilidade acrescida de liderar essas agendas”, sustentou o ministro, quase como se fosse Portugal uma virgem santa e não, como é, uma prostituta rainha dos mais putrefactos bordéis.
A agenda para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas (agenda 2030) “casa-se bem com a agenda 2063 da União Africana” e as duas regiões partilham das mesmas preocupações sobre as alterações climáticas.
“Só é possível resolvermos alguns dos nossos problemas europeus, por exemplo o das migrações, se pedirmos ajuda – insisto, se pedirmos ajuda -, a África. Só há uma maneira: sermos parceiros em projectos comuns”, considerou Santos Silva, esquecendo-se de assumir que pouco, ou nada, interessa se os países africanos são liderados por dirigentes corruptos e esclavagistas.
Portugal, acrescentou Santos Silva, “entende que a sua responsabilidade, como ponte que é entre África e Europa, é ajudar a Europa a compreender tudo isto”, ou seja, “situar a Europa do lado do futuro, ou seja, a Europa tem de estar situada do lado de África”. Lindo. Quase parece um poema concorrente aos jogos florais da Internacional Socialistas.
O chefe da diplomacia portuguesa advogou a necessidade de a Europa ter “mais consciência de quão importante é a parceria com África”, mas reconheceu que há avanços nesta matéria, exemplificando que a relação com os africanos foram os temas escolhidos pelas presidências italiana e alemã do G7 e do G20, respectivamente.
“Esta consciência de que África é um parceiro essencial do ponto de vista económico, político, da segurança, estratégico, é hoje muito mais clara na Europa”, referiu o ministro português, servil acólito – embora disfarçado – do regime despótico do seu camarada José Eduardo dos Santos.
Portugal, afirmou, reconhece a “riqueza de África como um mercado económico e uma economia global”, mas isso mesmo “sabe a China, sabe a Índia, sabe a América” e “a União Europeia deveria saber melhor”.
Santos Silva justificou por isso que os portugueses têm procurado convencer a Europa a “regressar a África, não da forma como a explorou durante séculos, mas como um parceiro”. Como anedota não está mal.

Portugal e o regime do MPLA (Angola é outra coisa)

beija-maoOministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que – segundo as suas próprias palavras – “foi mandatado pelo Presidente José Eduardo dos Santos”, afirmou no dia 22 de Fevereiro que o Governo português continua a preparar a visita do primeiro-ministro a Angola, então prevista para esta Primavera, depois de Luanda ter adiado a deslocação da ministra da Justiça, que deveria ter começado nesse dia.
“Os preparativos para a visita do primeiro-ministro, da parte portuguesa, continuam normalmente. Nós apresentámos várias datas possíveis para a visita se realizar e esperamos uma resposta das autoridades angolanas”, disse aos jornalistas Augusto Santos Silva.
Recorde-se que o ministro português veio a despacho a Luanda, entre 10 e 12 de Fevereiro, para reforçar a cooperação bilateral e preparar uma visita de António Costa. Entenda-se o significado político da expressão “reforçar a cooperação bilateral”: aumentar o índice de bajulação e subserviência em relação ao regime do MPLA.
Questionado na altura se havia alguma reserva do Governo angolano sobre a eventual visita do primeiro-ministro português, Santos Silva respondeu: “Não me parece que haja aqui qualquer reserva, mas veremos”. Aliás, se houver, o problema resolve-se aumentando os decibéis da bajulação e, ainda, arranjando maneira de arquivar todos os processos judiciais que envolvam altos dignitários do regime.
O chefe da diplomacia português sublinhou depois que a cooperação entre Lisboa e Luanda “chegou a um patamar que pede e justifica uma visita ao mais alto nível”.
“No caso de Angola, dada a natureza executiva das questões em causa, parece que faz sentido haver uma visita do primeiro-ministro português. As autoridades angolanas concordam com esta avaliação e portanto sustentam que a próxima visita seja ao mais alto nível. Aliás, o meu colega dos Negócios Estrangeiros, Georges Chikoti, já anunciou isso em Portugal no ano passado”, disse Santos Silva.
Neste momento, os dois países procuram encontrar “as datas mais convenientes para as duas partes”, acrescentou o ministro português tentando tapar o sol com uma peneira de modo a que as datas ocultem o real motivo de todas estas questões: a acusação de corrupção activa ao vice-presidente de Angola, Manuel Vicente.
Sobre o adiamento, ainda sem nova data, da visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dúnem, o chefe da diplomacia portuguesa referiu que Portugal e Angola procurarão reagendar esta deslocação. Simples, não é? Era se nós fôssemos todos o que Augusto Santos Silva pensa que somos: matumbos.
Questionado sobre qual foi a explicação do Governo angolano, Augusto Santos Silva respondeu: “A justificação apresentada foi a necessidade de reponderar nova data”. Portugal vai também reponderar… a bem da nação, como dizia António de Oliveira Salazar.
Interrogado sobre se esta decisão do executivo de Luanda poderia estar ligada à acusação do vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, pelo Ministério Público português, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais, o ministro sublinhou a separação entre poder executivo e judicial.
“Do ponto de vista das autoridades portuguesas, os planos são completamente diferentes”, disse. Pois é. Mas em Angola, sob a superior e divina orientação de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos, não há separação entre o poder executivo e o judicial. Não há agora como nunca houve nos últimos 42 anos.

terça-feira, 23 de maio de 2017

LUANDA: Polícia Mostra Que Quem Não For do MPLA no Poder Há 42 Anos Leva porrada

POLÍCIA MOSTRA QUE QUEM NÃO FOR DO MPLA LEVA


repressao-activistas

Algumas dezenas (dois ou três na versão oficial) de jovens manifestaram-se hoje no Cacuaco, arredores de Luanda, exigindo a libertação de outros sete activistas condenados em Abril a 45 dias de prisão, protesto que, relataram, terminou com detenções e agressões.

De acordo com activistas do autodenominado Conselho Nacional dos Activistas de Angola, o protesto de hoje foi travado pela polícia do MPLA e pelo menos cinco dos manifestantes foram levados pelas forças de segurança, desconhecendo-se os motivos.
“Agora viemos aqui para a frente ao tribunal do Cacuaco para exigir a libertação destes cinco jovens, que foram levados por esta polícia autoritária”, afirmou Nito Alves, um dos organizadores do protesto de hoje e que integra o grupo de 17 activistas que em Março de 2016 foram condenados pelo tribunal de Luanda a penas de prisão de até oito anos e meio.
“Partiram a cabeça de um jovem e outros foram agredidos. Nós só queríamos exigir a libertação dos sete que foram detidos em Abril”, acrescentou o activista.
Sete outros activistas foram condenados a 19 de Abril pelo tribunal de Cacuaco a penas de 45 dias de prisão efectiva, por resistência às autoridades, ao tentarem manifestar-se contra alegadas irregularidades no processo de registo eleitoral, que antecede as eleições gerais de Agosto, mas também para alertar para as dificuldades dos jovens daquele município da capital, nomeadamente a falta de emprego.
De acordo com o secretário-geral do Conselho Nacional dos Activistas de Angola, António Kissanda, os sete jovens têm idades entre os 25 e os 35 anos. Foram detidos na manifestação realizada a 17 de Abril e três dias depois começaram a cumprir pena, na cadeia de Comarca de Viana.
Foram ainda condenados a pagar, cada um, multas de 65.000 kwanzas (365 euros), indicou António Kissanda, acrescentando que são estudantes universitários, músicos de intervenção e activistas.
“O grupo que se estava a manifestar era maior, mas quando a polícia os levou eram oito. Entretanto, no outro dia, durante o transporte da esquadra da polícia para o tribunal, um dos elementos conseguiu fugir e foram condenados sete”, explicou anteriormente secretário-geral do Conselho Nacional dos Activistas de Angola.
Foram condenados à revelia e, por não terem assistência jurídica, a condenação não foi alvo de recurso, indicaram os activistas.
“Resistimos à força que a polícia nos apresentou, porque é um direito na nossa Constituição. Não somos criminosos para fugir, esperávamos que a polícia estivesse lá para nos proteger”, disse.
A este propósito recorde-se o texto do voto de condenação contra as autoridades angolanas apresentado ontem, sexta-feira, pelo Bloco de Esquerda no Parlamento português e que, como se previa, foi rejeitado pela extensa coligação PCP, PS, PSD e CDS:
“No dia 17 de abril a polícia angolana reprimiu violentamente uma manifestação em Cacuaco, município na periferia de Luanda, levando à prisão de 7 pessoas que exigiam emprego e melhores condições de vida, assim como a realização de eleições livres e transparentes em Angola.
António Mabiala, Nzenza Mabiala (“Luston”), Paulo Mabiala (“DMX”), Adão Bunga (“Mc Life”), Valdemar Aguinaldo (“27 de Maio”), Mariano André e David Saley , foram julgados em processo sumário por alegado desacato às autoridades e condenados pelo tribunal municipal de Cacuaco, no dia 19 de abril, a 45 dias de prisão e multa de 75’000 Kwanzas que estes jovens e as suas famílias não têm como pagar.
Os jovens foram enviados para as prisões de Viana, Kakila e Kalomboloko, locais onde falta água, comida e assistência médica. Os familiares dos jovens relatam ainda dificuldades em visitar e prestar assistência aos presos da manifestação de 17 de abril.
Esta não é a primeira manifestação violentamente reprimida pelas autoridades angolanas este ano. Ainda no passado dia 24 de fevereiro, as forças de segurança reprimiram uma manifestação de jovens ativistas em Luanda, entre eles Hitler Samussuko e Luaty Beirão, dois ativistas perseguidos no processo “15+2”. Vários ficaram feridos pelos cães de polícia soltos contra eles.
Já nessa altura os manifestantes denunciavam a falta de transparência e existência de irregularidades no processo eleitoral para as eleições gerais previstas para 23 de agosto de 2017. Não pode haver eleições livres e justas sem liberdade de expressão e reunião, condições basilares do exercício da democracia.
Assim a Assembleia da República, reunida em plenário, condena a perseguição sistemática aos ativistas cívicos em Angola, a repressão e a violência sobre as manifestações e o desrespeito pelos princípios da liberdade e da democracia.”
Folha 8 com Lusa

LUANDA: Os Estudantes Angolanos Sofrem no País e Fora Dele

OS ESTUDANTES ANGOLANOS SOFREM NO PAÍS E FORA DELE


pedir

Enquanto muitos estudantes angolanos que foram estudar para Portugal, por conta dos familiares em Angola, abandonaram os estudos para trabalhar, devido às “dificuldades no envio de dinheiro”. Por cá, o MPLA descobriu que Angola precisa de mais qualidade nas instituições universitárias. É obra!

“Não temos um número exacto, mas sabemos que são muitos”, diz Luís Victorino, presidente da Associação de Estudantes Angolanos (AEA), que justifica a interrupção dos estudos com “a demora das transferências de dinheiro efectuadas de Angola”.
Segundo Luís Victorino, a AEA “tem negociado com as universidades portuguesas e instituições de ensino para que haja mais flexibilidade nos pagamentos das propinas, de modo a que os estudantes angolanos tenham a possibilidade de pagar as dívidas ou propinas em atrasos em prestações, para que não sejam impedidos de realizar os exames ou inscrições ou matrículas em anos lectivos seguintes”.
Alguns estabelecimentos de ensino têm respondido “positivamente” às intervenções da AEA, como é o caso do Instituto Politécnico de Setúbal, por exemplo, afirma Luís Victorino.
Angola vive uma grave crise financeira e económica decorrente da quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, que se reflecte ainda na falta de divisas no país.
Esta situação provoca várias restrições na gestão de divisas e, consequentemente, coloca dificuldades nas transferências de dinheiro para fora do país.
O presidente da AEA destaca ainda o apoio que o Alto Comissariado para as Migrações em Portugal tem dado àqueles estudantes na “questão da legalização”, porque muitos ficam impossibilitados de renovar o título de residência por falta de dinheiro.
Actualmente estudam em Portugal cerca de 4 mil angolanos, entre bolseiros, de instituições públicas e privadas, e não bolseiros.
O presidente da AEA acrescenta que, em média, chegam anualmente chegam a Portugal 500 estudantes angolanos e que as áreas profissionais em que mais se destacam são o Direito e as ciências empresariais.
No âmbito das celebrações do Dia de África, que se assinala na próxima quinta-feira, dia 25 de Maio, a AEA, em conjunto com as associações de estudantes moçambicanos e guineenses e a comissão instaladora do Núcleo de Estudantes Africanos do Instituto Politécnico de Setúbal, organiza um encontro em que debaterá o passado, o presente e o futuro de África e as celebrações incluem música, poesia, gastronomia e trajes.

E como vai o ensino por cá?

Recém-chegado ao poder (só lá está há quase… 42 anos) o MPLA descobriu agora (entre outras pérolas) que Angola precisa de mais qualidade nas instituições universitárias. Quem o diz é o vice-presidente do MPLA e cabeça-de-lista às eleições de 23 de Agosto, João Lourenço.
Segundo o boletim oficial do partido, Jornal de Angola (JA), João Lourenço fez este alerta na abertura da reunião com a comunidade académica de Luanda e Bengo, em Outubro do ano passado, lembrando que o país “continua a exportar as suas riquezas em estado bruto para o exterior” (exportar para o exterior não está mal, não senhor), para depois comprar de volta os produtos transformados a preços exorbitantes. Além disso, sublinhou, a atitude contribui para dar emprego aos operários de outros países em detrimento dos angolanos.
Diante de milhares de académicos, segundo as contas do JA, João Lourenço pediu atenção à qualidade do ensino superior, numa altura em que existem 24 instituições de ensino superior públicas e 40 privadas, surgidas num espaço de 14 anos. Até 2002, Angola tinha apenas uma única universidade pública, a Universidade Agostinho Neto, e duas privadas que, no total, formaram no mesmo período 62.407 quadros.
“Precisamos de encontrar o ponto de equilíbrio entre a necessidade da formação massiva de quadros que o país precisa e o rigor na qualidade desses mesmos quadros superiores”, disse João Lourenço, para acrescentar: “Devemos encorajar e promover a cultura de premiar o mérito no ensino, o mérito no trabalho e em tudo o que fazemos”.
Ou seja, João Lourenço disse que os angolanos devem olhar para o que o MPLA diz mas não, é claro, para o que faz. Isto porque se no regime existisse de facto a cultura do mérito, muitos dos seus quadros, ditos superiores, estariam a plantar couves.
O vice-presidente do MPLA disse, continuamos a citar o boletim oficial, que o crescimento que o país vive na construção de estradas, caminhos-de-ferro, barragens hidroeléctricas, fábricas, portos e aeroportos, hospitais e fazendas agrícolas, deve ser acompanhado de formação de quadros que possam garantir a continuidade e manutenção dos projectos. “Apesar da maior necessidade que o país tem na formação de quadros é necessário assegurar a sua qualidade a todos os níveis de ensino”, disse João Lourenço.
João Lourenço recordou (numa manifesta passagem de um atestado de matumbez aos angolanos) que o MPLA sempre estabeleceu como prioridade a educação e o ensino nos seus programas de governação, através de atribuição de bolsas de estudo para países como Cuba, Rússia, Portugal, França, Reino Unido, Itália, EUA, Nigéria e Marrocos.
“Foram milhares os quadros angolanos superiores formados em diferentes áreas do saber nesses países e que hoje contribuem para o desenvolvimento do nosso país”, disse.

Não se pode querer tudo

Por sua vez, o presidente da associação das universidades privadas de Angola, José Semedo, defendeu uma parceria estratégica entre o Executivo, instituições de ensino, empresas públicas e privadas, instituições financeiras, fundações, bancos e as famílias, para a elevação e a concretização da qualidade de ensino no país.
José Semedo lembrou que nenhuma instituição angolana consta da lista das 100 melhores universidades de África, ao passo que Moçambique e Cabo Verde, que têm a mesma idade política, aparecem entre as melhores do continente.
É verdade. Em contrapartida, Angola é um dos países mais corruptos do mundo, é um dos países com piores práticas democráticas, é um país com enormes assimetrias sociais, é o país com o maior índice de mortalidade infantil do mundo. Não se pode querer tudo, não é?
“A implementação de um quadro jurídico-legal e uma lei do mecenato para o ensino superior pode, a médio e longo prazo, modernizar e elevar a competência, a qualidade e excelência dos nossos quadros”, disse José Semedo, em representação das 40 instituições privadas do país. José Semedo reconheceu que a qualidade de ensino feito nas instituições nacionais é contestada na sociedade e uma grande parte dos licenciados formados não possui conhecimento científico, técnico e tecnológico que permite a sua inserção no mercado internacional.
Que a maior parte dos supostos quadros superiores são, afinal, quadros inferiores, todos sabemos. Tal como sabemos que são esses que o MPLA chama para funções públicas. E chama porque, sabendo eles que nada sabem, prestam-se a todos os fretes e fazem da fidelidade canina e do culto ao chefe o seu principal doutoramento.

Ingresso deficiente

Areitora da Universidade Agostinho Neto, afirma o boletim oficial, lamentou o facto de a admissão de alunos com notas inferiores a dez valores estar a aumentar de ano para ano. Maria Sambo revelou que, em 2015, o número de admitidos com notas inferiores a dez valores representou 53 por cento. Em 2016, a percentagem subiu para 58 por cento.
É tudo uma questão de perspectiva. Dez valores num aluno que seja militante do MPLA é, clara e inequivocamente, uma nota que equivale a 20 valores…
“A admissão de estudantes previsivelmente mal preparados, valorizando-se a classificação obtida no exame de acesso, como único critério de selecção, constitui uma garantia de deficiente prestação, salvo raras excepções”, disse a reitora, para quem o processo de aprendizagem dos estudantes que ingressam com notas negativas torna-se difícil, ainda porque muitos dos jovens têm condições económicas deficitárias e há falta de apoio social nas instituições de ensino superior.
Há falta de apoio social? A sério? Então o MPLA não é Angola e Angola não é o MPLA?
Maria Sambo destacou ainda outro aspecto: “Não há boa transição entre o ensino secundário e o ensino superior, não há agências que financiem a investigação científica, nem mecanismos de avaliação da qualidade do ensino superior”.
Não é bem assim, senhora reitora. A avaliação é feita, com qualidade divina – acrescente-se, pelo regime. E não há que estar preocupados. O guia supremo do país, José Eduardo dos Santos, está atento…
Por outro lado, disse a reitora, a docência é pouco atractiva, porque o estatuto remuneratório não condiz com o grau de exigência e qualificação e com a importância social do docente universitário. Maria Sambo falou ainda de outra dificuldade que a Universidade Agostinho Neto enfrenta.
“A prática da investigação científica é ainda muito débil, há insuficiência de estrutura de apoio e de recursos humanos para a investigação científica e não há editais, nem financiamento público sistemático para candidaturas do projectos de investigação”, disse.
A Universidade Agostinho Neto também tem carência de pessoal administrativo qualificado e técnicos diferenciados para a investigação. Além disso, existem docentes com dupla efectividade. “Tem sido impossível admitir novos docentes e a promoção de docentes está congelada. Estas dificuldades abrangem a carreira docente e de investigação, tornando-as pouco atractivas”, disse, acrescentando que desde 2014 não se realiza concurso público no ensino superior.

A visão… mesmo quando se é cego

Por sua vez, o secretário do MPLA para a política Económica e Social, Manuel Nunes Júnior, afirmou que Angola tem de vencer o atraso científico e tecnológico, sendo isso uma condição crucial para o progresso económico e social e que uma das principais implicações da globalização é a facilidade com que a tecnologia e as ideias fluam entre países.
Ao apresentar as principais orientações da Moção de Estratégia do presidente do MPLA, o guia supremo, querido líder, “escolhido de Deus”, José Eduardo dos Santos, para a formação de quadros, Manuel Nunes Júnior afirmou que a política do seu partido sobre o ensino superior assenta no conhecimento e na criação de novas ideias. A chave do crescimento e prosperidade das nações, disse o político e professor universitário, são as ideias e o conhecimento e não são os objectos. Os objectos, referiu, desgastam-se com o tempo e perdem o valor.
Lindo. Nem a princesa Isabel dos Santos, diria melhor…
O economista disse que a capacidade humana de produzir novas ideias e novos conhecimentos é infinita. “Muitos países não conseguiram tirar vantagem da revolução industrial e não prosperaram. Torna-se agora imprescindível tirar os benefícios da sociedade do conhecimento que caracteriza o presente processo de globalização”, disse.
Manuel Nunes Júnior lembrou que a diferença entre países ricos e pobres e em termos do desenvolvimento são fenómenos recentes. Os países que conseguiram tirar vantagens da revolução prosperaram e os outros ficaram para trás em termos de crescimento económico e de prosperidade.
“Estamos a viver uma nova revolução em que a sociedade industrial está a dar lugar à sociedade do conhecimento e Angola não pode ficar fora dessa sociedade do conhecimento. Deve dela tirar todas as vantagens”, disse este especialista.
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LUANDA: Regime Explica Muito Mal o Roubo de Fardas da Polícia

REGIME EXPLICA QUE… ANDAM
 A ROUBAR FARDAS DA POLÍCIA


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As autoridades angolanas não têm nenhum respeito nem consideração pela dignidade humana, nem da vida, dos funcionários públicos que sacrificam para os seus interesses. Em Cabinda, o Comissário Eusébio Domingos e Costa cai no ridículo de dizer que os polícias feitos prisioneiros de guerra pela FLEC são congoleses e falam português e que as fardas foram… roubadas.

Por Osvaldo Franque Buela (*)
Estão a demonstrar esta afirmação perante o mundo inteiro através de todos os canais de comunicação que o regime tem, com o único propósito de negar a guerra em Cabinda assim como a existência dos quatro polícias prisioneiros de guerra e não reféns que estão nas mãos das Forças Armada de Cabinda.
Se estou a usar o termo ou “prisioneiro de guerra” é por que eles baixaram as suas armas durante uma emboscada, em plena operação de guerra, de acordo com a Convenção de Genebra no seu artigo 44, num território que está em guerra e onde perderam dois de seus colegas da FAA.
As autoridades angolanas prefiram usar o termo “reféns” na sua negação vergonhosa, com o único objectivo de querer apresentar a resistência Cabindesa como um grupo terrorista, o seu sonho de sempre.
O nosso espanto é ainda maior pelo simples facto de ver que o regime sanguinário do MPLA, que sequestra e assassina os Cabindas em público ou em segredo, que viola mulheres, que priva da saúde e da educação a população, que explora e rouba tudo em Cabinda, colocou à disposição de seu primeiro sipaio em Cabinda, o comissário Eusébio Domingos e Costa, a TPA, RNA, ANGOP, Jornal de Angola para cumprir a missão de desmentir e negar totalmente a presença de quatro policias prisioneiros de guerra, o que representa uma verdadeira vergonha para o regime e para um dos melhores exército de África que consegui vencer o grande exercito da UNITA.
O sipaio comissário Eusébio Domingos e Costa começou a tocar o mesmo CD de sempre dizendo ainda que que a província goza de uma estabilidade político-militar que permite às populações circularem livremente, o que a população faz normalmente por não ser alvo das FAC, mas esqueceu-se de dizer que ali as FAA e outros sipaios de serviço só circulam armados até aos dentes.
A verdade é que o regime não estava preparado para esta evolução operacional das unidades operacionais das FAC, capaz de lhes servir um prato picante, desta forma.
Quando o comissário afirma sem vergonha que “em Cabinda, não existe e nunca se registaram actos que possam alterar o actual clima de paz, e que não existem quaisquer acções contra as nossas populações”, foge mais uma vez a esclarecer a opinião pública que eles é que fazem a guerra contra o povo desarmado e que a população nunca foi alvo da FLEC.
“É tudo falso, não existe nada que altere o clima político em Cabinda. As nossas forças mantêm-se firmes na garantia da estabilidade, e que os que aparecem no vídeo são congoleses que falam português, e que a farda foi roubado e levado para o Maiombe”, dizem.
Num verdadeiro Estado de Direito, a Inspecção Geral de polícia deveria pedir explicações ao comissario para esclarecer como é que é possível roubar fardamentos da polícia e por quem? Haveria infiltrados dentro da polícia angolana que colaboram abastecem a FLEC? Estas são declarações graves para o chefe de uma corporação importante como a Policia provincial.
O Comissário está mesmo ciente de que os prisioneiros são congoleses que falam português? Como é que ele sabe disto uma vez que nenhum prisioneiro fala no vídeo?
A verdade em todos essas afirmações é que essas autoridades angolanas irão sempre abandonar o seu próprio destino todos aqueles que defendem o regime com excesso de zelo. Felizmente que as FAC têm um elevado sentido de responsabilidade, mesmo perante os adversários, isto é, respeitam as convenções internacionais.
Os prisioneiros serão sempre tratados de forma humana e serão postos em liberdade com toda consideração humana e à luz do respeito pelos direitos humanos.
(*) Chefe do Gabinete da Presidência da FLEC

LUANDA: Khmer Vermelhos e Pol Pot, MPLA, e Eduardo dos Santos

KHMER VERMELHOS E POL POT, MPLA E EDUARDO DOS SANTOS


china

Uma delegação das Forças Armadas de Angola, dirigida pelo chefe do Estado-Maior General adjunto para a Educação Patriótica, General Egídio de Sousa e Santos, visitou hoje a Rádio Nacional da China. Fará sentido, 42 anos depois da independência, 15 após a paz total, falar-se de “educação patriótica”? Se na Coreia do Norte faz sentido, em Angola também faz, considera certamente o MPLA.

Por Orlando Castro
Ochefe do Estado-Maior General adjunto das Forças Armadas Angolanas (importante: para Educação Patriótica), general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, explica tudo.
Ou seja, devido à sua posição geoestratégica e às suas potencialidades em recursos naturais, Angola tem sido alvo de várias tentativas de desestabilização através do incentivo – escreveu em tempos a Angop – “de reformas correntes à desobediência e desacatos às autoridades legalmente instituídas”.
O general fez estas afirmações quando, em 2015, discursava na abertura do 6º curso de estratégia e arte destinado a oficiais generais e almirantes das Forças Armadas Angolanas.
Será então de concluir, ou não fosse o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina” responsável pela “Educação Patriótica”, que por exemplo os nossos jovens activistas se inserem nessa monumental e poderosa tentativa de desestabilização.
De acordo com o oficial general, neste “sentido deve-se prestar maior vigilância a estes cenários para não permitir que a paz duramente conquistada à custa do suor e sangue de muitos filhos da pátria seja perturbada”.
Está bem visto. Provavelmente os jovens activistas (e não só eles) estariam, para além de um golpe de Estado, a preparar-se para a guerra, pondo a paz, “duramente conquistada à custa do suor e sangue de muitos filhos da pátria”, em causa.
O curso de “de estratégia e arte” enquadra-se nas perspectivas e estratégias de formação definidas pelo comando superior das Forças Armadas Angolanas e materializadas pelo Estado Maior General por intermédio dos seus órgãos de ensino militar.
“Esta formação marca uma etapa importante no âmbito da implementação da directiva do Presidente da República e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas, José Eduardo dos Santos, que prevê um conjunto de tarefas concretas na perspectiva «Angola 2020», nas quais se destaca a formação contínua dos quadros a todos os níveis como premissa fundamental para a modernização da instituição castrense”, explicou o general das FAA.
“Todavia, o sucesso de qualquer formação depende em última instância do engajamento efectivo que cada discente tiver no estudo das matérias que forem ministradas, além do factor coabitação entre docentes, discentes, conteúdo, métodos de ensino e aprendizagem”, afirmou o general Egídio de Sousa Santos “Disciplina”, justificando a cada vez maior necessidade de reeducar os angolanos. Sobretudo, ou exclusivamente, os que teimam em pensar pela própria cabeça.
Egídio de Sousa Santos “Disciplina” afirmou estar convicto de que as Forças Armadas Angolanas “estão no bom caminho no concernente à formação, produzindo valores que possam enobrecer as estruturas de ensino militar, a instituição castrense, e o país em geral no contexto interno e externo em última instância, o soldado que constitui a unidade de um todo que são as Forças Armadas Angolanas”.
Espera-se também que, para a completa segurança e desenvolvimento do país, os participantes bebam os “Princípios fundamentais e bases ideológica do MPLA”, e se inspirem – por exemplo – no “Discurso do Presidente José Eduardo dos Santos na abertura do VI Congresso do partido”.
Com quase 42 anos de independência, 15 depois da paz, a estrutura militar angolana continua a trabalhar à imagem e semelhança dos Khmer Vermelhos de Pol Pot.
Espera-se igualmente que este ano, por haver eleições, os militares não se esqueçam, como fez em Setembro de 2009 o substituto do comandante da Região Militar Norte para Educação Patriótica do MPLA, Coronel Zeferino Sekunanguela, de enaltecer o contributo do primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto na luta de libertação nacional e, é claro, no 27 de Maio de 1977…
O oficial superior da tal “Educação Patriótica”, que falava na palestra sobre “Vida e obra de Doutor Agostinho Neto”, disse nessa altura que Agostinho Neto foi o Fundador do movimento nacionalista, da Nação angolana e contribuiu para a luta de libertação nacional.
Assim sendo, “Educação Patriótica” é sinónimo do culto das personalidades afectas ao regime do MPLA, banindo da História de Angola qualquer outra figura que não se enquadre na cartilha do partido que, cada vez mais, não só se confunde com o país como obriga o país a confundir-se consigo.
O oficial superior da tal “Educação Patriótica” reconheceu então – e tudo continua mesma – que o primeiro presidente de Angola foi um grande estadista e político que contribuiu também para a libertação de outros povos africanos rumo à independência dos seus países.
Só é pena que Agostinho Neto não tenha nascido há uns séculos para ser possível dizer que também contribuiu para a independência de Portugal. Mesmo assim, é de crer que qualquer oficial superior da tal “Educação Patriótica” sempre pode dizer que Neto ajudou a democratizar o regime português.
Aliás, citando Zeferino Sekunanguela, foi graças à sabedoria de Agostinho Neto que o povo de Angola conseguiu libertar-se da escravatura e da colonização portuguesa e de todas os crimes promovidas pelos inimigos de Angola.
Ainda de acordo com Zeferino Sekunanguela, certamente agora secundado pelo general “Disciplina” e pelo general João Lourenço, Agostinho Neto salientou-se também como médico profundamente humano, como escritor e político de renome internacional. De facto, melhor do que Agostinho Neto só… José Eduardo dos Santos.