quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PRETORIA: África Do Sul ajudou Portugal a conter nacionalistas angolanos

África do Sul ajudou Portugal a conter nacionalistas angolanos

Novo livro detalha intervenção que "mudou quadro operacional". General angolano fala à VOA da aliança UNITA/ SWAPO
Exército portugués em Angola
Exército portugués em Angola

TAMANHO DAS LETRAS
 
João Santa Rita: VOA
Radz Balumuka: www.planaltodemalanjeriocapopa.blogspot.com
O envolvimento sul-africano ao lado de Portugal na guerra da independência de Angola permitiu ao governo colonial “conter a guerra dos movimentos de libertação em Angola”, disse o tenente general Miguel Júnior das forças armadas angolanas.

O general falava á Voz da América na sequência da publicação do seu livro “Guerra Colonial – O Envolvimento das Forças de defesa da África do Sul no Sudeste de Angola (1966/1974: um estudo de contra-insurreição”.





Os esforços de guerra de Portugal em Angola sempre foram considerados por especialistas e historiadores os que mais sucesso tiveram entre os três teatros de guerra (os outros sendo a Guiné-Bissau e Moçambique).

Miguel Júnior disse à Voz da América que até agora o envolvimento da África do Sul na guerra colonial em Angola tinha sido abordado de forma superficial e que o seu livro tinha como objectivo aprofundar a questão através de uma investigação mais profunda

“O envolvimento sul-africano (na guerra colonial portuguesa) é significativo,” disse o general Miguel Júnior.

“Esse envolvimento contribuiu sobremaneira para conter a guerra dos movimentos de libertação em Angola,” acrescentou.

O general recordou que de 1966 a 1974 o leste de Angola foi a área geográfica mais crítica em termos da guerra de guerrilha contra Portugal que contava om um problema da falta de meios financeiros e militares.

“ A África do Sul socorreu Portugal com meios …. que tiveram o seu impacto em termos de mudança do quadro operacional. Essa é a realidade,” disse o general.

O autor angolano fez notar que em termos de tropas no terreno a intervenção sul-africana foi “reduzida” mas maior e de grande influência em termos de meios materiais, conselheiros e oficiais de ligação.

“A contra insurreição é das forças armadas portuguesas mas a componente sul-africana é parte integrante disso,” disse o general para quem essas duas componentes  “não se podem separar”.

A intervenção sul-africana “teve um peso porque ajudou a reverter o quadro”.

Na sua entrevista á Voz da América o Tenente General Miguel Júnior disse que uma das intensões da África do Sul ao intervir em Angola era impedir o possível uso do território angolano pelo movimento de libertação da Namíbia, a SWAPO.

O general disse que durante esse período a SWAPO e a UNITA tinham estabelecido uma “parceria”.

“A SWAPO precisava dos préstimo da UNITA para atingir o sudoeste africano (Namíbia),” disse o general.

O livro está actualmente à venda em Angola e poderá em breve ser também vendido em Portugal.

LUANDA: Mãos livres protesta contra contínua detenção de jovem ativista

Angola: Mãos Livres protesta contra contínua detenção de jovem

Detenção ligada a desaparecimento de activistas mas procuradoria diz desconnhecer o caso
 Alberto dos Santos
Alberto dos Santos

TAMANHO DAS LETRAS
 
Coque Mukuta: VOA
Radz Balumuka: www.planaltodemalanjeriocapopa.blogspot.com
Continua detido em Luanda o jovem Alberto António dos Santos que foi companheiro de activistas  desaparecido há quase um ano e seis meses.

A polícia de investigação criminal mantém-no sob detenção como suspeito pelo desaparecimento de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, enquanto a Procuradoria Geral da República junta a DNIC desconhece a detenção de algum elemento no processo dos dois activistas.

Segundo o Presidente das Mãos Livres, Advogado Salvador Freire, há mais de dois meses que não lhes é dado a nota de pronúncia para serem constituídos defensores de Alberto dos Santos, companheiro de Alves Kamolingue e de Isaías Cassule, dois activistas desaparecidos quando tentavam organizar uma manifestação em apoio aos ex-militares.

Uma fonte próxima a Procuradoria-Geral da República junto à DNIC disse não existir qualquer elemento preso no processo 180/13 sobre o desaparecimento de Kamolingue e Cassule.

Salvador Freire intitula o acto como negação de justiça ao jovem activista.
“Nós achamos que há aqui uma denegação de justiça porque nós estamos a espera da nota de pronuncia para nos constituirmos advogados do jovem que já está preso a muito tempo” lamentou.

“E a nossa constituição é clara todo cidadão tem direito a defesa,” acrescentou o causídico.

Na Direcção Nacional de Investigação Criminal a nossa fonte disse que o jovem Alberto António dos Santos está preso como suspeito pelo desaparecimento de Isaías Cassule e Alves Kamulingue.

Fernando Alberto, irmão de Alberto dos Santos, preso no dia 27 de Março, pede á DNIC e á Procuradoria que investiguem mais rapidamente  possível para não manterem o seu irmão preso inocentemente:

“O que nós queremos é que resolvam isso o mais rapidamente possível e que não fique a cumprir a prisão de forma injusta” apelou.

LUANDA: Policias e fiscais roubam vendedeiras a mão armada. Esse o registo de situações criadas pelo estado do deixa andar criado a preceito pelo regime de José Eduardo dos Santos!

Polícias e Fiscais Roubam Vendedeiras à Mão Armada
“Três polícias armados e oito fiscais arrombaram a porta da minha casa, entraram e apontaram-me as armas e disseram-me para não me mexer ou falar”, conta Esperança Néné, de 55 anos, residente na Vila de Cacuaco, em Luanda.
 
O caso aconteceu a 14 de Agosto, por volta das 14h00. “Eu tentei reclamar que a polícia não tinha o direito de invadir assim a minha casa e apontar-me armas sem eu ter feito nada. Um deles disse-me: ‘Se te mexeres ou continuares a falar vais parar à cadeia e, ainda por cima, vais pagar uma multa de 150,000 kwanzas (US $1,500)”, explica.
 
Postada à porta de casa, a sua filha Maria Manuel, de 23 anos, tentou impedir a entrada da polícia para a sala. “O chefe da missão, o Sr. Waldemar, agarrou-a e atirou-a violentamente contra a parede. Depois é que me apontaram as armas”, narra a mãe.
 
Esperança Néné dedica-se à venda de fardos e calçados em segunda mão. No seu quintal outras vendedeiras guardam também o seu negócio.
 
“Os polícias roubaram-me seis balões de fardo, oito sacos de calçados usados e oito trouxas de roupa, que algumas senhoras guardavam aqui. Até a minha pasta, com 70,000 kwanzas, que estava no cadeirão da minha sala, os polícias roubaram também”, denuncia a vítima.
 
De acordo com a vendedeira de fardos, os agentes policiais e fiscais da administração municipal do Cacuaco, não exibiram mandado de busca e apreensão ou invocaram qualquer justificação legal para invadir a sua residência e confiscar os seus bens. Usaram três carrinhas da fiscalização para transportar os bens roubados.
 
David Mendes, o conhecido advogado dos pobres, refere que os agentes policiais “incorrem no crime de introdução em casa alheia e de roubo qualificado com violência por terem agido sem um mandado de busca e apreensão”.
 
Segundo o advogado, “o mandado tem de especificar o que os agentes vão buscar ou apreender. A casa tem de estar devidamente identificada no mandado e os objetos, apreendidos têm de ser descritos”.
 
“No final da apreensão, tem de ser feito um auto de apreensão, assinado pelos agentes da Polícia Nacional e pela dona de casa. Doutro modo, é roubo qualificado”, esclarece David Mendes.
 
Maka Angola tentou contactar o Comando Municipal da Polícia Nacional em Cacuaco, assim como o departamento de fiscalização, sem sucesso.
 
Esperança Néné nota que “eles [agentes policiais e fiscais] têm ordens para dar corrida às mulheres que vendem na rua e não para arrombar casas alheias e roubar”.
 
Um grupo de mulheres, afectadas pelo assalto, dirigiu-se ao departamento de fiscalização municipal no dia seguinte, a 15 de Agosto, para reaver os seus bens, depositados na referida instituição.
 
 
O Perfil das Vítimas do Roubo
 
Maka Angola ouviu algumas dessas mulheres e as suas histórias pessoais. Todas elas são, sem excepção, a principal fonte de sustento das suas famílias através do comércio informal que praticam.
 
As mulheres são unânimes em afirmar que, no encontro com o responsável da fiscalização municipal do Cacuaco que comandou o assalto, conhecido apenas por Waldemar, este exigiu a quantia de 55,000 kwanzas (US $550) de cada uma delas para o resgate dos seus bens. O chefe da fiscalização, afirmam, alega que o montante corresponde a uma multa por serem “vendedoras ambulantes”. As mulheres interrogam-se, incrédulas, como lhes pode ser exigido pagar uma multa por bens roubados à mão armada de uma residência.
 
Fátima dos Santos, de 40 anos, viúva com três filhos a seu cargo, revela que as autoridades levaram quatro balões de fardo seus, por si adquiridos a 190,000 kwanzas. “Eu e outras senhoras que perdemos o negócio vendemos no mercado do Pique. Nós não vendemos na rua e cada uma das vendedeiras paga, diariamente, 100 kwanzas à fiscalização municipal de Cacuaco. Então, onde está o nosso crime?” questiona.
 
Ao reclamar “com boas maneiras”, junto do responsável da fiscalização, Fátima Santos conta que o Sr. Waldemar disse-lhe “para nós nos queixarmos onde quisermos porque nada vai acontecer. Perdemos e pronto”.
 
Esperança Néné tem a seu cargo a maioria dos seus nove filhos, e ainda um neto órfão. O marido, motorista de profissão, teve um acidente há 12 anos que o deixou incapacitado para conduzir. Desde então, depende da mulher para o sustento.
 
Madalena Boa tem 72 anos. Vende maboque à porta da sua residência. Tinha uma caixa de maboque e a sua melhor roupa, para a igreja, guardados em casa de Esperança Néné. Madalena Boa é deficiente física. As vizinhas apoiam-na, para superar as suas dificuldades de locomoção. As autoridades levaram a sua fruta e a sua roupa para os actos religiosos. “Como a fiscalização me pede 55 mil kwanzas para devolver a minha fruta e a minha roupa que estava bem dobrada num saco? Eu nem sequer tenho dinheiro para comer hoje. Essa polícia nem pena de uma deficiente tem?”, interroga-se.
 
Joana Manuel, de 34 anos, grávida de oito meses, desmaiou quando soube da perda do seu negócio. Do lote levado pelos fiscais e agentes policiais constavam três caixas de pilhas, lanternas, sabonetes, pasta de dentes e guardanapos no valor de 35,000 kwanzas. O seu marido encontra-se internado há três meses, com diabetes, e tem cinco filhos para sustentar, quatro dos quais são órfãos de pai. “Ficámos sem nada. Era todo o meu negócio para sustentar a família, levar alimentos para o meu marido. Não lhe disse nada para não o matar”, lamenta Joana Manuel.
 
Maria João, de 43 anos, teve de ir à escola socorrer o seu filho que deslocou o braço, durante uma brincadeira no intervalo da escola. Levou-o ao hospital e, no regresso no período da tarde, dirigiu-se à casa de Esperança Néné para cuidar do seu negócio de sapatos usados. Chegou pouco depois dos agentes policiais e fiscais terem realizado a sua operação. Ficou sem quatro sacos de sapatos usados.
 
“Eu sou o pai e a mãe de sete filhos, três dos quais são órfãos do meu irmão. O que faço agora? Aqueles sacos eram o meu investimento para sustentá-los”, desabafa Maria João.
 
Indignada, Maria João conta o que se passou no departamento de fiscalização, para onde se dirigiram a 15 e 17 de Agosto, tendo lá passado o dia todo, até cerca das 20h00. “Nós vimos os agentes da Polícia Nacional e os fiscais a dividirem os nossos bens entre si, quando fomos reclamar à fiscalização. Escolheram o que lhes interessava, o que achavam podre puseram de lado para ir oferecer aos leprosos para fingirem que são caridosos, estes ladrões”, disse.
 
Maria Alberto, 32 anos, é viúva e mãe de seis filhos. Perdeu um saco de calçado em segunda mão, no qual investiu 25,000 kwanzas. “Os nossos bens estavam dentro de uma casa, não estavam na estrada. Qual é o direito da polícia em arrombar uma casa e levar as coisas que encontra lá?”
 
Maria José Famoroso, de 24 anos, também perdeu um saco de calçado em segunda mão. “Nós também fomos à esquadra da polícia da vila de Cacuaco. Os agentes que apontaram as armas à D. Esperança Néné e lhe assaltaram são da esquadra da vila. Deram-nos corrida e mandaram-nos ir ter com a fiscalização. Estamos mesmo mal. A pessoa até já não sabe o que fazer para sobreviver nesse país”, diz Maria José Famoroso.
 
Efectivos do Comando Municipal da Polícia Nacional e do departamento de fiscalização da administração municipal de Cacuaco continuam a realizar operações de assaltos a residências de vendedeiras, segundo soube o Maka Angola pouco antes da publicação desta matéria.Maka Angola retomará o assunto tão logo obtenha mais entrevistas com as novas vítimas.
 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

LISBOA: Angola atravez da filha do ditador angolano e da empresa SONANGOL tornaram-se os principais e maiores investidores na bolsa de valores portuguesa. E essa hein! Querem mais ou chega?

Angola é o maior investidor estrangeiro na bolsa nacional

Rui Barroso   
Divulgação: www.planaltodemalangeriocapopa.blogspot.com

20/08/13 00:06
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A família Soares dos Santos mantém a maior posição na bolsa portuguesa. No entanto, a Sonangol e Isabel dos Santos escalaram lugares na lista dos maiores investidores.
Os investidores angolanos são os estrangeiros que têm uma maior posição nas cotadas do PSI 20. No total, as aplicações feitas por entidades do país africano valem 2,86 mil milhões de euros, segundo cálculos do Diário Económico. As posições na Galp, Zon Multimédia e BPI foram suficientes para que Angola ultrapassasse a China, Itália e Espanha na lista dos países com posições mais significativas no mercado accionista português.

Um dos factores que ajudou os investidores angolanos a chegarem ao topo dos que mais investem nas cotadas do PSI 20 foi o reforço que a Amorim Energia, detida a 55% por Américo Amorim e em 45% pela Esperanza Holding, tem feito na Galp. A Esperanza Holding é detida pela Sonangol, que controla a entidade, e por Isabel dos Santos. A posição deste veículo de investimento angolano na Galp vale 1,79 mil milhões de euros. Já a participação de Américo Amorim está avaliada em 2,2 mil milhões de euros, o que faz do empresário português o quarto maior investidor da bolsa portuguesa. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

LUANDA: Dos Santos é de facto o rosto da corrupção em Angola e não só...

Dos Santos é o rosto da corrupção - UNITA

Vitorino Nhany diz que corrupção em Angola está "hierarquizada" e só pode acabar com saída do governo
Mãos limpas? Eduardo dos Santos
Mãos limpas? Eduardo dos Santos

TAMANHO DAS LETRAS
 
Manuel José
Radz Balumuka
O presidente angolano José Eduardo dos Santos “é o rosto da corrupção” em Angola e por isso a corrupção no país só acabará  quando o seu regime sair do poder, disse Segunda feira um  destacado dirigente da UNITA.
Vitorino NhanyVitorino Nhany
"O senhor José Eduardo dos Santos não pode assumir o combate à corrupção porque combater a corrupção significa combater-se a si mesmo já que ele 'e o rosto da corrupção," disse o secretário geral da UNITA Vitorino Nhany

Questionado, para apresentar provas do que diz, o secretário geral da UNITA exemplificou com a noticias de que a filha do chefe de estado tinha-se tornado numa das as mulheres mais ricas do mundo graças á conexão familiar com o poder.

Um segundo exemplo apresentado pelo numero dois da UNITA foi o “escândalo Kangamba em Franca.

Várias pessoas associadas ao general foram recentemente presas quando transotavam cerca de 4 milhões de dólares em notas para o Monaco onde alegadamente se encontrava o general.

Este negou qualquer envolvimento

Mas para Vitorino Nhany tudo isto é um sinal claro  que em Angola a corrupção é um fenómeno oficializado e controlado pelas autoridades.

"A corrupção em Angola 'e oficial, hierarquizada e controlada porque nunca encontrou um combate cerrado por parte das autoridades," disse.

LUANDA: Governo rejeita autonomias regionais e ameaça autonomistas com violência militar.

Angola: Governo rejeita autonomias regionais

Presidência diz que "não dará tréguas" a quem ameaçar a unidade do estado angolano. Declaração surge após contactos entre movimento das Lundas e parlamentares do MPLA
Ministro de estado e chefe da casa civil da presidência Edeltrudes da Costa
Ministro de estado e chefe da casa civil da presidência Edeltrudes da Costa

TAMANHO DAS LETRAS
 
Redacção VOA
Divulgação: www.planaltodemalangeriocapopa.blogspot.com
O governo angolano não  reconhece nem tolera qualquer reivindicação de autonomia regional  e tomará medidas duras contra quaisquer iniciativas nesse sentido, disse a presidência.
A posição está contida numa carta  assinada pelo ministro de estado  e chefe da casa civil, Edeltrudes da Costa, a José Mateus Zecamutchima, presidente  uma das facções do movimento do protectorado da Lunda Tchokwe, que luta pela autonomia da região.

Na carta datada de 1 de Agosto aquele destacado funcionário da presidência  afirma que todos devem obediência e respeito á soberania de Angola que “ é una e indivisível e pertence ao povo que a exerce através do sufrágio universal livre e directos, secreto e periódico”.

Na missiva aquele ministro na presidência diz ainda  que a constituição da república de Angola “ não reconhece quaisquer pretensos protectorados nem contempla a concessão de qualquer autonomia administrativa, económica e política  a nenhuma parcela do território nacional que é uno e indivisível”.

Edeltrudes da Costa  diz que o estado angolano “não dará tréguas  e combaterá energicamente todos os actos que tentem contra a estabilidade , a segurança, a ordem publica e a integridade territorial defendendo a constituição e a unidade da nação”

Zecamutchima disse á Voz da América que a carta da presidência, assinada por Edeltrudes da Costa, apanhou-o de surpresa porque estavam já a decorrer contactos sobre a questão da autonomia das Lundas.

O presidente daquela facção do Movimento do Protectorado dos Lundas disse que tinha enviado uma carta á presidência pedindo autorização para a organização de manifestações a favor da autonomia das Lundas e também pedir explicações sobre o silêncio do governo angolano em redor da questão.

A carta protestava também contra a contínua detenção nas Lundas de activistas do movimento.

Zecamutchima disse ter sido apanhado de surpresas pela carta porque tinha já decorrido dois cotnctos com parlamentares do MPLA para discutir a questão da autonomia das lundas.

Nesses contactos que, segundo disse, ocorreram em Dezembro e Abril, teria mesmo sido discutida a possibilidade de um referendo  nas lundas sobre a autonomia.

“Agora de repente vem uma carta desta natureza que indica que o presidente Eduardo dos Santos fechou a porta ao processo,” disse.

Interrogado sobre que passos poderia agora dar, o dirigente daquela facção do movimento das lundas disse que a decisão compete “ ao povo da Lunda Tchokwe” criticando “ falta de capacidade intelectual daqueles que acham que não devem conversar com as outras pessoas”.

“Seguramente que este assunto não vai parar aqui,” acrescentou para afirmar ainda que “sem diálogo os conflitos nunca têm fim”
.

LUANDA: No bairro margoso existem grandes disparidades entre os seus moradores. A urbanização centra-se na construção de sumptuosas residencias para os ricos por uma lado, e por outro lado, restam os despojos para os pobres.

Margoso: Urbanização para os Ricos, Despojo para os Pobres
José Agostinho Quiteque, de 31 anos, representa a terceira geração da uma família nascida no Bairro Margoso, no Distrito da Maianga, em Luanda. O bairro, aninhado na encosta entre a zona urbana do Prenda, o Bairro Azul e a Avenida Revolução de Outubro, será demolido para dar lugar a um projecto de urbanização para ricos.
 
A família Quiteque tem mais de 50 anos de vivência no bairro. O patriarca Agostinho Chiteque, natural do Kwanza-Sul, teve ali o seu primeiro filho há 52 anos, na primeira casa de madeira que construiu, precisamente no local onde hoje é a Clínica do Prenda. As autoridades coloniais concederam-lhe outro terreno, um pouco mais abaixo, onde construiu uma casa definitiva, em alvenaria, e ali se fixou até à sua morte, há quatro meses, aos 81 anos de idade. Teve quatro filhos, todos nascidos no Margoso.
 
No quintal, então com espaço suficiente, construíram-se quatro anexos para acomodar os filhos e suas respectivas famílias.
 
O primogénito Manuel teve oito filhos, naquela comunidade familiar. Por sua vez, o seu primogénito José teve três filhos, no mesmo local, constituindo assim a quarta geração dos Quiteques no Bairro Margoso.
 
José Agostinho Quiteque é hoje um dos membros da comissão de moradores para a defesa do realojamento condigno daqueles que serão expulsos do Margoso devido ao novo projecto de urbanização.
 
A 14 de Agosto passado, pouco mais de uma centena de moradores, maioritariamente mulheres, perfilharam-se na Avenida Revolução de Outubro, ao raiar do dia, para protestar contra o que seria a data marcada paras as demolições do bairro. Altas entidades governamentais, militares e policiais acorreram ao local para constatarem a razão da manifestação, pacífica e ruidosa, numa das principais artérias de Luanda, que se prolongou até perto do meio-dia.
 
“Passámos três semanas sem dormir, com o pesadelo das máquinas que viriam à noite ou de madrugada demolir as nossas casas, como é prática do governo”, explica Manuel Paulo, de 26 anos, nascido no Margoso.
 
A ordem para a demolição das primeiras 150 casas, marcada para 14 de Agosto, foi transmitida aos moradores pelo director do Projecto de Requalificação do Bairro Margoso, Baixo Prenda e Chabá, António Teixeira João.
 
Foi também António Teixeira João quem telefonou pessoalmente ao comando policial do distrito da Maianga para providenciar os efectivos necessários para a operação, segundo um comandante local. O mesmo oficial referiu que normalmente é o comando-geral da Polícia Nacional quem ordena as esquadras policiais a acompanhar as demolições.
 
Outro oficial da Polícia Nacional, presente no local, aceitou, a pedido da comissão de moradores, ver as imagens das chamadas “casas evolutivas”, no Zango, onde as famílias deverão ser realojadas. As “casas evolutivas”, assim denominadas pelos arquitetos do executivo do presidente José Eduardo dos Santos, são edificações de dimensões exíguas, sem acabamentos, que têm sido construídas em bairros de realojamento na zona de Luanda (Zango, Viana e Panguila) e também em alguns municípios de Malanje. Disse apenas: “Estou sem palavras. Façam uma manifestação pacífica e não agiremos”.
 
A Brigada Canina da Polícia Nacional, enviada ao local, manteve os cães nas viaturas. Até o chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general Zé Maria, sempre lesto a pressionar a repressão de manifestantes, teve atitude diferente. Conversou com uma moradora, Marisa, que lhe entregou um dossier sobre a posição dos moradores, as convocatórias recebidas pelos visados e fotos do local de realojamento no Zango. Em seguida, retirou-se do local.
 
O presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda (CACIL), general José Tavares, deslocou-se ao local, quando soube do protesto, e organizou uma reunião com os moradores, a quem transmitiu o seu desconhecimento sobre quaisquer ordens governamentais para as demolições.
 
No mesmo dia, o porta-voz da CACIL, João Dombaxi, revelou à TV Zimbo que António Teixeira João não tinha autorização para ordenar as demolições. “Concluiu-se que houve algum equívoco em alguém não mandatado para o efeito ter determinado o realojamento da população do Margoso para o Zango”, disse Dombaxi.
 
O porta-voz referiu também que a CACIL concluiu que “não há condições para que as populações possam ser transferidas nessa altura para o Zango, em virtude de, segundo os populares, não existirem condições e infrastruturas para o efeito”.
 
“A zona de realojamento não tem água, energia eléctrica, escolas, postos médicos. Esses governantes são desumanos, querem acabar connosco que somos pobres”, denuncia José Agostinho Quiteque.
 
O membro da comissão de moradores nota ainda a falta de condições de habitabilidade das casas onde deverão ser realojados.
 
As casas evolutivas têm duas divisões exíguas, uma para quarto e outra para casa de banho. “Cada morador tem de rebocar as paredes interiores, cimentar o chão, instalar sanita na casa de banho e construir a cozinha e sala”, explica José Agostinho Quiteque.
 
Na zona do Zango, para onde deverão ser transferidos os moradores do Margoso, fora da cidade de Luanda, encontram-se já muitas famílias desalojadas da Ilha de Luanda. Desde há quatro anos que vivem em casebres improvisados de chapas, papelões e outros materiais. As tendas que lhes haviam sido entregues pelo governo, como moradias, rasgaram-se e deterioram-se com o passar do tempo.
 
 
Vida Urbana para Ricos
 
A 25 de Março passado, o governador de Luanda e primeiro secretário do MPLA na provincial, Bento Bento, presidiu a uma reunião sobre o processo de requalificação do Margoso e Chabá. Os ministros da Construção e do Urbanismo e Habitação, entre outros dirigentes, participaram do encontro.
 
Na ocasião, o coordenador do projecto, Mateus Morais de Brito Júnior, revelou à imprensa o destino do Margoso e Chabá: “Vamos tirar todos aqueles casebres e transformar num bairro nobre, com equipamentos sociais. O que estamos a discutir agora é como desalojar e realojar a população que vive naquela zona”.
 
Mateus Morais de Brito Júnior é o vogal da empresa Vida Urbana S.A., a quem o governo atribuiu a concessão da zona a demolir. Brito Júnior foi ministro da Construção, deputado do MPLA e, actualmente, exerce a função de administrador não-executivo do Jornal de Angola.
 
A Vida Urbana Limitada foi criada em 2002 pela advogada Paulette Maria de Morais Lopes. Em 2009, a empresa transformou-se em sociedade anónima e passou a designar-Viva Urbana S.A. Aumentou o seu capital de 450,000 kwanzas para 1.8 milhão de kwanzas, na altura equivalente a US $20,000. Paulette Lopes passou a deter 80 porcento do capital, enquanto os seus sócios Hélia Maria Bernardo Miguel, Mara Geovana Contreiras Cirilo de Sá, Djamila Sousa Pinto de Andrade e José de Carvalho Tavares ficaram nominalmente com cinco porcento cada. O cidadão norte-americano George Wesley Sherrell é o presidente do Conselho de Administração da referida empresa.
 
Como é possível que uma empresa desconhecida, sem qualquer historial de construção civil digno de registo, ganha uma empreitada desta dimensão, sem concurso público, e que envolve o desalojamento de perto de 3,000 famílias?
 
No entanto, George Wesley Sherrell, é também administrador de uma outra empresa, nominalmente propriedade da advogada Paulette Lopes, a Kworum Capital, Limitada.
 
No seu website, a Kworum Capital é apresentada como uma empresa bancária de investimentos fundada por um grupo de banqueiros internacionais e gestores experientes. A empresa dedica-se principalmente à captação e realização de financiamentos para projectos comerciais e de infrastruturas em Angola, através de parcerias com bancos locais e internacionais. Também investe em empresas na África Austral e Ocidental.
 
Maka Angola irá investigar, nas próximas semanas, as empresas Vida Urbana e Kworum Capital, a sua relação com o poder e a sua capacidade de influenciar o despejo arbitrário dos moradores do Margoso e Chabá, de forma desumana.