quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

LUANDA: Corrupção do Regime Mata as Nossas Crianças

CORRUPÇÃO DO REGIME MATA AS NOSSAS CRIANÇAS


nicki-minaj

Dados oficiais, triados obviamente por essa mítica entidade que dá pelo nome de “ordens superiores”, revelam que 150 pessoas morreram na província angolana do Bié devido à má nutrição. Mesmo que esse número fosse exacto (basta conhecer a região, ou o país, para saber que peca por enorme defeito) seria alarmante. Mas não é. Nem esse nem o que revela que 20 milhões de angolanos são pobres.

Segundo o director provincial de Saúde no Bié, João Cacungula, as mortes foram registadas entre os 2.020 novos casos notificados no ano passado.
O responsável, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, avançou que estes números, quer de casos, quer de mortes, indicam uma redução, comparativamente a 2015, ano em que foram registadas menos 22 mortes e menos 99 casos de má nutrição.
João Cacungula frisou que 729 doentes registaram melhorias, 150 abandonaram o tratamento, enquanto 56 foram transferidos para unidades de saúde de referência.
O director provincial de Saúde do Bié avançou que os nove municípios dispõem de unidades especializadas para atendimento de casos de má nutrição, salientando que a formação de quadros de vigilância nutricional em todas as comunidades, acções de sensibilização e aconselhamento, sobretudo às mães que amamentam, têm contribuído para a redução do número de casos e da mortalidade.
Por muito que isso custe às “ordens superiores” (mais exactamente ao regime de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos), a verdade é que em Angola existem mais de seis milhões de pessoas subnutridas.

O eterno benefício da bajulação

Apesar desta triste e dramática realidade, essa coisa parasitária chamada Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) não se cansa de elogiar as autoridades esclavagistas do regime, indo mesmo ao ponto de (como faz servilmente Portugal) de elogiar o caso angolano que, afirma, desde o fim da guerra (2002) tem “demonstrado progresso” na evolução da sua situação económica e social e “assinaláveis melhorias na situação de fome e pobreza”. Vinte milhões de pobres são, certamente, a prova provada dessas assinaláveis melhorias.
Diz a CPLP que Angola registou progressos no ensino primário universal, redução da mortalidade infantil e saúde materna, graças a “investimentos assinaláveis nas infra-estruturas de saúde e da educação”.
Se com essas progressos Angola é o país do mundo com o maior índice de mortalidade infantil, onde estaria se não tivesse feito progressos?
Por alguma razão Angola é dos países mais corruptos do mundo e que regista o maior índice de mortalidade infantil.
Por alguma razão Angola é dos países mais corruptos do mundo e que regista o maior índice de mortalidade infantil.
Também é verdade, reconhecemos, que a CPLP refere que existe um “longo caminho a percorrer”, pois – diz – 37% da população vive abaixo da linha de pobreza, condição que afecta sobretudo o meio rural, onde estão 60% dos pobres.
Num índice sobre fome e nutrição, um total de 45 países foram analisados no contexto de 22 indicadores que procuram medir a actuação dos governos nas áreas de combate à fome e à subnutrição, tendo Angola ficado em 42º, apenas três lugares acima da Guiné Bissau, que contabiliza os piores resultados.
Apesar da enorme fortuna da família presidencial, Angola um dos países mais corruptos do mundo, é um dos países com piores práticas democráticas, é um país com enormes assimetrias sociais, é o país do mundo com o maior índice de mortalidade infantil do mundo.

Um caso paradigmático

No dia 16 de Março de 2016 a directora clínica do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino classificou como preocupante a situação naquela unidade sanitária, que estava a observar uma média diária de mais de 500 crianças e mais de 100 internamentos.
Elsa Gomes comentava assim a situação resultante do aumento da afluência de pacientes àquela unidade hospitalar, devido a várias doenças, maioritariamente malária, acompanhada de anemia severa, que estava a causar uma média por dia de 15 óbitos.
“Não sabemos bem o que é que se passa na rede periférica, nós em média observamos uma média de 500 e tal crianças por dia e estamos a internar mais de 100. O que nos dizem é que já foram a vários hospitais e que não encontraram médicos e por isso vêm a esta instituição, não sei qual é a veracidade da situação, mas a verdade é que nós temos uma quantidade muito grande de pacientes”, disse Elsa Gomes.
Segundo a responsável, o hospital tinha, como continua a ter, também um número exíguo de enfermeiros para atender à procura.
“Nós temos um número muito limitado de enfermeiros, isso é de conhecimento de toda a gente que já há uns anos que não há concurso público, saíram principalmente enfermeiros por transferência, porque chegou a altura das pessoas pedirem aposentadoria e nós temos um número muito exíguo de enfermeiros e daí a grande dificuldade que nós temos em atender todos os doentes que nos chegam”, salientou a médica.
Elsa Gomes sublinhou que para a alteração do actual quadro, só uma melhoria na rede do saneamento básico poderá fazer mudar as estatísticas daquela unidade sanitária.
Também em declarações à imprensa, o presidente da Associação de Pediatria de Angola, César Freitas, admitiu que são “elevadíssimos” os números de crianças doentes e de óbitos em todo o país.
“É uma situação que é difícil de gerir neste momento, temos muitas crianças, muitos óbitos, na realidade estas situações são previsíveis. Todos os anos, no princípio do ano, já sabemos que isso vai acontecer, porque é cíclico, é preciso que as autoridades possam ver, que os profissionais possam sentar, para ver e analisar o que se está a passar, porque mesmo nos anos anteriores é um período de muitos óbitos, mas este ano é demais”, disse o médico.
O Ministério da Saúde reconheceu que a situação era preocupante e disse, como diz sempre, estar a tomar medidas para alterar o quadro, tendo na altura já cedido ao hospital pelo menos mais 30 camas, material descartável e medicamentos.
A situação é bem antiga, quase tão antiga como a negligência do regime.

Uma vergonha de todo o tamanho

Em Junho de 2015, por exemplo, o jornal “The New York Times” mostrava a dura realidade dos serviços de saúde de Angola, o país do mundo com o maior índice de óbitos entre crianças, e ligou-os aos números devastadores da corrupção do regime.
Tudo começava, na reportagem, com uma mãe e uma avó que viam morrer em frente aos seus olhos o seu menino. É José. O hospital é impecável, pelo menos nas infra-estruturas e limpeza. Mas, como em tantos outros que aparecem na reportagem, faltam médicos e enfermeiros.
Há 60 mil crianças que morrem todos os dias no mundo. Mas em nenhum país morrem mais crianças do que em Angola. “Ainda assim o governo decidiu cortar os custos com a saúde em 30%”, alertava o jornalista Nicholas Kristof que, juntamente com Adam B. Ellick, assinam o trabalho do jornal norte-americano.
Os jornalistas do “The New York Times” apontavam, e bem, a corrupção como o factor que espoleta esta tragédia humanitária em Angola e mostraram imagens das festas do centro da capital Luanda em que Porsche e Jaguar são meio de transporte habituais e o champanhe é rei nos balcões dos bares.
O clã Eduardo dos Santos não deixa os seus créditos por convidados alheios. O Povo morre de forme, mas o que é que isso interessa?
O clã Eduardo dos Santos não deixa os seus créditos por convidados alheios. O Povo morre de forme, mas o que é que isso interessa?
O jornal norte-americano descrevia Angola como um país de muitas e profundas desigualdades, em que o petróleo e os diamantes deviam ser mais do que suficientes para evitar a morte de crianças.
Nicholas Kristof diz que a maior parte dos casos de morte de menores eram possíveis de prevenir e no texto introdutório da reportagem afirma que nunca mais poderá fazer outro trabalho igual em Angola.
“Angola naturalmente não recebe bem os jornalistas. Demorei cinco anos até conseguir um visto para entrar em Angola, e depois desta reportagem duvido que mais alguma vez consiga entrar no país enquanto este regime estiver no poder”, avança o jornalista.

Só mesmo a… tiro

Recordam-se que, entre outros, a rapper norte-americana Nicki Minaj não ligou aos apelos e veio actuar em Angola, o país onde uma em cada seis crianças morre antes de completar cinco anos?
Recordam-se que a anfitriã, Isabel dos Santos, compensou-a com o módico cachet de cerca de 2 milhões de dólares?
Segundo a Unicef, para além dos números preocupantes relativos à mortalidade infantil, os dados indicam ainda que mais de um quarto das nossas crianças está fisicamente afectado pela subnutrição e que os casos de morte materna durante o parto são de 1 em 35.
Os pais destas crianças que, ao contrário do que pensa o paizinho da rainha santa Isabel, são angolanas, ficaram felizes porque – segundo o regime – a presença de Nicki Minaj ajudou a alimentar muita gente. E é verdade. O clã presidencial alimenta-se muito bem.
Thor Halvorssen, presidente da Human Rights Foundation, bem disse que a corrupção e nepotismo do regime angolano são uma realidade há 40 anos. Mas não adianta.
As crianças morrem à fome? Morrem. Mas o que é que isso interessa? Se os governos europeus e norte-americano idolatram José Eduardo dos Santos, considerando-o um ditador… bom, porque carga de chuva Nicki Minaj não poderia ir sacar uma massas, indiferente ao sofrimento dos angolanos?
A história nem sequer é nova. Há quatro anos já a Human Rights Foundation (HRF), organização de defesa dos direitos humanos sediada em Nova Iorque, acusou a cantora norte-americana Mariah Carey de ter aceitado um cachet de um milhão de dólares para dar um concerto para a “cleptocracia de pai e filha” no poder em Angola.
Na altura, a HRF argumentou que, ao actuar num espectáculo de beneficência para a Cruz Vermelha de Angola, a cantora estava a aceitar “dinheiro da ditadura”.
Thor Halvorssen também divulgou na altura um comunicado no qual descreveu a actuação de Mariah Carey em Angola como “o triste espectáculo de uma artista internacional contratada por um implacável estado policial para entreter e branquear uma cleptocracia de pai e filha que acumulou biliões em rendimentos ilícitos”.
Recorde-se que, em 2011, Mariah Carey confessou publicamente o seu embaraço por ter cantado, em 2008, para o ditador líbio Muammar Khadafi e respectiva família. “Fui ingénua e não sabia por quem estava a ser contratada” afirmou então a artista, acrescentando que “a lição” a tirar do episódio é a de que os artistas “têm de ser mais conscientes e responsáveis”.
Nick Minaj fez-se fotografar embrulhada numa bandeira angolana (“Angola, amo-te”, escreveu), ou ao lado de uma Isabel dos Santos em pose informal. “Nada de especial… Ela é apenas a oitava mulher mais rica do mundo”, escreveu a cantora.

Um mangueiral de crimes

Da parte do regime, vemos o ministro da justiça, Rui Mangueira, a dizer que Angola goza de credibilidade das instituições internacionais sérias em matéria de direitos humanos, por isso não consta da lista de países vistoriados pelas Nações Unidas neste segmento.
Mangueira, que certamente não leva nenhuma criança da sua família ao Hospital Pediátrico de Luanda, lembra que a avaliação que foi feita sobre Angola recentemente pelas Nações Unidas ao nível dos direitos humanos é “extremamente” positiva, “portanto, não há ao nível da comunidade internacional nenhuma condenação em relação Angola neste domínio”.
Rui Mangueira realçou que Angola não consta de nenhuma lista de países que têm que ser supervisionados em matéria de direitos humanos, as contribuições e os conselhos que têm dado ao nível do Conselho dos direitos humanos são fruto dos progressos que país tem estado a fazer.
Tem razão. As nossas crianças não são, segundo o regime, seres humanos e, por isso, não se lhes aplica a questão de terem direitos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

LUANDA: José Eduardo dos Santos Nunca Acreditou Numa Angola Para Todos

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS NUNCA ACREDITOU NUMA ANGOLA PARA TODOS
Presidente José Eduardo dos Santos, confesso que respirei aliviado por não se recandidatar como cabeça de lista, feita na reunião do comité central do MPLA, partido que o senhor se dignou converte-lo numa organização criminosa.
Fonte: Planalto De Malanje Rio capopa
08/02/2017

Os angolanos têm absoluta certeza, que José Eduardo dos Santos, nos 38 anos do seu consolado, não construiu o sonho dos angolanos viver numa angola igual para todos.
Com toda sinceridade, essa informação trouxe-me grande alivio e satisfação, por finalmente vê-lo apeado do poder após 38 longos anos de infernal podridão e sobretudo pela ausência de realismo e verdade democrática na gestão da coisa pública.
 Não importa de maneira alguma saber os reais motivos que o levaram a preparar a sua saída, o importante mesmo é que se vá em bora de preferência para bem longe, e, não volte nunca mais.
Não sei se ainda lembra dos longos e quase intermináveis diálogos travados várias vezes no passado na residência do nosso amigo em comum Pedro de Castro Van-dunem “Loy” nosso vizinho na altura. E não me esqueci desses diálogos. Onde o senhor presidente colocou todo aquele frenético nacionalismo? Afinal tudo não passou de efusivos discursos alienados discursos vazios?
 O senhor insultou a minha inteligência, mas, não precisava ir tão longe, atirar os seus cães de guarda contra mim é tolerável. Porém mandar-me prender no exterior em Portugal, depois pedir a minha extradição para Angola quando apenas poderia mandar que eu regressasse a Angola, isso foi horrível camarada presidente.
Foi um estrondoso erro de cálculo da sua parte ordenar o seu security manager na altura o general Fernando Miala, leva-se pessoalmente cópias de documentos falsos, e utilizar-se de estratagemas vulgaríssimos para acusar-me mentirosamente de me ter passado por seu irmão em Portugal. Isso foi a gota de água presidente.
 O senhor não precisava disso, e eu, não merecia de modo algum passar por esse traiçoeiro ataque em território estrangeiro. O senhor esqueceu-se que eu tenho filhos, netos, irmãos e família, minha mãe morreu de desgosto por causa de tudo isso que o senhor mandou fazer contra mim.
O senhor presidente sabe muito bem que eu não roubei nada ao regime, nunca me apoderei de nada que pertença ao povo, isso foi uma pratica quotidiana sua de seus filhos e filhas e de sua família em geral, não da minha família.
Presidente vá para longe, e aproveite bem gozar os biliões de euros roubados ao povo a quem um dia jurou fidelidade. O povo não quer nem precisa vê-lo novamente. A nossa cultura não é nem nunca foi a do ódio, o senhor incentivou a doutrina do ódio na nossa terra. Camarada vá-se embora enquanto é tempo, de preferência para muito longe, que seja no inferno ou onde quiser.
O povo não precisa sentir uma dose maior de repulsa do que aquela que já nutre hoje pelo senhor, e pela sua famigerada família.
O partido precisa de liberdade, e tem que ser liberto do corporal invólucro de sua pessoa, o partido necessita respirar livremente primeira vez, após 30 anos de permanente paralisia cerebral grave.
Por isso peço-lhe um último favor presidente, um pedido pessoal antes de deixar a presidência da república, entregue a chave do nosso partido e deixe o caminho livre ao novo cabeça de lista João Lourenço, deixe caminho livre para ele atuar a seu bel prazer. Ajude o camarada João Lourenço a possuir os cordéis do partido na mão.
Faça uma boa ação, faça como o seu antigo homologo moçambicano Joaquim Chissano, que saiu saindo, ele não saiu ficando camarada presidente. Joaquim Chissano deixou o executivo e igualmente deixou a presidência o partido FRELIMO, nas mãos do seu ministro da defesa Armando Guebuza que se tornou presidente correndo os seus próprios riscos.
Presidente o povo não aguenta mais a sua presença, estamos cansados consigo e com toda sua família composta de refinados larápios. Não estamos felizes, nunca fomos, também não queremos mais ser o seu saco de pancada.
O senhor matou à vontade vivermos felizes. Nós angolanos não confiamos no senhor.  Presidente o Senhor roubou-nos e remeteu-nos a um estado de miséria absoluta, sem esquecer os atentatórios abusos de poder, que fizeram do senhor o nosso carrasco linchador.
Presidente, o senhor sabe que sempre o confrontei diretamente sem rodeios, e no passado recente, disse-lhe frontalmente o que penso do senhor pessoalmente. Ao contrário do senhor, que habitualmente utiliza de práticas antiéticas e de todo criminosas para destruir a imagem e/ou mesmo assassinar traiçoeiramente aqueles que chocam diretamente com o seu modo autoritário de agir.
Em toda minha existência confrontei-o de peito aberto e coloquei o nome e chamei os bois pelos nomes sob risco de vida. É claro que paguei e continuo a pagar um preço altíssimo pelo facto. E valeu apena lutar contra si com total independência. Presidente o bom em tudo isso, é assistir de camarote a sua saída, e eu permanecer ativo na luta, o senhor mesmo sabe que afrontei as situações adversas com a altivez de cidadão descontente e encorajado pela razão.
Foi um compromisso que tive em combater as desigualdades criadas pela sua nefasta permanência prolongada que patrocinou a (in) governabilidade do país, razão pela qual acelerou a sua saída cobarde do poder. Como sempre o mesmo JES cobarde e medroso.
Presidente tudo que acreditei enquanto cidadão foi posto em causa pelo autoritarismo abusivo de sua falta de subtileza obstruída pela sua sórdida excentricidade, que despropositadamente levou-o a desativar a noção do republicanismo por excelência no país.
O nacionalismo republicano porque lutamos anos a fio, foi indecentemente substituindo por um feudo, criado a imagem e semelhança do ditador que o senhor se tornou. Camarada dos Santos o culto da personalidade, e adoração ao gigante de papel de alumino que o senhor se tornou, infelizmente para o cidadão, trouxe consigo a corrupção, o nepotismo, o açambarcamento, a repressão e o assassinato político.
Presidente linha divisória que divide hoje a legitimidade eleitoral da fraude é ténue e perigosa.
O senhor instalou a pratica de adulterar os resultados eleitorais, instalou a impunidade dos delinquentes do colarinho branco, instalou a corrupção como modo de governar o país e mais grave ainda a exportou para outros horizontes como em Portugal. O país foi instalado um regime corrupto e antidemocrático, onde a vontade de um só homem se tornou lei para muitos.
O partido, o nosso MPLA, foi por si transformado em propriedade privada sua, converteu negativamente o MPLA num partido estado, onde ambos se confundem.
Tenho plena consciência do putativo alvo que permanentemente me tornei, sei e tenho consciência das suas encobertáveis perseguições do seu entourage “leia-se private secret Security”, desde o dia que o confrontei diretamente pela primeira vez em Lisboa.
Presidente ainda me lembro da boa-fé quando há 38 anos atrás concordei unilateralmente confiar no senhor, aquando da sua nomeação como presidente da república popular de Angola, sobretudo, por me considerar na altura seu amigo. Debalde. É verdade que a muitos anos me adaptei a lutar contra a organização criminosa que o senhor instalou no país.
Com a saída do ditador do cenário político governativo, dá-nos a oportunidade de juntos tornar realidade a construção de uma Angola para todos. O sonho é irreversível e a sua natureza realística é completamente inalterável.
.........
Alguns camaradas do bureau político e ao comité central são coerentes, e apenas zelam para que JL interprete a real situação em que se encontra, e saiba gerir o momento certo de descolar-se da imagem deteriorado do ditador imundo.
A clara e exaustiva imensidão de dúvidas em relação a capacidade de JL governar para todos, e, levar o país a bom porto é real. Igualmente a outro grupo cidadãos mais afinados interrogam-se e com razão, acerca do que trará de prestativo a nova liderança do regime! Trará JL para os angolanos muito mais do mesmo?
Outros perguntam-se que tipo de liderança terá uma eventual liderança de João Lourenço, para merecer o apoio de todos aqueles que estiveram e estão ainda afrente da barricada contra a eternização do regime do ditador inepto José Eduardo dos Santos.
 Entendo e sou parte dos que desfilam essas pertinentes preocupações, sobretudo, aquelas relacionadas com inacreditável lista de deputados eivada de oportunistas bajuladores, aduladores, e perpétuos dilapidadores do erário público.
Porém, e apesar dessas relevantes inquietudes estacionadas numa evidente realidade dantesca, de permeio é preciso separar o joio do trigo. Primeiro, essa lista não foi da escolha de JL, foi a direção do atual MPLA, que conferiu perdulário credito a tal lista. Essa lista não advém da emanação liderada por João Lourenço.
O meu apoio vai para o camarada João Lourenço, desde que ele saiba cativar os militantes desavindos com José Eduardo dos Santos.

Sei que em política só existe a realidade exequível de projetos e não colagem disfuncionais como a do elo da premonição e da adivinhação. Mesmo vendo as coisas por esse prisma, mesmo estando longe do poder, prefiro conferir a JL a legalidade creditícia do benefício da dúvida, e por esse motivo vou apoia-lo como meu candidato, não integralizo a esse esforço a atual direção do MPLA, onde despontam personagens sinistras como o maligno intriguista Bornito de Sousa.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

LISBOA: JES Com 38 Anos no Poder e uma Fortuna Avaliada em 18,5 Mil Milhões de Euros - Sanday World



JES com 38 anos no poder e uma fortuna avaliada em 18,5 mil milhões de euros - Sunday World 

Fonte: Revista SÁBADO
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa
07/02/2017
Perdoem-me, mas, eu Sou Ladrão.
Não consigo resistir roubar os meus concidadãos.
JES com 38 anos no poder e uma fortuna avaliada em 18,5 mil milhões de euros - Sunday World


Presidente de Angola desde 1979, José Eduardo dos Santos 
anunciou esta semana que não será candidato a mais um mandato. Deixa o país com 40 por cento da população na miséria e com uma fortuna avaliada em 18,5 mil milhões de euros.
Ao fim de 38 anos como Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos anunciou no final da semana que não irá candidatar-se a novo mandato nas eleições gerais que se realizam este ano, em Agosto.
Apesar de Angola ser um país rico em petróleo – com 9,5 mil milhões de barris em reservas, segundo a OPEC – e em diamantes – é o segundo maior exportador no mundo, segundo o Banco Mundial - o líder do MPLA deixa o país numa grave crise económica.
Segundo, analistas internacionais, Angola é o país africano com mais probabilidades de entrar em default, ou seja, incapaz de pagar as dívidas que contraiu, como está a acontecer com Moçambique.
O legado do segundo mais antigo Chefe de Estado em África, a seguir ao presidente da Guiné Equatorial Teodoro Obiang Nguema, deixa marcas no país. Quinze anos depois do fim da guerra civil, travada entre o MPLA e a UNITA durante 27 anos, Angola é um país com graves problemas socioeconômicos.
Apesar do rápido crescimento económico nos últimos anos, suportado pelo preço do petróleo, mais de 40 por cento dos angolanos vive abaixo da linha de pobreza, com menos de 1,7 euros por dia, segundo o The World Factbook da CIA, um almanaque sobre todos os países do mundo da agência de serviços secretos norte-americana.
Uma em cada cinco crianças angolanas não chega a celebrar os cinco anos de vida
A mortalidade infantil é das mais elevadas no mundo – um em cada cinco crianças angolanas não chega a completar os cinco anos de idade, segundo a UNICEF. A principal causa é a pobre dieta alimentar e a falta de condições de higiene que causam variadas doenças: 60 por cento da população não tem acesso a saneamento básico e 40 por cento não tem água potável.
A esperança de vida dos angolanos salienta bem as dificuldades vividas no país: 56 anos, em comparação, em Portugal a esperança de vida é de 80 anos.
José Eduardo dos Santos, com 74 anos de idade, não passou por estas dificuldades. Filho de um pedreiro imigrante de São Tomé e Príncipe, estudou no Liceu Salvador Correia, a escola das elites de Luanda, onde ingressou no MPLA, movimento que contestava o poder colonial português.
Exilou-se no país vizinho, Congo-Brassaville, em 1961, de onde parte para a União Soviética (aliado do MPLA) para estudar engenharia petrolífera. Regressou a Angola em 1970 e lutou na guerrilha como especialista em comunicações.
Em 1975 foi nomeado coordenador do departamento de Negócios Estrangeiros do MPLA e, depois da independência, em Novembro desse ano, foi nomeado ministro dos Negócios estrangeiros, do governo liderado por Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola. Quando este morreu, vítima de cancro, em 1979, José Eduardo dos Santos foi escolhido pelo MPLA para liderar o país, então em plena guerra civil.
O engenheiro, então com 37 anos, prometeu reconstruir o país, mas a guerra com a UNITA, partido apoiado pelos Estados Unidos, continuou até 2002, altura em que se alcançou a paz, após o assassínio de Jonas Savimbi, líder do UNITA.
Apesar de ter anunciado que deixaria o cargo em 2001, manteve-se na liderança do país até este ano. Entretanto abandonou a ideologia marxista que defendia e implementou uma economia de mercado no país, que se tornou no segundo maior produtor de petróleo de África e um dos mais corruptos, segundo a agência de notícias Afrol News.
Ao mesmo tempo, perseguiu os opositores. Em 2015 prendeu e acusou de rebelião 14 activistas pró-democracia, incluindo o rapper Luaty Beirão, que iniciou uma greve de fome de 36 dias. Foi libertado em Junho de 2016.
Segundo a revista Forbes, o presidente tomou controlo das principais empresas e indústrias do país. E quando isso foi tornado ilegal pelo parlamento angolano, José Eduardo dos Santos passou o controlo a um dos cinco filhos, Isabel dos Santos, a mulher mais rica de África, com uma fortuna avaliada em quase 3.000 milhões de euros.
O próprio terá acumulado um património de 18,5 mil milhões de euros, segundo o  sul-africano Sunday World. 
Revista Sábado

LUANDA: A "Magia do Regime" na Defesa do PGR

A “MAGIA” DO REGIME NA DEFESA DO PGR


Era uma vez um procurador-geral da República (PGR), general de três estrelas, que tinha um terreno escondido no Kwanza-Sul. Tinha-o obtido através de um contrato de concessão do Estado, a um preço irrisório, para desenvolver atividades de enriquecimento pessoal, naturalmente incompatíveis com as suas funções públicas de alto-representante do Estado. Quando foi descoberto e divulgado o esquema através do qual o procurador obteve o terreno, surgiram em cena os mágicos do regime, para fazer desaparecer a titularidade do terreno e provar que, afinal, o procurador não tinha nenhum terreno, devendo por isso apresentar queixa contra tamanha “falsidade”.
Mas as populações locais também lêem e sabem o que se passa. Elas são as testemunhas que impedem os mágicos do regime de usar a varinha que tudo transforma consoante os seus caprichos. Elas seguem atentamente todos os movimentos securitários e outros, e podem provar que a queixa contra o procurador tem sentido.
Alguns populares decidiram mesmo reivindicar o que acham que lhes foi retirado de forma abusiva, e por isso utilizaram o referido terreno para plantar milho nos hectares ainda não ocupados.
Para acabar com todas as dúvidas e confusões sobre o terreno que o PGR adquiriu no Kwanza-Sul para construção de um condomínio privado, publicamos aqui o Título e Contrato de Concessão de Terreno assinado pelo general João Maria Moreira de Sousa, o PGR. Omitimos, com um borrão, o número do seu Bilhete de Identidade e endereço residencial. Depois, confrontaremos as entidades que procuram a todo o custo adulterar os registos oficiais.
 

LUANDA: Reforma dos Generais: Dos Santos Começa a Limpar a Casa

REFORMA DOS GENERAIS: DOS SANTOS COMEÇA A LIMPAR A CASA


O presidente José Eduardo dos Santos deverá reunir, nos próximos dias, o Conselho Nacional de Defesa e Segurança, pela primeira vez em mais de dois anos.
A reunião deverá abordar propostas para os cargos de ministro da Defesa, de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, de chefe de Estado-Maior do Exército, dos comandantes das regiões militares, assim como de outros postos importantes do exército.
Segundo fonte do Maka Angola, o encontro servirá também para dar seguimento ao processo de reforma dos generais. Na reunião do Bureau Político do MPLA no passado dia 30 de Janeiro, José Eduardo dos Santos manifestou o seu interesse em passar à reforma alguns generais no activo que são da sua inteira confiança, de modo que o seu sucessor tenha condições para preparar a sua equipa.
José Eduardo dos Santos referiu-se especificamente aos casos do chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, do chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general Zé Maria (o mais velho com 74 anos); do chefe da Unidade de Guarda Presidencial (UGP), general Alfredo Tyaunda; e do chefe da Unidade de Segurança Presidencial (USP), general José Maua.
No seguimento da notícia da reforma do comandante-em-chefe, que em Setembro completa 38 anos no poder, houve claros sinais de alívio vindos do seio do exército. Contrariamente aos temores iniciais, as primeiras ilações dos meios competentes acerca do estado de opinião no exército indicam que há um sentimento de apoio generalizado ao anúncio de reforma do comandante-em-chefe, desde os soldados ao generalato.
Segundo fontes palacianas, após a reunião, o presidente deverá seguir para Espanha, para retomar os seus tratamentos médicos, que interrompeu em Novembro passado, por ocasião da morte do seu irmão mais velho, Avelino dos Santos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

LUANDA: Na Hora do Adeus, Camarada Presidente

NA HORA DO ADEUS, CAMARADA PRESIDENTE


É com enorme sentimento de esperança que lhe escrevo novamente para, em primeiro lugar, felicitá-lo pela sua decisão de se reformar da presidência da República de Angola, após 38 anos de poder.
Muitos se interrogam sobre as razões que terão pesado na sua decisão. Desde especulações sobre o seu estado de saúde, a vontade pessoal, o esgotamento da sua imagem por causa dos escândalos de corrupção e incompetência do seu governo, a falência das suas políticas económico-sociais. Seja como for, a verdade é uma, camarada presidente: a decisão é acertada e deve representar um grande alívio para si, assim como para todos os angolanos de bem que aspiram à mudança e a uma nova liderança.
Mas é de esperança que devemos falar. Conto-lhe uma breve conversa que tive a caminho do aeroporto, em Joanesburgo, com o taxista zimbabweano. Falou-me do seu anúncio como algo positivo que deveria inspirar o seu presidente, Robert Mugabe, de 93 anos, a seguir o mesmo caminho. Na lista dos presidentes longevos, liderada pelo da Guiné-Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, com mais um mês no cargo do que o camarada presidente, Robert Mugabe é o terceiro. Ao optar voluntariamente pela sua saída, o camarada presidente acaba de tornar-se um exemplo entre os ditadores. É um mérito. Oxalá o sigam.
Acredito que, nos meses que lhe restam enquanto presidente, o camarada tomará algumas decisões destinadas a limpar e a arrumar um pouco o seu governo, para que o seu sucessor encontre uma casa com certa ordem.
Um dos pontos que mais tem desgastado a sua imagem e que exige atenção urgente é a partilha do poder com os seus filhos. Aproveite para criar também um ambiente de humildade e segurança no que diz respeito à sua família, tomando a decisão de demitir, também voluntariamente, os seus filhos José Filomeno do Santos da presidência do Fundo Soberano, e Isabel dos Santos da Sonangol. Isso teria um significado muito importante, prenunciando o fim do nepotismo. O seu sucessor e respectivo governo não seriam tentados a seguir as más práticas do passado, e a sociedade tornar-se-ia mais exigente na demanda pela transparência, integridade e boa conduta dos dirigentes.
Ademais, seria sem dúvida um imenso alívio para os seus filhos, que, livres desses encargos oficiais, poderiam então dedicar-se a gozar as suas fortunas. De outro modo, estarão sob maior pressão pública, porque serão vistos como a continuidade do poder do seu pai, e terão de prestar contas, independentemente da protecção que o próximo presidente lhes possa oferecer, por obediência, lealdade, respeito ou temor a si.
Não basta o seu anúncio de saída, camarada presidente, para garantir o seu estatuto pós-presidencial: pode e deve tomar medidas simbólicas demonstrativas de que está a arrumar a casa para o próximo inquilino. Valoriza-o a si e deve ser parte do seu legado.
Camarada presidente, tenho sido um crítico acérrimo do seu poder, pelas consequências que tem infligido no desvario da corrupção e na violação sistemática dos direitos humanos.
Mas o que mais ressinto, como ser humano e cidadão angolano, é o modo como o seu regime depauperou os angolanos excluídos dos privilégios ou da protecção do seu poder, negando-lhes dignidade enquanto indivíduos.
Incontáveis vezes me sinto isolado, hostilizado e humilhado por lutar pelos direitos dos meus concidadãos e por um governo que os sirva com honestidade e devoção. Sinto por vezes como se estivesse a cometer um crime. Por essa luta, alguns dos seus acólitos, como o embaixador António Luvualu de Carvalho, chegaram a apodar-me publicamente de traidor, de vende-pátria. É irónico: os que roubam e desgraçam Angola, em conluio com parceiros estrangeiros e escondem as riquezas do país no exterior, passaram a ser os grandes patriotas.
Confesso que, em determinada altura, dormia mais do que devia por exaustão e via bastante televisão como anestesia, mas nunca perdi a esperança e o norte. A sua saída oferece a melhor oportunidade histórica para afirmar a cidadania e libertar a mentalidade colectiva dos angolanos dos traumas da violência política, da humilhação dos predadores, do jugo da propaganda, da mentira, da repressão e da falsa ideia de que só a corrupção enriquece o homem. Hoje, orgulho-me de fazer a diferença.
É pelo triunfo da cidadania que continuarei a lutar, desta vez sem mais reservas e receios, porque não podemos deixar escapar esta oportunidade de contribuirmos para uma Angola em que o bem-estar do cidadão seja o foco das prioridades do novo governo. Falhámos em 1975 (independência unilateral), em 1992 (guerra pós-eleitoral) e, com a paz de 2002, vimos os recursos do país servirem para a acumulação primitiva de capital por parte dos dirigentes, familiares e parceiros de negócios. Hoje temos um Estado falido, vivemos de aparências, medos e ódios incubados.
Camarada presidente, mais uma vez, saúdo-o pela sua corajosa decisão de permitir aos angolanos um novo começo. Adeus, camarada presidente. Votos sinceros de longa vida.
Pela transformação de Angola, lutemos pela cidadania.

LUANDA: Roménia Devia Aprender Com O Regime Do MPLA

ROMÉNIA DEVIA APRENDER 
COM O REGIME DO MPLA


crime

O Governo da Roménia aboliu hoje formalmente o decreto que aliviava a punição dos delitos de corrupção, na origem dos maiores protestos no país desde a queda do regime comunista, em 1989. No regime angolano, pelo que tem demonstrado ao longo dos últimos 41 anos, a corrupção tem os dias contados. Como? Vai deixar de ser crime.

“Se há corrupção, se há desvios, naturalmente não podemos ter paz autêntica”, afirmou Ximenes Belo que recebeu o Prémio Nobel da Paz conjuntamente com José Ramos-Horta. Embora se estivesse a referir a Timor-Leste, a afirmação aplica-se a qualquer país, desde logo a Angola que é um paradigma mundial da corrupção.
Essa peregrina ideia de querer pôr, em Angola, os corruptos a – supostamente – lutar contra a corrupção é digna dos bons alunos do regime angolano que, aliás, aprenderam com os exímios professores portugueses.
O suposto combate à corrupção em Angola apresenta resultados que situam abaixo de zero, o que pode ser entendido como normal num reino unipessoal. Essa peregrina ideia de, oficialmente, se chamar em vias de desenvolvido ao reino esclavagista de sua majestade o rei José Eduardo dos Santos, tem piada, tal como tem falar-se (nada mais do que isso) de corrupção.
Apesar dos “esforços”, traduzidos na produção de legislação para os papalvos angolanos verem, muitas das novas leis estão viciadas à nascença, com graves defeitos de concepção mas emblematicamente eficazes, como é o caso da Lei Probidade Pública.
Se em países desenvolvidos o combate à corrupção está enfraquecido por uma série de deficiências resultantes do facto de, na sua génese, faltar uma estratégia nacional de combate a esta criminalidade complexa, em países como Angola em que o clã monárquico representa quase 100% do Produto Interno Bruto, a corrupção tornou-se uma instituição nacional.
Assim, em Angola o sistema estimula os donos do poder para que, à boa maneira mafiosa, a corrupção medre e domine um reino esclavagista.
Goste-se ou não, o governo do reino de sua majestade José Eduardo dos Santos nunca aceitou estabelecer, objectivamente, uma política de combate à corrupção. O que tem feito é mascarar, criminosamente, a sua mafiosa actuação com leis que não se cumprem mas que – é claro – servem para propagandear a tese de que Angola é um Estado de Direito.
Mas do que é que estávamos à espera? Que os corruptos lutassem contra a corrupção que, aliás, é uma das suas mais importantes mais-valias?
Acresce que as iniciativas da sociedade civil, e até mesmo dos partidos da oposição, não travam a corrupção. Mas será que, no caso dos partidos, eles estão mesmo interessados em acabar com a corrupção? A dúvida permanece e, na sociedade civil, cresce a ideia de que – afinal – são todos fuba do mesmo saco.
De facto, a oposição política tem demonstrado fraca (às vezes nula) capacidade para acompanhar quer os processos de produção de legislação, quer a sua implementação. Neste caso a passividade, omissão ou cegueira é também (ou deveria ser) crime.
No nosso sistema político-partidário existe uma total irresponsabilidade dos eleitos face aos eleitores, e -convenhamos – as promessas de combate à corrupção acabam na prática por se transformar em acções que permitem o branqueamento de capitais, o nepotismo e verdadeiros manuais de como facilitar a corrupção.
Em matéria de ética, estes factores resultam na falta de honestidade para com os cidadãos e pela falta de sancionamento das irregularidades praticadas pelos políticos, sejam os que estão no poder há quase 41 anos ou os que mais recentemente chegaram à ribalta.
Para acabar com esta realidade, deveria haver uma fiscalização da parte do Parlamento. Mas como é que isso é possível se a Assembleia Nacional é ela própria um profícuo alfobre de corrupção? E nem sequer vale a pena falar em registo de interesses de deputados e membros do Governo e do alargamento do regime de incompatibilidades aos membros que integram os gabinetes governamentais.
De vez em quando os angolanos, seja por via directa ou não, resolvem falar de corrupção. Quase sempre, neste como em outros assuntos, apenas mudam as moscas…
Os angolanos são, na generalidade e em teoria, contra a corrupção, mas no dia-a-dia acabam por pactuar. Continuamos sem saber como é que se pode ser contra algo que, em sentido lato, já é uma “instituição” que no nosso caso tem 41 anos de vida. Falha nossa, certamente.
Ao nível simbólico, abstracto, toda a gente condena a corrupção, mas ao nível estratégico, no quotidiano, as pessoas acabam por pactuar com a corrupção, até nos casos mais graves, de suborno.
Não sabemos (isto é como quem diz) o que se chamará ao facto de quando alguém se candidata a um emprego lhe perguntarem se pertence ao MPLA. Será corrupção? E quando dizem que se fosse filiado no partido teria mais possibilidades? Ou quando se abrem concursos para cumprir a lei e já se sabe à partida quem vai ocupar o lugar?
A estrutura de poder em Angola é, basicamente, a estrutura de poder de Oliveira Salazar. É uma estrutura que se mantém e nos asfixia.
E quem tem força para contrariar o sistema sem, quando der por isso, estar enredado dos pés à cabeça, encostado à parede, com a vida (para já não falar do emprego) em perigo?
Afirmar que os níveis de corrupção existentes em Angola superam tudo o que se passa em África, conforme relatórios de organizações internacionais e nacionais credíveis, é uma verdade que a comunidade internacional reconhece mas sem a qual não sabe viver.
Aliás, basta ver como os políticos (António Guterres é o mais recente exemplo) e as grandes empresas internacionais investem forte no clã Eduardo dos Santos como forma de fazerem chorudos negócios… até com a venda limpa-neves.
Com este cenário, alguém se atreverá a dizer ao dono do poder angolano, José Eduardo dos Santos, que é preciso acabar com a corrupção?
Cremos, contudo, que a corrupção pode continuar ser uma boa saída para a crise angolana. Isto porque, como demonstraram os empresários portugueses e angolanos, é muito mais fácil negociar com regimes corruptos do que com regimes democráticos e sérios.
Por alguma razão, sendo Angola um dos principais fornecedores petrolíferos dos Estados Unidos da América, ninguém verá Donald Trump olhar para os caixotes do lixo de Luanda dos quais se alimentam muitos e muitos angolanos. São 20 milhões a viver na pobreza.
Quanto ao povo, Luanda está (continua a estar) no bom caminho. Ou seja, pôr os angolanos a aprenderem a viver sem comer.