“Dhlakama não constitui perigo para as FADM” EMG de Moçambique
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Windhoek- O Chefe de Estado-Maior General das forças Armadas de Moçambique, Major General Graça Tomás Chongo diz que Afonso Dhlakama não o preocupa e nega que haja discriminação de elementos da Renamo nas FADM. Graça Chongo diz ainda que o seu efectivo está à altura dos desafios actuais e minimiza a polémica na zona military. Uma das nossas obrigações é fazer com que estes jovens entendam a necessidade, entendam o dever de estar nas Forças Armadas. A defesa da pátria não é coisa fácil”.
Angola24horas: Foi empossado há cerca de três meses para o cargo de Chefe do Estado-Maior General. Qual é o seu maior desafio na liderança das Forças Armadas?
Major General Graça Tomás Chongo - Cumprir todas as orientações que o Governo me transmitiu. E sinto que vou cumprir.
Angola24horas: Como encontrou o seu efectivo quando assumiu a liderança?
Major General Graça Tomás Chongo - Faço parte das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, há bastante tempo, e não encontrei novidade nenhuma. Para nós, as mudanças são muito mais para dar a melhor continuidade. Isto significa que é preocupação minha dar essa boa continuidade.
Angola24horas: Qual é o modelo de recrutamento e de formação a todos os níveis nas Forças Armadas?
Major General Graça Tomás Chongo -Quem faz o recrutamento é o Governo. As Forças Armadas recebem o efectivo já recrutado. A formação subordina-se ao Estado-Maior General. Tem sido uma grande preocupação nossa formar a juventude em várias áreas. Isso significa formar especialistas de acordo com a especialização de hoje.
Angola24horas: Olhando para a Academia Militar, quais são os horizontes que As FADM colocam como desafio nesta academia?
Major General Graça Tomás Chongo -Temos certos estabelecimentos de ensino a nível das Forças Armadas. Começamos a nossa formação no Centro de Sargentos. Temos a academia que forma jovens oficiais das forças armadas em todas as especialidades que são prioritárias neste momento. Transformamos aquele sargento em oficial jovem. São esses jovens que devem garantir a continuidade daqueles velhos. Temos o instituto, onde qualificamos o conhecimento dos antigos sargentos. Na verdade, acrescentam os seus conhecimentos em diferentes áreas científicas da sociedade. Todavia, esses estabelecimentos são complementados pelos centros de especialização.
A vida militar é completamente diferente da vida civil. Nos últimos anos, tem-se notado a existência de muitos jovens a aderir às Forças Armadas. Estes jovens chegam com real noção do que é fazer parte do exército? Qual é o principal desafio que as Forças Armadas têm para fazer
Angola24horas: compreender aos jovens que entram para uma nova vida onde se cumprem ordens?
Major General Graça Tomás Chongo -É difícil, mas não podemos dizer que eles vêm sabendo que a vida é difícil. Eles vêm para aprender. Uma das nossas obrigações é fazer com que estes jovens entendam a necessidade, entendam o dever de estar nas Forças Armadas. A defesa da pátria não é coisa fácil. Que eles tomem isso como uma necessidade e um dos valores que os cidadãos moçambicanos têm. Nas Forças Armadas, temos aquela área a que chamamos educação cívica patriótica, onde educamos o cidadão. Ensinamos o que é ser moçambicano, o que é a defesa da pátria, o que é a nação, quando é que o cidadão deve contribuir. A partir desse momento, os jovens começam a perceber que não é fácil. Por isso, depois de muito treino e formação, enquadram-se com muita facilidade.
Angola24horas: FADM?
Major General Graça Tomás Chongo -Há desertores, sim. Nós temos que entender que nas Forças Armadas temos aquilo a que chamamos disciplina militar e que ela muitas vezes é violada. Temos, igualmente, actos criminais e um dos actos criminais é a deserção. Isso significa que todos os que desertam das Forças Armadas estão a cometer crimes. A nossa lei é bem clara, o desertor é um criminoso.
Um dos aspectos mais inquietantes e, ao mesmo tempo, constitui um tabu é a existência nas forças armadas de outras raças. Sendo este um país multirracial, por que as outras raças não estão nas Forças Armadas?
(risos) O recrutamento para a vida militar não depende das Forças Armadas. Depende do Governo. Agora, quem vai para as Forças Armadas é bem recebido. Quando vamos a uma pequena unidade, não vemos um branco, mas noutras unidades encontramos brancos. Nós temos alguns brancos. Fazer parte das Forças Armadas é um dever de todos os moçambicanos. Mas os moçambicanos sabem que não há discriminação racial nas Forças Armadas.
Angola24horas: Temos um membro das Forças Armadas que seja moçambicano de origem asiática?
Major General Graça Tomás Chongo -Temos. São poucos moçambicanos de origem asiática, porque o facto de estar em Moçambique não significa ser moçambicano. Ainda faz sentido ter quartéis dentro da cidade? Não é chegada a hora do reposicionamento das infra-estruturas militares?
O Governo dirige a sociedade. As Forças Armadas ocuparam algumas infra-estruturas deixadas pelas Forças Armadas portuguesas. Algumas não estavam dentro da cidade, só que a cidade cresce é preciso que haja prioridades. Eu não gostaria de responder por que não construímos o quartel fora da cidade. O quartel não se constrói de um dia para o outro. O quartel é património do Estado e ele é que o controla. As Forças Armadas podem ter vontade de ficar no mato, nas tendas, mas estas tendas não vão ficar muito tempo.
Angola24horas: As FADM estão em sintonia com o plano de restruturação da zona militar?
Major General Graça Tomás Chongo -As Forças Armadas não estão muito preocupadas com as infra-estruturas que o Estado lhes entregou. Se disserem que as Forças Armadas devem sair da zona militar, vão sair. As FADM não precisam exigir ao Governo para sair ou não sair. As FADM cumprem as orientações do Governo. A zona militar constitui património do Estado e as pessoas que moram lá não podem vender aquele território, uma vez que não diz respeito às Forças Armadas, mas, sim, a todo o património do Estado.
Angola24horas: Guiné-Bissau é um dos países onde o poder militar se sobrepõe ao poder político. E, exemplo disso são os constantes golpes de Estado. No nosso país, qual é a relação entre a ala militar e o braço político?
Major General Graça Tomás Chongo -As FADM subordinam-se ao poder político. Não gostaria de relacionar as FADM com as forças armadas guineenses. Temos os nossos princípios, sabemos o que fazemos, toda a orientação está muito bem clara. Nós temos uma cooperação bilateral e multilateral com a Guiné-Bissau
Entrevista conduzida por: Temba Museta, jornalista angolano, residente em Windhoek- Namíbia