sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

LISBOA: Morreu o politico global, estamos todos orfãos

Morreu Nelson Mandela, o político global

Morte de Nelson Mandela foi anunciada há momentos pelo presidente sul-africano Jacob Zuma.
Cristina Peres
Planalto De Malanje Rio Capôpa
 
Nelson Mandela (1918-2013)
Nelson Mandela (1918-2013)

Morreu Madiba. Morreu Nelson Mandela. Homem de Estado, Presidente da África do Sul (1994-1999),
 o mais conhecido presidiário do mundo, defensor da liberdade e dos direitos dos desfavorecidos, paladino da igualdade 
de oportunidades e do fim de todas as formas de opressão, Nelson Mandela morreu hoje em casa em Joanesburgo. 
Tinha 95 anos de idade.

A nação sul-africana chora o nonagenário que se encontrava fragilizado pela persistência de uma infeção pulmonar. 
Mandela tinha passado por um internamento hospitalar rápido, em 10 de março, para revisão do estado da infeção, 
que o mantivera internado 18 dias em dezembro de 2012. Ainda que ninguém possa estranhar que o fim chegue em idade avançada, 
Madiba tornou-se no símbolo universal que ninguém vê partir sem desgosto.
A morte de Mandela foi anunciada esta noite pelo presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em conferência de imprensa.

Legado político


O seu legado político ficou claramente expresso na frase que dirigiu aos milhares de pessoas que se juntaram em Hyde Park, Londres, 
em Junho de 2008, para comemorar os seus 90 anos: "Onde quer que haja pobreza e doença, onde quer
 que os seres humanos estejam a ser oprimidos, há trabalho a fazer. Após 90 anos de vida, é tempo de novas mãos empreenderem 
a tarefa. Agora, está nas vossas mãos".

A vida de Nelson Mandela personifica a ideia de que uma pessoa tem o poder de fazer a diferença e de deixar a sua impressão 
digital única no mundo. Nasceu Rolihlahla Mandela em 18 de Julho de 1918, na pequena vila de Mvezo, na província do Transkei, 
na África do Sul rural. Mandela é filho da segunda de quatro mulheres de um conselheiro Xhosa que estava destinado a ser chefe, mas que acabou por perder o título e a fortuna, morrendo quando Rolihlahla tinha apenas nove anos. A mudança de estatuto forçou a mãe a mudar-se com a família para Qunu, uma aldeia ainda menor a norte de Mvezo, e, por sugestão de um amigo do seu falecido pai, Rolihlahla foi batizado pela Igreja Metodista, foi o primeiro da família a frequentar a escola onde o professor lhe anunciou que passaria a chamar-se Nelson.

Da aldeia ao ANC


Tinha sido adotado pelo chefe Jongintaba Dalindyebo, o regente do povo Thembu, mudou-se para a capital de Thembuland para a
 residência real do chefe onde ouviu pela primeira vez falar de como África tinha vivido em paz relativa até à chegada dos brancos.
 Em 1939, entrou para a única universidade que podia ser frequentada por negros na África do Sul, a University College de Fort Hare, 
o equivalente no país a Oxford ou Harvard e foi ali que foi eleito para o Conselho de Representação dos Estudantes onde os seus atos, 
considerados de insubordinação, lhe valeram ser suspenso até ao final daquele ano letivo.

Ao voltar a casa, Mandela viu-se confrontado com o facto de lhe ter sido escolhida uma mulher para casar e fugiu para Joanesburgo, 
onde trabalhou numa série de funções enquanto terminava o seu bacharelato por correspondência. Entrou na Universidade de
 Witwatersrand para estudar direito e envolveu-se ativamente no movimento anti-apartheid inscrevendo-se no 
ANC (Congresso Nacional Africano) em 1942. Sete anos mais tarde, o ANC adotou oficialmente os métodos de boicote, greve, 
desobediência civil e não-cooperação, tendo como objetivos a plena cidadania, a redistribuição da terra, direitos sindicais e educação 
gratuita e obrigatória para todas as crianças.

Militância e prisão


Durante 20 anos, Nelson Mandela liderou uma campanha pacífica e não violenta contra o Governo e as suas políticas racistas e fundou
 um escritório de advocacia com Oliver Tambo que dava aconselhamento a negros que não dispunham de representação. Mandela e mais

 150 pessoas foram presas em 1956 acusadas de traição pela sua prática política embora tenham acabado por ser ilibados. Já menos 
convencido da eficácia dos métodos pacifistas que defendia, Mandela organizou uma greve nacional dos trabalhadores de três dias em
 1961 pela qual foi preso no ano seguinte. Em 1963, foi levado a tribunal e condenado, com outras dez pessoas, a prisão perpétua por o
fensas políticas, incluindo sabotagem.

Nelson Mandela foi detido em Robben Island 18 dos 27 anos de pena que cumpriu. Após 27 anos como o prisioneiro nº 46664 sob o 
regime de apartheid na África do Sul, Mandela emergiu como cabeça do ANC (Congresso Nacional Africano) para fazer a reconciliação
 com os seus opressores e conduzir o país pacificamente na sua transição após a era de 46 anos de segregação racial. Quando 
foi libertado, apelou de imediato às potências estrangeiras para que não reduzissem a sua pressão sobre o regime de Pretória com vista 
a uma reforma constitucional.

Legado


Mandela ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1993, quando era Presidente Frederik de Klerk e, em 1994, foi eleito o primeiro Presidente
 da África do Sul democrática. Cumpriu um único mandato, de 1994 a 1999, tendo sido sucedido pelo seu vice-presidente, Thabo Mbeki.

Mandela foi casado três vezes: com Evelyn Ntoko Mase (1944-1957) com quem teve quatro filhos; com
 Winnie Madikizela-Mandela (1958-1996) com quem teve duas filhas e com Graça Machel (1998).

O Dia Nelson Mandela foi instituído em 2009 para celebrar a sua vida e a chamada à ação que fez ao longo da sua 
vida. Celebra-se a 18 de Julho e, propositadamente, não é um feriado para que inspire todas as pessoas em todo o mundo
 a trabalharem pelos valores que Nelson Mandela defendeu ao longo de toda a sua vida
.


LISBOA: Morreu Nelson Mandela "Madiba": A liberdade como obra

Morreu Nelson Mandela: A liberdade como obra

O primeiro Presidente negro da África do Sul morreu nesta quinta-feira, anunciou Jacob Zuma, Presidente sul-africano. O líder da luta anti-apartheid tinha 95 anos.
Nelson Mandela foi um homem de gestos. Como este: apenas aceitou sair da prisão quando recebeu garantias de que todos os outros prisioneiros políticos seriam libertados como ele. O advogado e activista acreditou na luta pela libertação de todo um povo. Depois de 27 anos preso, foi eleito o primeiro Presidente negro na África do Sul. O seu legado vai muito além do seu país e do tempo em que viveu. Morreu nesta quinta-feira, com 95 anos, na sua casa em Joanesburgo.Quando anunciou que deixava a política, Nelson Mandela fê-lo com a mesma naturalidade com que dizia: “Toda a gente morre.” Escolheu deixar a presidência da África do Sul no fim do primeiro mandato dois anos depois de decidir abandonar a liderança do Congresso Nacional Africano (ANC), que transformou num farol da luta de libertação do seu país. Na sombra, manteve uma actividade pública, por vezes próxima da política. Estávamos em 1999.
Cinco anos depois, com 86 anos, anunciou brincando que ia “reformar-se da reforma”. Era a sua maneira de dizer que desta vez era mesmo de verdade. “Não me telefonem, eu telefono-vos”, disse na altura num encontro com jornalistas. “Não lhe telefonámos”, escreveu o jornalista Ido Lekota em 2010 no jornal The Sowetan, “mas a sua figura ‘maior do que a vida’ continua a pairar sobre a nossa democracia e o panorama político” da África do Sul, acrescentou.
Hoje, três anos depois, Ido Lekota continuaria provavelmente a escrever o mesmo do líder da luta anti-apartheid, preso durante 27 anos por lutar contra o regime segregacionista da África do Sul, que foi Prémio Nobel da Paz (com Frederik de Klerk) em 1993 e primeiro Presidente negro da África do Sul eleito um ano depois. “O estadista mais amado” do mundo, como se lhe referiu em tempos o New York Times, esteve internado este ano, com uma infecção pulmonar, como o foi várias vezes nos últimos dois anos. Deixa uma obra completa: um país que imaginou e criou a partir de um ideal.
Advogado, líder da luta anti-apartheid, defensor do uso de armas em nome de uma luta igual com o opressor, Nelson Rolihlahla Mandela conseguiu ter do seu lado pacifistas como o arcebispo Desmond Tutu, que foi Nobel da Paz antes dele, em 1984, e que, quando Mandela esteve internado, rezou pelo “conforto e dignidade” daquele que considera ser “o ícone mundial da reconciliação”. Também foi o arcebispo Desmond Tutu quem disse, num dos últimos aniversários de Mandela, a 18 de Julho, que a melhor prenda que ele podia receber era saber que as pessoas seguiriam o seu exemplo, fossem como ele.
De pessoa revoltada a magnânima
Tutu previu ser este um momento “traumático” para a África do Sul, o da perda de Mandela, figura que descreveu como “um ser humano fantástico”, numa entrevista em Junho de 2012 ao PÚBLICO, em Lisboa.
“Quando vai para a prisão, é uma pessoa zangada, revoltada, que acredita na violência como meio de conquistar a liberdade. E quando sai, emerge como uma pessoa extraordinariamente magnânima. O sofrimento por que passou ajudou-o a suavizar a sua posição. (…) Ele acreditava convictamente que se é líder pelas pessoas que são lideradas e não em benefício próprio. Fomos incrivelmente abençoados por termos Madiba [Mandela] aos comandos, num momento histórico para o nosso país. (…).”
Pelo menos até ao fim de 2010, o ex-Presidente sul-africano continuava, todos os meses, a receber quatro mil mensagens do mundo inteiro. Algumas com uma homenagem, outras a desejarem-lhe uma reforma tranquila e feliz, segundo a Fundação Nelson Mandela em Dezembro de 2010 que, na declaração também recebida pelo PÚBLICO, juntou um pedido a todos para se coibirem de pedir autógrafos, declarações, entrevistas ou aparições públicas em apoio a algum evento, de forma a “ajudar a tornar a reforma de Madiba um período de paz e tranquilidade”.
Seguiram-se meses e anos difíceis em que a sua saúde se deteriorou. E durante esta última permanência no hospital, à porta da sua casa em Joanesburgo e do hospital em Pretória, muitas flores foram deixadas com mensagens a desejar as melhoras ou a dizer: “Tata Madiba: Graças a ti, temos orgulho em ser sul-africanos.” Ou com promessas: “Prometemos viver em paz e harmonia.”
Descendente do rei thembu
O desejo de Mandela, expresso na autobiografia Longo Caminho para a Liberdade, era ser enterrado junto dos seus antepassados em Qunu, no Transkei, província do Cabo Oriental, onde nasceu em 1918, e foi educado para ser, como o pai falecido, conselheiro do rei thembu, Jongintaba Dalindyebo.
Era descendente de Ngubengcuka, que tinha antes sido o rei dos thembu, incluídos no mais vasto grupo linguístico dos xhosa. Mandela descreve o rei, que foi seu pai adoptivo e do qual teria sido conselheiro se não tivesse partido para Joanesburgo, como “um homem tolerante e esclarecido que tinha alcançado o objectivo [que caracteriza] todos os grandes líderes: manter o seu povo unido”.
Este “grande líder” acolhera Mandela com nove anos, após a morte do pai que, anos antes, ficara desapossado de tudo por desafiar um representante da administração britânica. A mãe, sem condições para o criar, entregou-o ao rei. Mandela aprendeu a escutar os anciãos. 
Os vários nomes de Mandela 
Mandela é muitas vezes chamado, na África do Sul, por ‘Tata’, que significa ‘pai’, ou por ‘khulu’ que é ‘grandioso’ – ambos na língua xhosa. Mas Mandela é sobretudo referido, em sinal de respeito, por Madiba – nome de um chefe thembu que reinou no Transkei no século XVIII, o nome do clã de Mandela que é mais importante do que o apelido.
Na clandestinidade, a partir de 1961, vestiu a pele de um David Motsamayi; disfarçou-se várias vezes de motorista, cozinheiro, jardineiro.
Não foi conselheiro, nem rei, mas a sua educação de aristocrata, os estudos de advocacia, o carisma e dedicação à luta anti-apartheid fizeram dele o líder inquestionável do ANC e principal ícone da libertação da África do Sul. Não aceitou ser libertado da prisão enquanto não fossem instituídos o fim doapartheid e o fim da proibição do ANC, o levantamento do estado de emergência e a libertação dos outros presos políticos.
“Eu prezo muito a minha liberdade mas prezo ainda mais a vossa”, escreveu num discurso lido pela filha Zindzi, num comício no Soweto, em 1985, dirigido aos africanos e membros do ANC. 
Recolhimento nacional
Também por isso, a morte de Mandela é “uma perda tremenda para o país”, disse Ray Hartley, director do jornal sul-africano The Times numa entrevista ao PÚBLICO. “A África do Sul perderá aquele sentimento reconfortante de que existia este grande unificador”, disse, embora prevendo que "os processos políticos não serão afectados pelo seu desaparecimento.”
Também em entrevista, Thierry Vircoulon, investigador associado do Institut Français des Relations Internationales e co-autor de L’ Afrique du Sud de Jacob Zuma (L’Harmattan) considerou que “a África do Sul vai entrar num momento de recolhimento nacional”. E realçou: “A nova África do Sul não vai desaparecer com ele, precisamente porque ele fez um excelente trabalho enquanto pai fundador dessa nova África do Sul”.
Os seus actos são frequentemente lembrados como exemplo para outros. As suas palavras ressoarão durante muito tempo como lições de vida.
Frederik W. de Klerk, ex-líder do Partido Nacional, fala do líder que confrontou em duras negociações e com quem partilhou o prémio Nobel da Paz 1993, numa entrevista a propósito do livro Conversations with Myself , também lançado em Portugal, em 2010, com o título Nelson Mandela – Arquivo Íntimo (Editora Objectiva) e que junta notas pessoais, cartas e diários de Mandela escritos antes e depois da saída da prisão: “Independentemente de qualquer crítica que possamos fazer, o homem que emerge deConversations with Myself é uma eminente figura, não só na história da África do Sul mas na história do século XX. Ele foi Presidente para desempenhar um papel exemplar na unificação e reconciliação do povo profundamente dividido da África do Sul”, disse aquele que foi o último Presidente branco da África do Sul (1989-1994).
Muitas vezes, admite na autobiografia Um longo caminho para a liberdade, Mandela se questionou sobre o sofrimento que infligira à família durante a clandestinidade e nos anos na prisão de onde só saiu com 72 anos.
Já em liberdade, numa entrevista à revista norte-americana Time em Fevereiro de 1990, disse acreditar no valor da dedicação quase exclusiva à luta: “Sim, valeu a pena. Ser preso por causa das nossas convicções e estar preparado para sofrer por aquilo em que se acredita vale a pena. É uma conquista para um homem cumprir o seu dever na terra independentemente das consequências”, considerou.
O difícil equilíbrio, nunca alcançado, entre a dedicação à família, por um lado, e à causa política da libertação, por outro, acompanhou-o durante a vida e é algo presente nas suas memórias do Arquivo Íntimo. Porém aceitou-o da mesma forma que se aceitou defender o recurso às armas como imprescindível para o sucesso da luta.
Em defesa das armas
“Nunca irei lamentar a decisão que tomei em 1961, mas gostaria que um dia a minha consciência estivesse tranquila”, disse referindo-se à decisão tomada nesse ano de passar à clandestinidade e formar o MK (Umkhonto we Sizwe – A lança da nação) de que foi primeiro comandante-chefe e que se tornou a ala militar do ANC. Viria a ser condenado a prisão perpétua em 1964 por sabotagem e conspiração.
Passou 18 anos na prisão de alta segurança de Robben Island. Esteve depois na prisão de Pollsmoor, e já no final foi transferido para a cadeia de Victor Verster perto da Cidade do Cabo. 
Nos 23 anos que viveu depois de libertado, concluiu a missão, iniciada ainda na cadeia, de negociar o fim do apartheid com o Governo do Partido Nacionalista e foi eleito primeiro Presidente negro da África do Sul. Depois de terminado o mandato de cinco anos, retirou-se da política e passou a dedicar-se, através da Fundação com o seu nome, a uma nova causa – o combate e a prevenção da sida – à qual se sentia especialmente ligado.
Em 2005, a morte do filho Makgatho, vítima de sida, levou Mandela a uma rara intervenção pública desde que deixara a vida política em 1999. Lançou um apelo ao fim do tabu, para que se falasse desta como de qualquer outra doença, por considerar que só assim a sida deixaria de ser fatal. 
Já antes, quando estava preso, tinha perdido o filho mais velho Thembekile, num desastre de automóvel, em 1969, e uma filha pequena ainda bebé Makawize, ambos do primeiro casamento com Evelyn Mase, de quem se divorciou em 1957.
Um ano depois conheceu e casou-se com Winnie Mandela, de quem teve duas filhas. Quando a viu pela primeira vez, “soube que a ia amar”, escreve na autobiografia. Durante os anos em que esteve preso, é a sua confidente e, durante muito tempo, quem melhor o compreende. A política, os métodos utilizados ou o rumo defendido para a luta acabam por separá-los. Mandela opta pelo divórcio em 1996.
Dos seis filhos que teve, acompanharam-no até ao fim as três filhas: Zindzi, Zenani e Makawize. E Graça Machel, com quem casou dois anos depois do divórcio com Winnie, a 18 de Julho de 1998, no dia do 80º aniversário.
Quando Mandela esteve esta última vez no hospital, Graça Machel agradeceu emocionada as muitas mensagens a desejar as melhoras do ex-Presidente vindas da África do Sul, do continente e do resto do mundo. Nessa mensagem pública e universal, Graça Machel dizia estar reconhecida a todos os que tinham, com isso, “feito uma diferença, na recuperação” de Mandela numa alusão às palavras do próprio: “O que conta na vida não é o facto de termos vivido. É a diferença que fizemos para a vida dos outros”.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

LISBOA: Acaba de ser anunciada a morte do visionário Nelson Mandela líder sul africano, e ilustre filho amada de África e do mundo.

Morreu Nelson Mandela

Fonte: TSF
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa

Publicado hoje às 21:47

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, adiantou que Nelson Mandela terá direito a um funeral de Estado e deu ordens para que as bandeiras sejam colocadas a meia haste.
O antigo presidente sul-africano Nelson Mandela morreu, esta quinta-feira, na sua casa em Joanesburgo, aos 95 anos, após uma prolongada infeção no pulmão, anunciou o atual presidente da África do Sul.
«Caros sul-africanos, o nosso amado Nelson Rohlihla Mandela, o presidente fundador da nossa nação democrática, partiu. Ele faleceu em paz no conforto de sua casa», acrescentou Jacob Zuma.
Numa declaração que fez na televisão sul-africana, Zuma confirmou que «o nosso querido Madiba terá funeral de Estado» e deu ainda ordens para que as bandeiras sejam colocadas a meia haste a partir de sexta-feira até ao funeral.

LUANDA: Ausência de dos Santos ainda sem explicação

Ausências de dos Santos ainda sem explicação

Presidente regressou de uma segunda prolongada estadia em Espanha. Este ano já esteve em Barcelona mais de dois meses

TAMANHO DAS LETRAS
 
Fonte: Redacção VOA
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
As prolongadas ausências do presidente angolano José Eduardo dos Santos continuam sem qualquer explicação oficial.

Dos Santos regressou Quarta-feira ao país após uma ausência de três semanas e meia em Espanha.

Foi a segunda ausência prolongada de dos Santos aquele país europeu e notícias dizem que em ambas as vezes esteve na cidade de Barcelona.

A sua primeira ausência este ano ocorreu entre o fim de Junho e Agosto deste ano quando o presidente se ausentou por pouco mais de seis semanas para o que também foi descrito como visita privada.

O facto do presidente este ano ter estado em Espanha mais de dois meses tem levantado especulação sobre o seu estado de saúde.

O governo angolano desmentiu categóricamente na semana passada que o presidente tivesse sido internado numa clinica de oncologia em Barcelona como foi noticiado pela Radio televisão Portuguesa

A Presidência da República angolana lamentou em comunicado o que disse ser "a forma leviana e irresponsável" da notícia sobre o internamento de José Eduardo dos Santos.

O genro do presidente Sindika Dokolo  desmentiu também que o presidente estivesse doente  afirmando que a especulação sobre a saúde do presidente se pode dever ao facto de Eduardo dos santos ter feito uma visita a um dentista durante a sua estadia em Espanha.

Dokolo disse que o presidente tinha decidido ir descansar a Espanha depois do trabalho de elaboração do orçamento geral do estado que está agora em discussão no parlamento

MOXICO: População do leste de Angola vivem na miséria e na nudez

Populações do leste de Angola vivem na miséria e na nudez - Eduardo Kuangana

Líder do PRS diz-se chocado com o que viu
Eduardo Kuangana, líder do PRS
Eduardo Kuangana, líder do PRS

TAMANHO DAS LETRAS
 
Fonte: VOA
Manuel José
Divulgação: Planalto De Malanje Rio capôpa
As populações da região leste do país vivem em extrema pobreza e miséria, constata o líder do PRS que efectuou um périplo de sete dias ao Cuanza-Norte, Malanje, Lundas Norte e Sul e Moxico.

Para Eduardo Kuangana a viagem de carro deu para ver as dificuldades porque passam grande maioria dos cidadãos da zona leste do país.

"Encontramos pobreza, misturada com a miséria,” disse Kuangana que convidou os jornalistas a efectuarem a mesma visita para se inteirarem dessa realidade.

O presidente da quarta maior forca partidária do país diz ter visto outras privações que as populações padecem na região leste de Angola.

"Outro problema que encontramos é a nudez,” disse.

“Não há roupas naquelas populações, sobretudo crianças de um a oito anos de idade, aquilo são farrapos que usam, quando estamos num país independente que se diz rico sobretudo aquela região que se diz rica em diamante," acrescentou.

Outra constatação de Kuangana são os parcos salários auferidos pelos professores e enfermeiros.

"Professores que são muito mal pagos que ganham menos de quinze mil cuanzas (Equivalente a cento e cinquenta dólares) assim como os enfermeiros, imaginem o que fazer com menos de quinze mil cuanzas?" interrogou

O também deputado, Eduardo Kuangana acusou a imprensa de ser instrumentalizada pelo executivo, para propagar mentiras a respeito da vida no leste de Angola.

"A informação que a imprensa veicula, muitos de vós são usados para dizer mentiras, tenho aqui um copo de agua, pedem-vos para dizer que 'é vinho e vocês dizem, para quê? Governantes mentirosos a quem vão beneficiar estas mentiras?" interrogou o líder do PRS

LUANDA: Deficiente vai a presidência pedir ajuda

Angola: Deficiente vai à presidência pedir ajuda

Falta de assitência social coloca Jorge Domingos no desespero
Jorge Amado Domingos fala à Voz da América
Jorge Amado Domingos fala à Voz da AméricaFonte: VOA

TAMANHO DAS LETRAS
 
Um cidadão com deficiência motora desde criança que passa por momentos difíceis que colocam em causa a sua própria vida decidiu, como último recurso, ir ao Palácio Presidencial pedir ajuda.

Não foi bem recebido e a guarda presidencial escorraçou-o “ como um cão”.
Natural de Huambo, Jorge Amado Domingos, continua sem receber qualquer acto de solidariedade por parte da sociedade angolana: Coque Mukuta

Sem precisar a sua idade, Jorge Amado Domingos, revelou à Voz da América os momentos difíceis por que passa na vida.

Com três filhos, vive maritalmente numa cubata de chapa com uma senhora também deficiente, e sempre viveu de esmola pelo facto da sua família estar em Kamakupa.

Segundo Domingos, por não ter mais onde recorrer, decidiu dirigir-se ao Palácio Presidencial para solicitar apoio para a construção de uma residência
Jorge Amado Domingos disse ter decidido reivindicar o direito a uma habitação condigna ao governo angolano porque “vive nas bate-chapas da vala de drenagem próximas ao beiral para quem vai ao mercado dos congoleses”.

No entanto, conta que quando chegou à cidade alta foi corrido e pontapeado pela tropa presidencial. De seguida, deslocou-se à Rádio Ecclésia,  a Emissora Católica de Angola, onde foi aconselhado a ir à Rádio Despertar, sem qualquer sucesso.

LUANDA: Violência contra a mulher regista cerca de dois mil casos todos os dias

Violência Contra a Mulher: Angola regista cerca de dois mil casos todos os dias

No âmbito dos 16 dias de activismo pelo fim da violência contra a mulher, uma campanha da Amnistia Internacional, falámos com Delma Monteiro e Susana Mendes, duas mulheres angolanas que têm estado envolvidas em campanhas nacionais sobre questões do género.
Mulheres angolanas contra a violência contra a Mulher
Mulheres angolanas contra a violência contra a Mulher

TAMANHO DAS LETRAS
 
Fonte: VOA
 Mayra Fernandes
Divulgação: Radz Balumuka
Planalto De Malanje Rio Capôpa
Delma Monteiro defende que as instituições angolanas “ainda não estão preparadas para dar resposta aos casos de violência doméstica que ocorrem no país todos os dias” e, na perspectiva campanha da activista da Associação Justiça Paz e Democracia, também consultora para as questões do género e do VIH-SIDA, existem duas esferas distintas de violência contra a mulher: Institucional, quando é desrespeitada nos serviços públicos, nos hospitais, etc., e a doméstica, quando é desrespeitada pelo seu parceiro e muitas vezes com a conivência da família, que considera justa a punição pelo companheiro sempre que aquela não cumpre com as tarefas domésticas.


Delma Monteiro descreve que a mulher é duplamente vitimizada: “ela é agredida pelo parceiro e quando vai prestar queixa é questionada pela polícia por que motivo fez algo que o marido não gosta”.

O panorama de violência doméstica e contra a mulher ainda não é o melhor, na óptica das entrevistadas. Apesar das estatísticas “precárias”, segundo Delma, os últimos números apontam para cerca de dois mil casos diários, revela Susana Mendes, directora do gabinete de projectos do Fórum das Mulheres Jornalistas angolanas.

Ambas concordam que o trabalho tem sido feito, mas que ainda é um processo longo, que precisa de mais organismos envolvidos, além do Ministério da Família, e que os interlocutores “sejam as pessoas certas para fazê-lo”.

A lei não chega 

Susana Mendes chama ainda a atenção para o número de casos não denunciados e Delma Monteiro destaca o município do Cazenga, em Luanda, como um dos municípios que regista mais casos de agressão contra a mulher.

Igualmente preocupante é a falta de preparação das autoridades para lidar com estes casos, muito embora exista uma lei, Delma Monteiro diz que é um documento genérico que precisa de regulamentação, que Angola ainda não tem.

“A lei por si só de nada serve”, acrescenta Susana Mendes, reforçando que “a impunidade gera violência”.

“As agressões continuam porque continua a haver impunidade do agressor. Muitos dos casos não são devidamente tratados, ficamos a saber que houve agressão através dos media, mas depois não temos a noção de como terminou o caso”, relata, reagindo também à morte de Márcia Salupendo, jornalista da Rádio 5 na Lunda Norte, que foi brutalmente espancada pelo seu companheiro, Chimbalanga Mariano, Secretário para a Informação do MPLA, no Lucapa. Márcia não resistiu aos ferimentos e morreu a 23 de Novembro, tinha 29 anos.

Os 16 dias de activismo pelo da violência contra a mulher tiveram início a 25 de Novembro e terminam a 11 de Dezembro.

Em Luanda realizou-se também uma conferência nacional de dois dias sobre Violência contra a Mulher e Violência Doméstica, aberta pelo ministro da saúde, José Van-Dúnem.