segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

LUANDA: Plano Macroeconómico ou Feitiçaria cambial?

PLANO MACROECONÓMICO OU FEITIÇARIA CAMBIAL?


Todos sabemos que um dos problemas estruturais com que se debate a economia angolana é o da artificialidade e falta de confiança na sua moeda.
Na presente situação, o kwanza está oficialmente indexado ao dólar. Quer isto dizer que o kwanza reflecte o comportamento da economia norte-americana, e não as necessidades de Angola. A indexação ao dólar terá, talvez, um efeito positivo, que é o de evitar demasiadas tensões inflacionistas e uma excessiva desconfiança na política monetária de um país. Pode-se, pois, afirmar que, se esta indexação não tivesse existido, a inflação seria muito pior, quiçá aproximando-se dos níveis catastróficos do Zimbabué ou da Venezuela. Contudo, em tudo o resto acaba por ter consequências negativas para a generalidade da economia e das pessoas.
Como se viu em muitas experiências históricas anteriores, a circunstância de ligar uma moeda nacional de forma rígida ao dólar acaba por criar distorções inultrapassáveis na economia. Por exemplo, na Argentina dos anos 1990, uma reforma levada a cabo por Domingo Cavallo criou uma paridade de 1:1 entre o peso e o dólar. Controlou a inflação, mas em última análise lançou o país num caos que demorou décadas a sanar.
O caso angolano é paradigmático das mesmas distorções, nomeadamente por meio da força de um amplo mercado paralelo, de que os principais dirigentes do regime beneficiam. Na realidade, a grande consequência da indexação do kwanza ao dólar foi a criação e expansão desmesurada do mercado paralelo cambial (conhecido como o câmbio das kínguilas), onde, como reconheceu o ministro das Finanças, o dólar é transaccionado a uma taxa de 1:430, enquanto no mercado oficial essa taxa é de 1:166. Bem se vê que, sendo a taxa no mercado paralelo 2,5 vezes superior à taxa oficial, esta é uma mera ficção que não espelha a realidade, apenas permitindo, justamente, manter o negócio paralelo.
Neste sentido, e do ponto de vista macroeconómico, a fixação de uma elevada taxa de câmbio entre o dólar e o kwanza tem como efeito a perda da competitividade das exportações angolanas e a sua inserção no mercado global, não promovendo o emprego e o crescimento económico.
Banda cambial
É portanto urgente sair desta situação, prejudicial para todos, excepto para os oligarcas do regime.
O governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, apresentou a nova solução: uma alteração do regime cambial de Angola, que passará pela criação de uma banda que deverá limitar a variação da taxa de câmbio, após o seu ajustamento inicial. A medida faz parte do Programa de Estabilização Macroeconómica 2017 – 2018 da República de Angola.
Aparentemente, segundo se percebeu pelos anúncios das autoridades monetárias, o kwanza passará a flutuar dentro de uma banda, tendo como referência um cabaz de moedas constituído pelo dólar e pelo euro. Não se conhecem as percentagens que cada moeda ocupa nesse cabaz, nem a percentagem de flutuação admitida, embora já se saiba que os valores cambiais serão obtidos de acordo com a média do leilão das transacções de divisas efectuadas no mercado primário entre o banco central angolano e os bancos comerciais. Desde já se diga que tal procedimento comporta perigos de manipulação dos números, como aconteceu na praça de Londres a propósito do cálculo da Libor. Quer isto dizer que é possível apresentarem-se ao mercado taxas de câmbio diferentes das efectivamente praticadas, não contribuindo este método de cálculo para a transparência dos mercados.
Vamos tentar dar um exemplo de como, em geral, funcionaria o novo sistema de câmbio em banda.
O cabaz de referência seria composto em 50% por dólar e euro. Chamar-se-ia, para simplificar, DE (Dólar + Euro). No dia de lançamento desta solução, a cotação seria estabelecida em 1DE:400 kwanzas. Depois, no dia seguinte 1 DE poderia valer 390 kwanzas, e noutro dia 410 kwanzas. Isto é, o kwanza oscilaria entre 390 e 410, tendo partido do valor de referência de 400. O banco central angolano só interviria quando o kwanza saísse dessa banda situada entre os 390 e os 410, comprando ou vendendo euros e dólares.

O governador do BNA, José de Lima Massano.
Primeiro problema
Desde logo, o sistema só será eficaz se o valor de lançamento for semelhante àquele que o mercado espera, ou seja, próximo do valor usado pelas kínguilas. Por isso, à partida, este novo sistema implica uma efectiva desvalorização inicial do kwanza, caso contrário não adianta nada. É uma pura brincadeira. Tem muita importância ver qual o valor de partida do novo sistema e ver em quanto efectivamente o kwanza foi ou não desvalorizado. Só uma efectiva desvalorização combaterá o mercado paralelo e criará postos de trabalho.
Segundo problema
Uma outra questão a resolver é a dos meios à disposição do banco para manter o kwanza dentro das bandas de flutuação. Pode acontecer que o kwanza corra o risco de sair da banda em desvalorização. Aí, o banco tem de ter divisas para comprar kwanzas e vender dólares e euros, e rapidamente pode ficar sem elas… e assim o kwanza estoira as margens de flutuação, abalando a credibilidade da República.
Isto lembra uma história que aconteceu em Inglaterra em 1992, e que envolveu o Banco de Inglaterra e o mundialmente conhecido George Soros.
O sistema de câmbios europeus, antes do euro, consistia naquilo que se denominou SME -Sistema Monetário Europeu. Este sistema tinha uma unidade de conta central composta por um cabaz de moedas (o ECU), face ao qual as moedas do sistema tinham bandas de flutuação, inicialmente de 2,25%, com algumas excepções, como já veremos, e, depois de 1993, de 15%.
Em Outubro de 1990, o Reino Unido resolveu aderir a este sistema e adoptou uma banda de flutuação de 6%. Ou seja, a libra inglesa poderia subir ou descer 6% face à unidade central de referência (ECU). No caso angolano, essa unidade central de referência será um conjunto dólar + euro.
Ora, no caso inglês, as condições macroeconómicas eram muito diferentes das dos países centrais da Europa, como a Alemanha, que se debatia com problemas resultantes da unificação. Por isso, o Reino Unido confrontou-se com o facto de ter uma ligação com uma realidade que não era a sua, e portanto várias tensões começaram a fazer-se sentir, e a libra ficou sob pressão, pois percebia-se que as suas margens de flutuação eram artificiais. George Soros foi o investidor que começou a tomar posição no mercado contra a libra, apostando que esta sairia rapidamente da sua banda.
Na verdade, a pressão dos mercados contra a posição da libra (e aliás de outras moedas) no sistema europeu foi-se amontoando, e todos os dias o governo britânico tinha de gastar milhões para suportar o valor da moeda e subir as taxas de juro, até que, a 16 de Setembro de 1992, na iminência de ficar sem fundos, anunciou a sua saída do sistema de bandas flutuantes e a livre oscilação da libra.
A economia inglesa, depois desta crise, começou a recuperar e, com a livre flutuação da libra, encontrou o seu espaço próprio.
Este é o problema com que se depara a economia angolana. Estas bandas de flutuação exigem um esforço desmesurado do tesouro angolano, quando provavelmente este não tem reservas suficientes para as garantir.
Solução ou disfarce
Assim sendo, a solução parece ser um paliativo para ir disfarçando a necessidade de deixar flutuar a moeda até encontrar o seu nível natural. Esta é também a única forma de pôr fim ao mercado paralelo, e lançar a economia numa vaga de crescimento e emprego.
Não se percebe bem por que é que o governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, que estudou em Inglaterra pouco depois de estes acontecimentos terem ocorrido (mestrado em Contabilidade e Finanças pela City University, Londres, 1996; licenciatura em Contabilidade e Finanças pela University of Salford, 1995), adoptou agora uma solução que falhou redondamente num país que ele próprio conhece bem. Há que ter coragem de reformar a economia com um big bang, e não com medidas tecnicistas pouco adequadas à realidade angolana.

LUANDA: Discurso traiçoeiro: Bornito de Sousa Contra João Lourenço

DISCURSO TRAIÇOEIRO: BORNITO DE SOUSA CONTRA J. LOURENÇO


Bornito de Sousa, vice-presidente da República, leu uma mensagem ao presidente da República, João Lourenço, na cerimónia de apresentação de cumprimentos por ocasião do fim de ano, perante as mais altas figuras do Estado.
Essa mensagem continha 639 palavras. Destas, 315 palavras constituíram um ataque frontal ao presidente João Lourenço, enquanto as restantes não passaram das platitudes costumeiras nesta época.
Bornito de Sousa não é um ignorante da Constituição e da lei, embora existam muitas dúvidas sobre a consistência da sua formação jurídica de base. Assim sendo, sabe bem o que fez: desafiou João Lourenço e assumiu-se como porta-voz da contra-reforma, cabo-chefe do conservantismo oligárquico que destruiu o país nos tempos mais recentes. Nesta história, não há “eduardistas” e “lourencistas”. Há simplesmente bons e maus.
Bons são aqueles que querem fazer andar o país para a frente, combater a corrupção, a impunidade e garantir o progresso e a prosperidade. Maus são os que querem que o país seja uma “quinta” de uns poucos que saqueiam as suas riquezas, apostam na estagnação e na ignorância, representam a cleptocracia e o banditismo institucionalizado. Bornito tornou-se porta-voz dos maus. Triste opção.
Descodifiquemos o seu discurso.
O vice-presidente, depois dos cumprimentos e elogios da praxe, afirmou: “Para uns, acelerado demais; para outros, distante demais das directivas; outros há que o colocam na fronteira da quebra da unidade, motivo de mal-entendidos e naturais desconfortos. O que importa assinalar é que a acção do presidente da República assenta nas premissas eleitorais constantes da Estratégia do Líder e no Programa de Governo do MPLA para o período 2017-2022.” E acrescentou: “É daí que dimana a directiva no sentido de se ‘CORRIGIR O QUE ESTÁ MAL E MELHORAR O QUE ESTÁ BEM’.”
Esta passagem do discurso contém dois aspectos gravosos que convém sublinhar. O vice-presidente refere que o presidente tem de cumprir as directivas do MPLA, utilizando a palavra “directiva” duas vezes, e que não pode quebrar a “unidade”. “Directivas do MPLA” e “unidade” (do MPLA, presume-se) são as preocupações do vice. Ora, existem variados equívocos nas palavras de Bornito de Sousa. O MPLA não dá directivas ao presidente da República. Só num regime de comissariado, como o da antiga União Soviética, é que o sistema político admite que o partido único determine as acções dos dirigentes, adequadamente chamados comissários, uma vez que se limitam a executar a vontade do comitente.
Numa democracia, não há partido comitente e presidente comissário. A legitimidade do exercício presidencial provém da soberania que lhe é dada pelo voto popular e não de qualquer ordem ou directiva do partido.
Mesmo o cumprimento da “Estratégia do Líder e do Programa de Governo do MPLA” não resulta em qualquer obrigação presidencial. Por “Estratégia do Líder” entende-se a estratégia de José Eduardo dos Santos.
Está Bornito de Sousa a dizer que o presidente da República tem de seguir a estratégia de José Eduardo dos Santos? Sim, mas está a dizer uma burrice, uma vez que, do ponto de vista jurídico, isso é inaceitável.
Em última análise, tal afirmação consubstancia um atentado ao Estado de Direito, uma vez que o vice-presidente quer que o presidente se subordine não à Constituição e à Lei, mas à vontade de um homem. Explique-se a Bornito de Sousa que o absolutismo já acabou em Angola.
Mas poder-se-ia dizer que Bornito de Sousa é um realista, a Constituição dispõe de uma maneira, mas a política impõe outra actuação. Ora, na verdade, o poder político e a legitimidade política radicam em João Lourenço – que goza de forte apoio popular e institucional –, e não em qualquer líder decrépito desprezado nas ruas.
O povo ordena

João Lourenço e Bornito de Sousa, durante a campanha eleitoral.
Portanto, ninguém tem de dar directivas a João Lourenço. Só o povo, a Constituição e a Lei.
E sobre a unidade referida por Bornito de Sousa? Unidade não é pensamento único e uniforme, mas o resultado de uma convergência de acções. Se Bornito de Sousa quer unidade, deve seguir o novo presidente, não travá-lo em nome de uma falsa unidade, que é apenas o medo dos corruptos, oportunistas e dos que têm causado tanto mal ao povo angolano. É esta – e nenhuma outra – a unidade ferida.
De seguida, o vice-presidente Bornito de Sousa apela mais uma vez ao programa do MPLA e ao rigor e à disciplina necessários para a sua implementação, citando José Eduardo dos Santos. Infere-se que João Lourenço não está a ser rigoroso na implementação desse programa.
O que se estranha é que, numa cerimónia pública de Estado, a preocupação do vice-presidente da República seja alertar o presidente da República para a necessidade de aplicar com disciplina o programa do partido. É demasiado óbvio o desconforto dos maus, que violam todas as convenções públicas sobre Estado e Partido ao misturarem tudo.
O presidente da República é o intérprete do interesse geral, e é a este que deve obediência. O programa do partido que o elegeu é uma plataforma de orientação, não é nenhuma Bíblia ou dogma que deva ser invocado em cerimónias de Estado numa República denominada Estado Democrático de Direito.
Não existe uma relação obrigacional de ferro entre partido e presidente da República, mas sim entre Povo, Constituição e Presidente da República.
Obsessivo, o vice-presidente Bornito de Sousa concluiu o seu discurso com mais uma referência partidária: “Termino com uma breve nota sobre a coexistência entre a liderança do Partido e a titularidade do Executivo. A mesma é permitida tanto pela Constituição da República como pelos Estatutos do Partido no poder, sendo, portanto, apenas uma questão de gestão e oportunidade políticas.
O processo em curso em Angola bem pode ser comparado a uma corrida de estafetas. Ora, numa corrida de estafetas a regra é simples: quem recebe o testemunho não pode ficar parado.”
Não vale a pena voltar à questão da coexistência da liderança do Partido e da Presidência da República em pessoas diferentes, mas vale a pena reforçar a ideia de que essa bicefalia não confere qualquer preeminência ao líder do partido, pelo contrário. Já escrevemos no Maka Angola sobre isto.
Contudo, vale a pena refutar a ideia da corrida de estafetas. Mais uma vez, Bornito quer atar Lourenço ao passado. Ao receber a estafeta, este só tem de correr no mesmo sentido para passar o testemunho ao estafeta seguinte (aqui sub-repticiamente ameaçando que João Lourenço pode ser presidente de um só mandato…).
Estamos bem distantes de um cenário de corrida de estafetas, com uma pista preestabelecida que se tivesse de percorrer – a pista dos estafetas está excessivamente enlameada. No vértice político em que Angola se encontra, é o corta-mato que nos pode servir. Lourenço recebeu o país na lama e tem de escolher o melhor caminho para chegar à meta, cortando por onde for necessário.
Temos então um discurso de fim de ano do vice-presidente da República, traiçoeiro, de cariz partidário, a tentar atar o presidente da República à estratégia do líder José Eduardo dos Santos, a exigir-lhe disciplina e respeito estrito pelo programa do MPLA, escrito pelo líder José Eduardo dos Santos. Foi isto a que assistimos, estupefactos.
Refira-se, para terminar, que a figura do vice-presidente da República não tem poder próprio. É um auxiliar e substituto do presidente da República (art.º 131.º da Constituição da República de Angola), pelo que bem melhor teria ficado a Bornito de Sousa respeitar o seu recorte constitucional e não embarcar em aventuras sediciosas de mérito duvidoso.

LUANDA: João Lourenço Espera que José Eduardo dos Santos Cumpra Promessa de Sair em 2018

João Lourenço espera que José Eduardo dos Santos cumpra promessa de sair em 2018

Fonte: LUSA/ANGOP
Reedição: Planalto de Malanje Rio Capopa

João Lourenço espera que José Eduardo dos Santos cumpra promessa de sair em 2018)
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, disse hoje que não sente crispação com o ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, mas aguarda que cumpra o compromisso anteriormente assumido, de deixar a liderança do partido em 2018.
"Só a ele compete dizer se o fará, se vai cumprir com esse compromisso. Quando isso vai acontecer, só a ele compete dizer", disse o Presidente da República, que falava nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança no Governo.
Questionado sobre a alegada tensão que mantém com o presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola desde 1975, e ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, o Presidente negou qualquer problema: "Não sinto essa crispação nas nossas relações", afirmou João Lourenço.
Acrescentou que mantém "relações normais de trabalho" com o presidente do partido, negando qualquer bicefalia na governação em Angola, até porque "nada está acima da Constituição", ambos trabalhando em "campos distintos" e com "cada um a cumprir o seu papel".
"Oito dias [dias do mês de janeiro] não é nada. Vamos aguardar os próximos tempos", refutou, sobre o anúncio feito em 2016 por José Eduardo dos Santos, que disse abandonar a vida política em 2018.

João Lourenço: É uma "ofensa" a forma como Portugal lidou com o caso de Manuel Vicente

O Presidente angolano avisou que as relações com Portugal vão "depender muito" da resolução do caso em torno do ex-vice-Presidente, Manuel Vicente, com João Lourenço a classificar a atitude da Justiça portuguesa como "uma ofensa" para Angola.
"Nós não estamos a pedir que ele seja absolvido, que o processo seja arquivado, nós não somos juízes, não temos competência para dizer se o engenheiro Manuel Vicente cometeu ou não cometeu o crime de que é acusado. Isso que fique bem claro", disse o Presidente da República, que falava nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança no Governo.
Tal como já tinha sido feito por outros membros do Governo angolano, João Lourenço reafirmou a pretensão de o caso do ex-vice-Presidente ser julgado em Luanda, ao abrigo dos acordos judiciários entre os dois países.
"Lamentavelmente [Portugal] não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na Justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição", enfatizou João Lourenço.
Mas, realçou, "a intenção não é livrar o engenheiro Manuel Vicente da acusação".

Exonerações na Sonangol

Exoneração do Conselho de Administração da Sonangol "foi por conveniência de serviço", diz João Lourenço.
"Não me recordo do Presidente da República, alguma vez, no passado, ter de justificar exonerações", lembrou.
Já quanto ao fim do contrato entre a TPA e as empresas Semba Comunicação e Westside, o PR disse apenas que o seu dever "é o de proteger o Estado e os angolanos", justificando que "os termos do contrato eram muito lesivos dos interesses do Estado".

Corrupção

Sobre as questões da corrupção, João Lourenço reafirmou que o combate deve incidir sobre a "impunidade" que catalogou como a grande responsável pela forma "generalizada como a corrupção existe" em Angola.
O Presidente da República afirmou mesmo que a corrupção existe em Angola "desde quem pede gasosa na rua até aos cargos mais altos no Estado" e que o sucesso do seu combate depende da eficácia com que se combater a impunidade.
"Se quem mostra sinais muito evidentes de ter sido corrompido não é punido, os outros vão pensar que também podem entrar nessa situação", notou.
O Chefe de Estado referiu-se ainda à questão dos salários na função pública, defendendo que estes devem ser aumentados tão logo que a economia do país o permita, sublinhando que "ainda não existem condições" para o fazer.
Mas admitiu que se pode "pagar melhor se se pagar a menos gente", apontando o facto de que o Estado emprega hoje mais pessoas do que necessita, admitindo que deve ser equacionada a redução do pessoal na função pública.
Todavia, essa possibilidade deve ter em conta algumas questões essenciais, como, por exemplo, a incapacidade ainda existente do tecido económico angolano para absorver esses excedentes de pessoal que possa abandonar a função pública.
João Lourenço admitiu mesmo que se esses cuidados não existirem, o excesso de desemprego pode mesmo conduzir a "convulsões sociais", o que deve ser evitado.
A ligação entre os baixos salários e a forma como as pessoas se deixam corromper não mereceu do Presidente uma concordância clara, defendendo antes que se fosse verdade que só as pessoas que auferem baixos salários é que se deixam corromper, então estar-se-ia a dizer que quem tem grandes salários não entra em esquemas de corrupção, apontando que "isso não é verdade", tendo lembrado que a corrupção está presente em toda a sociedade angolana e que, reafirmou, "só a eficácia do combate à impunidade é que pode permitir o sucesso da luta contra a corrupção".

Relativas ao Fundo Soberano

O Presidente da República, João Lourenço, afirmou, estar a analisar as medidas propostas pelo Ministério das Finanças relativas ao Fundo Soberano Soberano de Angola, que poderão ser implementadas nos próximos dias.
Ao falar em entrevista colectiva aos jornalistas nacionais e estrangeiros, o Presidente explicou que foi contratada uma empresa idónea no sentido de realizar um diagnóstico às contas do Fundo Soberano e na sequência do trabalho desta empresa, o Ministério da Finanças apresentou uma proposta de medidas a tomar no sentido do Governo passar a ter um controlo mais efectivo dos dinheiros postos à disposição do Fundo.
Entretanto, João Lourenço sublinhou que a exoneração da actual administração do Fundo Soberano pode vir a acontecer. "Em relação ao Fundo Soberano, eu não diria que vou exonerar, mas pode vir acontecer", afirmou.
O Fundo Soberano de Angola foi criado em 2012, com uma dotação inicial de cinco biliões de dólares norte-americanos.
Em finais de 2017, foram postas a circular, na imprensa estrangeira, denúncias sobre eventuais irregularidades na gestão do Fundo Soberano de Angola, por via de documentos revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
Na senda desses documentos, inseridos na Investigação "Paradise Papers", o jornal suíço2 4 Heures denunciou, em uma reportagem, uma suposta participação de Jean-Claude Bastos de Morais, cidadãos suíço-angolano, na gestão do Fundo Soberano de Angola.
Àquele cidadão, segundo as denúncias, teriam sido atribuídos mais de 41 milhões de dólares.
Em resposta, a instituição angolana referiu, no seu site, que a carteira de investimento está "amplamente diversificada em termos de classes de activos, indústrias e geografias".
Precisou que, seguindo a política de investimento decretada pelo Executivo, aplica mais de um terço da carteira de investimento em valores imobiliários, como títulos do tesouro, as obrigações de cotação elevada, as acções listadas em bolsa de valores, os derivados, as estratégias de cobertura financeira e divisas, para preservar capital.
O Fundo Soberano de Angola referiu ainda que os restantes dois terços da carteira de investimento estão dedicados à actividade de “private equity” nos mercados emergentes e de fronteira, para a geração de receitas elevadas a longo prazo.

Contrato com a Semba Comunicação era lesivo ao Estado

A rescisão do contrato entre a TPA e a Semba Comunicação ocorreu porque os seus termos lesavam os interesses do Estado Angolano, afirmou nesta segunda-feira, o Presidente da República, João Lourenço.
Em resposta a uma questão que lhe foi colocada sobre se a medida visava atingir os filhos do antigo Presidente da República, o Titutar do Poder Executivo deixou claro que " nós não perseguimos pessoas.Quem reiscindiu o contrato foi a TPA e não o Presidente da República", clarificou.
Para João Lourenço, o contrato era desfavorável ao Estado e foi assinado numa conjuntura que é hoje totalmente diferente.

Descartada aumento salarial na função pública

João Lourenço, descartou hoje, a possibilidade de aumento salarial para os trabalhadores da função pública para já , dada a situação económica que o país atravessa.
Ao falar em entrevista colectiva, afirmou que, "quando a economia estiver um pouco melhor, é justo que se mexa no salário nacional, mas agora não seria muito aconselhável".

Rádio Eclésia tem luz verde para estender sinal

O Presidente da República afirmou que a Rádio Eclésia tem "sinal verde" para estender o seu sinal a todo o território nacional desde que cumpra com os preceitos da Lei da Rádio Difusão.
Em entrevista colectiva, João Lourenço disse que este é um antigo, mas "falso" problema, uma vez que o Estado defende quer a liberdade de imprensa, quer a liberdade de expressão. LUSA\NJ\ANGOP

domingo, 24 de dezembro de 2017

LUANDA: Cem Dias de Erros, Acertos e Até Alguns Tiros nos Pés

CEM DIAS DE ERROS, FALHAS 
E ATÉ ALGUNS TIROS NOS PÉS



Em menos de 100 dias de governação, o novo Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, tem vindo a perder a popularidade que esteve em alta, principalmente, face às ousadas exonerações, a maioria, expectáveis: Isabel dos Santos, Tchizé dos Santos, José Eduardo Paulino dos Santos, que constituíam uma pressão e ansiedade popular, além de algumas nomeações (surpreendentes, por não trazerem nada de novo), efectuadas no aparelho do Estado.

Por Pedrowski Teca
Mas, nestes dois quesitos, reconheça-se o empenho da equipa de marketing, responsável pela sua imagem. Se boa ou má, esta empreitada só o tempo dirá… Mas em alguns casos tem surpreendido até os acérrimos críticos e oposição ao regime do MPLA.
O jornalista responsável e desapaixonado das ideologias tem a obrigação de fiscalizar a governação e efectuar críticas capazes de ajudar à melhoria da administração pública, para melhor servir os cidadãos angolanos, daí a ousadia e humildade, na abordagem do que se considera terem sido os erros cometidos pelo Presidente da República em menos de 100 dias de trabalho.
1Exonerações sem prestações de contas As exonerações, para além do efeito mediático, principalmente as relacionadas com os filhos do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, e membros da sua equipa de confiança, muitos acusados de desvios de fundos do Estado, não trouxeram muito mais, do que isso.
Elas decepcionaram, dias depois quando os cidadãos se aperceberam, não haver imputação de responsabilidade criminal, para se aferir da veracidade das acusações que pendem sobre eles. Não tendo havido isso, pode indiciar estar o Presidente com as mãos atadas ao não accionar os mecanismos da justiça.
2Nomeação ou gratificação? No tocante à chamada dança de cadeiras, vulgo nomeações, nas instituições públicas, na maioria dos casos, deram e dão a sensação de continuidade, alojando os “job for boys” do MPLA e famílias afins, na lógica da “gratificação” face à “engenharia” da “vitória eleitoral”, que o mérito profissional, académico e a honestidade intelectual, senão vejamos, estes três casos indesmentíveis:
a) A nomeação “prémio” do ex-director do Gabinete dos Partidos Políticos do Tribunal Constitucional, Marcy Lopes, para o cargo de secretário para os Assuntos Políticos, Constitucionais e Parlamentares do Presidente da República;
b) A nomeação “prémio” da ex-porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Júlia Ferreira, para o cargo de juíza conselheira do Tribunal Constitucional;
c) A nomeação “prémio” do venerando juiz conselheiro, Manuel Aragão, para presidente do Tribunal Constitucional, quando exercia iguais funções, no Tribunal Supremo, onde ainda tinha três anos de vigência de mandato.
3Fundo Soberano de Angola. O Fundo Soberano Angolano, FDA, com um volume de denúncias, vindas de ONG’s e imprensa internacionais, sobre alegada má gestão dos fundos do Estado, dos cinco (5) mil milhões (biliões) de dólares a ele alocados, esperava-se, no mínimo, que o novo presidente, João Lourenço solicitasse um inquérito para se averiguar da veracidade ou não do publicado, para que o consulado de José Filomeno dos Santos (Zénu), possa prosseguir sem mácula, afastado que está, neste consulado o instituto do nepotismo;
4No priorização da Saúde e Educação no OGE 2018. A 15.12.2017, o TPE (Titular do Poder Executivo) deu entrada na Assembleia Nacional da proposta de Orçamento Geral do Estado para o ano de 2018, calculada em receitas e despesas na ordem de 9,6 triliões de kwanzas (Akz), superiores aos Akz 7,3 triliões do exercício de 2017, prevendo gastar 21,27% , isto é, mais de 975 mil milhões de kwanzas na Defesa e Segurança Nacional.
A Educação terá 11,30%, a Saúde 7,40% e a Protecção Social ficará com 14,83%, continuando, mesmo em tempo de paz, a serem os parentes pobres da política do regime.
Durante muitos anos, a guerra justificava os enormes investimentos em armamentos e outros equipamentos militares e policiais, algo que se tornou indefensável nos últimos 15 anos de paz, daí que se esperava que o novo presidente fizesse diferente, mas acabou igual na tese do predecessor;
5Não haverá concursos públicos em 2018. Na campanha eleitoral de Agosto de 2017, o candidato João Lourenço prometeu criar 500 mil empregos até 2022, mas no ano de 2018 que deveria ser o ponto de partida, o Presidente João Lourenço decidiu não permitir concursos para contratação de funcionários públicos, um processo que tem estado congelado há vários anos devido à crise financeira que o País atravessa, criada muito pela roubalheira e impunidade que grassa pelos corredores do poder.
Uma pergunta se impõe: Como fica a promessa eleitoral de criação de 500 mil empregos? Será isso uma tarefa do sector privado? Mais, e como serão providos os lugares de todos aqueles que se reformarem, na Função Pública, em 2018? Perguntas sem respostas, nem indicadores;
6Não declaração de bens. Até agora existe um total incumprimento da Lei de Probidade Pública, que impõe a todos membros auxiliares do Titular do Poder Executivo, incluindo o Presidente da República, a apresentação, no prazo de 30 dias, após a tomada de posse, a Declarações de Rendimentos, incluindo, bens móveis, imóveis, títulos, acções, contas bancárias ou qualquer outra espécie de bens e valores, no país ou no estrangeiro, como recomenda o n.º 4 do art.º 27.º da citada lei: “É punido com pena de demissão ou destituição, sem prejuízo de outras sanções previstas por lei, o agente público que se recuse a prestar declaração de bens, no prazo determinado por lei”, mas passado quase 3 meses, nenhum titular de cargo público, apresentou nem foi anunciada nenhuma Declaração de Rendimentos, quando o Presidente afirma estar firme na luta contra a corrupção e o branqueamento de capitais.
Diante deste quadro, como podem os cidadãos autóctones angolanos renovar a esperança, que uma nova lufada de ar fresco, na impunidade e na roubalheira é para vingar, quando nada mudou no xadrez, senão as simples exonerações que, não responsabilizam nenhum dos agentes suspeitos da prática de vários ilícitos financeiros e económicos.

LUANDA: Cooperação com Portugal só com a Rendição do Judiciário Português

 COOPERAÇÃO COM PORTUGAL SÓ COM RENDIÇÃO DO JUDICIÁRIO!
As declarações bombásticas do ministro angolano das relações exteriores acerca da dos motivos que levaram a interrupção unilateral da cooperação com Portugal, deixaram perplexos até mesmo o cidadão menos informado. O ministro esforçou-se de tal maneira a barra, que quase deu a entender que Manuel Vicente estaria a ser perseguido politicamente pela justiça Portuguesa.

Fonte: Planalto de Malanje Rio Capopa
24/12/2017

Só faltou ao ministro dizer que o governo estaria pronto a fazer recurso ao instituto internacional da lowfare para salvar Manuel Vicente de uma hipotética perseguição politica movida pelo sistema judicial português.
Também a tentativa do PR transformar a instituição presidência da republica numa banca de advocacia, só para proteger e/ou defender corruptos consagrados da nossa praça politica, é um sofisma e um desserviço contra a democratização do país. Aliás, em um país de corruptos como Angola, não basta não ser corrupto, é preciso ser principalmente anti corrupto.
Até aqui, o governo e principalmente o ministro das relações exteriores não deram as caras para publicitar as razões que motivaram a blindagem a Manuel Vicente, nem apresentaram o motivo que os leva a impedir que MV vá a Portugal defender-se dos crimes de que é acusado pelo MP português!
O governo de João Lourenço quer a todo custo colocar de cócoras o governo de Portugal, demonstrar a esse uma inexistente força politica. Por outro lado, o PR deduz erradamente, que poderá sair fortalecido se conseguir humilhar e forçar a rendição do judiciário Luso.
Esse raciocínio politico é inaceitável e está a ser considerada dentro e foras das fronteiras de Angola, como um posicionamento promiscuo inegavelmente chantagista. O governo poderá fracassar e manchar ainda mais a imagem de Angola, caso não se afaste dessa estratégia  malparida e nociva a todos os niveis.
Incompreensivelmente o governo decidiu reforçar a sua tropa de choque, introduzindo na arena das opiniões confusas o ilustre advogado Sérgio Raimundo, que logo  ao entrar em cena reforçou a tese do regime com juridicíssimo argumento da falsa perda de soberania. Está claro que a motivação de Sérgio Raimundo não passou de uma peça teatral muito mal encenada.
 A linha de defesa retomada pelo ilustre advogado é a mesma defendida anteriormente pelo governo. Apenas foi introduzido nela considerações jurídicas inviáveis como se vê no texto publicado no Jornal de Angola.
A blindagem patrocinada pelo governo angolano a Manuel Vicente, tem causado enorme desconforto e frustrações que indignam a forte active social intelligence angolana. A publicação no artigo opinativo de Sérgio Raimundo em defesa de MV, é arcaico, demasiado estreito e difícil de decifrar a finalidade do extenso texto.
Se a intenção foi expor um novo ponto de vista com a vertente jurídica do direito internacional, então a intenção foi de todo um tremendo falhanço. Porém, se o gesto foi um ato isolado de explicita fidelidade politica alinhada com o antigo vice-presidente da republica, aí então é que o caldo foi totalmente entornado.
 Porquanto não se vislumbra no texto qualquer enquadramento jurídico, eticamente respeitável que permita moralizar a justiça angolana.
 A dubiedade exposta mostra um tenebroso artificialismo no artigo, que expurga qualquer interpretação justificável dos motivos que levam o governo utilizar a instituição presidência da republica para blindar Manuel Vicente, o intocável militante da corrupção internacional.
O artigo expõe a fraqueza argumentativa jurídica, alem de existir nele uma dubiedade extensa do ponto de vista criminal que o torna ininteligível, eivado de falhas e com dozes elevadas de cinismo politico a mistura. Percebe-se também um fosso de nulidades contundentes que ferem irremediavelmente a intelligentsia dos operadores do direito.
Falando especificamente de Manuel Augusto, o ministro dos exteriores, apesar deste ser novo ministro das relações exteriores do establishment, na verdade não é tão novo assim, trata-se de um quadro volátil, com idas e retornos ao ministério das relações exteriores. Trata-se de um quadro da segurança de estado, onde exerceu nessa área o cargo de vice-ministro da segurança interna.
Daí, que a sua nomeação como ministro dos exteriores nada de significativa importância trouxe que ajude a retirar diplomacia da mediocridade em que se encontra atolada há 42 anos. Infelizmente o MPLA não consegue perder a postura péssima de falso moralista, e tudo faz para defender os ladrões que rouba gatuno. Coisa do partido-estado que estamos com ele.
O MPLA precisa urgentemente deixar de ser o falso moralista, sair do casulo e conviver de perto com gente que é gente de verdade. João Lourenço tem que fazer diferente e desistir de pensar que é igual a JES, fugir do culto de personalidade e sobretudo não pensar que é dono e senhor da verdade.
A tese do douto advogado possui duas interpretações de difícil aceitação, sobretudo no seio dos operadores do direito. A primeira está ligada a intenção de Angola assediar o governo de Portugal acenando-o com a explicita chantagem politica, isso representa a existência de um anticorpo nocivo, que a politiza de todo o processo de delito comum.
A segunda dificuldade é de interpretação a solo, e, centra-se na intenção de Angola impedir o judiciário português de operar dentro da legalidade institucional, com essa variante nota-se a intenção de poluir do processo e impossibilitar o exercício livre do direito, além de inviabilizar concomitantemente a administração da lei penal.
A opinião do ilustre advogado apresenta notáveis distorções inconciliáveis tanto do ponto de vista jurídico como do politico. Ou então o advogado está confundido, e tenta desviar as atenções da verdade processual, introduzindo nas entrelinhas o direito internacional somente para desvirtuar a inevitável presunção da culpa de Manuel Vicente.
Essa tese de Sérgio Raimundo, transporta consigo fragmentos perigosos que podem provocar uma situação grave de insegurança jurídica, também poderá eventualmente fraccionar em certa medida o judiciário português e impedi-lo de fazer livremente.
Incrivelmente o ilustre advogado ousou por em causa a legitimidade do judiciário português de fazer justiça, de maneira transcendental tentou defender o indefensável com a mecânica introduzida no artigo, esquecendo-se que a linha que separa a fronteira o certo e o errado é demasiado ténue e fácil de expor falaciosas inverdades escondidas a nu.
O governo angolano unilateralmente entendeu congelar as relações com Portugal, a soberba tomou conta do novo governo e, como retaliação colocou em banho-maria a cooperação lucrativa com esse país.
O governo perdeu o tino e continua desestruturado da base a cúpula e continua a utilizar a mentira recorrente, só que desta vez recorreu ao astuto argumento estúpido da soberania angolana correr alegado perigo, só porque o judiciário português processou o cidadão angolano Manuel Vicente, então PCA da Sonangol. E essa hein! Chega ou querem mais?
A afirmação é taxativa, Angola desconstrói os alicerces que firmaram até aqui as relações de cooperação com Portugal. Para retornar ao dialogo, o regime acena com a chantagem político-económico insistindo que o governo português force o ministério publico a desistir de processar Manuel Vicente em Portugal. Angola quer Portugal se agache, aceite a humilhação de obrigar poder judicial em Portugal a render-se.
Porém foi em Portugal que Manuel Vicente nas vestes de PCA da Sonangol praticou o crime de corrupção e de lavagem de dinheiro. Assim sendo, trata-se de um caso meramente pessoal que envolve exclusivamente a sua pessoa que pode acontecer com qualquer cidadão, como alias, já aconteceu no passado longínquo.
Não se trata de nenhum caso envolvendo o estado angolano, a não ser que Manuel Vicente seja a cabeça o tronco e os membros da soberania do estado Angolano. Só assim seria possível anuir-se que a soberania de Angola corre perigo. É preciso rejeitar o desfasado garantimos politico e definitivamente rejeitar governismo elitista que reina no país
Pelo que se sabe, o MP português nunca processou o antigo vice-presidente da republica, nem mesmo a instituição do estado que ele representou no passado. A priori os argumentos apresentados por Sérgio Raimundo são inéditos e visa tão somente atingir um objectivo, que não é outro senão o de fragilizar, desacreditar e inviabilizar a acusação.
Além de tentar criar um impasse conflitante de deslealdade processual improprio para o caso em questão. Trata-se igualmente de uma tentativa nada republicana sem espaço no ordenamento jurídico, nem está amparada em qualquer acordo cooperação judiciária entre os dois países.
Não tem razão o doutor Sérgio Raimundo, ao tentar promiscuir com vileza a verdade processual em causa. O dr Sérgio Raimundo tentou contraditar a acusação, buscando audiência popular em defesa da acusação contra Manuel Vicente.
O país não comporta mais esse tipo de pressão (agiotismo) jurídico-político, o MPLA não formou governo para defender os seus criminosos de estimação. Não cabe mais blindar bandidos confessos no país. Em Angola deve apenas coexistir o principio da igualdade de direitos que proteja o Francisco e o Chico, chicote que bate em Chico também bate em Francisco.
Para o bem dos angolanos, o governo do MPLA tem que afastar-se da tentação de exercer o artificialismo justicialista altivo, que tem emperrado ao longo dos 42 anos, o exercício igualitário na aplicabilidade da justiça.
 O que está aqui em causa não é o facto de se olhar para árvore sem ver ou não a floresta, é preciso que o dr Sérgio diga para que árvore ou floresta quer que os angolanos olhem? Quer que se olhe para a floresta da impunidade que graça entre os pseudo poderosos ladrões e corrupto que grassam no país?
Digo isso, porque na floresta existem árvores que se sustentam a si mesmas, algumas são parasitas e outras assassinam outras árvores mais fracas ou de menor dimensão. Igualmente habitam nas florestas criaturas perigosas, alem dos perigosos terrenos pantanosos e traiçoeiros, que podem sem hesitação desnudar aqueles que escondem verdades espúrias.
Fico perplexo escutar pessoas de inegável lisura e com conhecimentos validos da nossa historia, virem a público colocar achas na fogueira incandescente com a finalidade de alastrar ainda mais a fogueira da indignação.

Está claro que a instituição vice-presidência da republica não foi acusada de nada, por isso a soberania de Angola nunca esteve em perigo, por esta não ter cometido qualquer crime. Alias, as instituições não cometem crimes, as pessoas constituídas em poder, essas sim, cometem crimes.

LUANDA: Até Prova em Contrário, Isabel é... Culpada de Tudo

ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO, 
ISABEL É… CULPADA DE TUDO



A Administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), liderada desde Novembro por Carlos Saturnino, após a exoneração de Isabel dos Santos, anunciou hoje que iniciou uma auditoria para aferir a situação da petrolífera estatal.

Aposição surge num comunicado da petrolífera no qual garante que em momento algum prestou informação confirmando a existência de uma comissão de inquérito interna à administração de Isabel dos Santos.
“A Sonangol tem um novo conselho de administração e, ao abrigo do que acontece em situações análogas, está em curso uma auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, refere ainda a petrolífera, acrescentando que todos os processos, no âmbito da acção da actual administração, “são canalizados para os fóruns próprios”.
Em causa, admite a própria Sonangol, estão recentes informações publicadas na imprensa, segundo as quais a petrolífera angolana teria confirmado a constituição de uma comissão de inquérito para averiguação de supostas irregularidades atribuídas à anterior administração.
Essas notícias dão conta de alegados desvios de elevadas quantias pouco antes da saída de Isabel dos Santos da administração da Sonangol, com participação à Procuradoria-Geral da República de Angola, e que já na quinta-feira levaram a empresária e filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, a divulgar um desmentido.
“Contactada, a Procuradoria-Geral da República de Angola confirma que não foi apresentada qualquer queixa-crime contra a engenheira Isabel dos Santos naquela instância, e que não estão em curso procedimentos legais de qualquer tipo, em relação a qualquer assunto relativo à empresária”, refere o comunicado da empresária.
Desde que foi exonerada da Sonangol, por decisão do Presidente da República, Isabel dos Santos tem sido visada regularmente por várias notícias sobre alegadas irregularidades nos 17 meses de administração na petrolífera.
Por seu turno, a 11 de Dezembro, Isabel dos Santos voltou a referir-se à situação na petrolífera Sonangol, acusando a actual administração, que em Novembro passou a ser liderada por Carlos Saturnino, de “despedimentos em massa”, nomeadamente de colaboradores que lhe eram próximos.
Numa publicação com o título “Carta Aberta”, que colocou nas redes sociais, como tem sido hábito desde que foi exonerada, Isabel dos Santos assume estar a partilhar “uma situação preocupante que tem ocorrido nos últimos dias” na petrolífera.
“Estão a ocorrer despedimentos em massa! Os assessores, os directores, e todos colaboradores que foram promovidos ou que entraram para a Sonangol durante a vigência do último conselho de administração estão a ser todos despedidos, ou enviados para casa”, afirma a empresária e filha do ex-chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos.
Denuncia mesmo que estão a ser “conduzidos interrogatórios à porta fechada, com gravadores em cima da mesa, alegando um falso inquérito do Estado e um falso inquérito do Ministério do Interior, intimidando as pessoas para coercivamente responderem às questões”.
“Este procedimento é ilegal. Só as autoridades judiciais ou policiais podem fazer interrogatórios. É preciso respeitar o direito dos trabalhadores”, escreve Isabel dos Santos, acrescentando, sobre os colaboradores que estarão a ser despedidos, que muitos “recentemente largaram outros empregos para integrarem a Sonangol, porque acreditaram no país e queriam ajudar Angola a crescer”.
Isabel dos Santos assumiu a liderança, e o processo de reestruturação, da Sonangol em Junho de 2016, nomeada pelo então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, até ser exonerada pelo novo chefe de Estado, João Lourenço, em Novembro último.
O Presidente angolano nomeou para as mesmas funções Carlos Saturnino, que, por sua vez, em Dezembro de 2016, tinha sido exonerado do cargo de presidente da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel do Santos e que já em Outubro tinha sido nomeado por João Lourenço para secretário de Estado dos Petróleos.
Embora agora a Sonangol fale de “auditoria normal com o propósito de aferir a situação actual da empresa”, Mateus Benza, porta-voz da empresa, confirmou à agência de noticias France Press que foi aberto um inquérito para apurar a veracidade das informações divulgadas por vários meios de comunicação social angolanos que dão conta de transferências de dinheiro da Sonangol para empresas no estrangeiro, alegadamente detidas pela empresária.
Em causa notícias de que a nova administração identificou uma transferência considerada suspeita no valor de 57 milhões de euros para uma conta no Dubai, depois de Isabel dos Santos ter sido exonerada.
A Sonangol quer também respostas sobre alegadas transferências mensais de 10 milhões de euros da petrolífera para uma empresa em Portugal onde Isabel dos Santos é accionista principal.
Isabel dos Santos já desmentiu as notícias que começaram a circular e afirmou que está em curso uma campanha de difamação contra si.
“É falsa a notícia da existência de transferências realizadas para entidades terceiras depois da exoneração do anterior Conselho de Administração”, disse Isabel dos Santos, acrescentando que “é falsa a notícia de transferências mensais de 10 milhões de euros da Sonangol para a Efacec”.
Isabel dos Santos diz ainda que “nunca foram pedidos esclarecimentos sobre estes temas à anterior Administração, não podendo, por isso, a mesma estar em falta com a prestação de qualquer informação”. E acrescenta que “a anterior equipa sempre esteve disponível para clarificar as dúvidas que pudessem surgir relacionadas com a sua gestão”.

LUANDA: Cobardia é Cobardia Seja Qual For o Chefe

COBARDIA É COBARDIA
SEJA QUAL FOR O CHEFE



Ao que parece, os ortodoxos do MPLA – superiormente dirigidos por José Eduardo dos Santos – não conseguem deixar a todos nós angolanos algo mais do que a pura expressão da cobardia que, entre outras coisas, faz com que milhões de angolanos tenham pouco ou nada, e poucos tenham muitos milhões. Além disso, a esperança que João Lourenço nos mostrou parece esfumar-se na troca de acólitos. A cobardia terá apenas mudado de chefe?

Por Orlando Castro
Talvez esses génios, os de ontem e os de hoje, os de hoje que eram os de ontem, quase todos paridos nas latrinas dessa cobardia, pensem que não é necessário dar corpo e alma à angolanidade. É por isso que alimentam o ódio e a discórdia, o racismo, não reconhecendo que a liberdade deles termina onde começa a dos outros. Não aceitando que a competência não é um exclusivo do MPLA, os exemplos de João Lourenço começam a entrar na esfera de mais do mesmo, de alterar as moscas para que o resto seja o mesmo.
Porque não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar, permitimo-nos a ousadia (que esperamos – com alguma ingenuidade, é certo – compartilhada por todos os que responderam a esta chamada) de tentar o impossível já que – reconheçamos – o possível fazemos nós todos os dias.
Como jornalistas, como angolanos, como seres humanos, nós cá no Folha 8 entendemos que a situação no nosso país ultrapassa todos os limites, em nada preocupando de facto os que, estando no poder há 42 anos, nada fazem para acabar com a morte viva de um povo que morre mesmo antes de nascer.
E morre todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos. E morre enquanto José Eduardo dos Santos, João Lourenço e o respectivo séquito de bajuladores cantam e riem. E morre enquanto outros, nos areópagos do pode em Luanda, comem lagosta. E morre enquanto outros, cerca de 20 milhões, mal sabem o que é comer.
É que, quer o MPLA queira ou não, quer João Lourenço queira ou não, como na guerra, a vitória eleitoral (como qualquer outra) é uma ilusão quando o povo morre à fome. E o nosso Povo morre de barriga vazia. Tal como está a Angola profunda, a Angola real, ninguém sairá vencedor. Todos perdem. Todos perdemos.
Cremos, aliás, que o próprio ex-Presidente José Eduardo dos Santos teve, de vez em quando, consciência de que a sua ditadura não foi uma solução para o problema angolano, sendo antes um problema para a solução. O mesmo se passa, agora, com o afã exacerbado de João Lourenço que resolveu exonerar quase todos e quase tudo, esquecendo-se de exonerar o essencial: a fome, as doenças, a mortalidade.
Cremos que é, ou pode ser, pequeno o passo que é preciso dar para que os angolanos, irmãos com muito sangue derramado, se entendam para ajudar Angola a ser um país onde os angolanos sejam todos iguais e não, como agora acontece, uns mais iguais do que outros.
Se nos entendemos para que Angola deixasse de ser uma gigantesca vala comum, não será difícil entender que a força da razão pode e deve substituir a razão da força. José Eduardo dos Santos não o entendeu durante 38 anos. João Lourenço disse que entendeu mas, até agora, só conseguiu substituir as raposas que estavam a tomar conta do galinheiro por outras… raposas.
Durante demasiados anos de guerra, os angolanos mataram-se uns aos outros. Acabada essa fase, os angolanos continuam a matar-se uns aos outros. Não directamente pela força das armas, mas pelo poder que as armas dão aos que querem subjugar os seus irmãos que consideram de espécie inferior.
Mais do que julgar e incriminar importa, nesta altura, parar. Parar definitivamente. Não se trata de fazer um intervalo para, no meio de palavras simpáticas e conciliadoras, ganhar tempo continuar o processo de esclavagismo, ganhar tempo para formar novos milionários, ganhar tempo para sabotar eleições, ganhar tempo para continuar a enganar o Povo.
Convém, por isso, que a democracia, a igualdade de oportunidades, a justiça, a liberdade e o Estado de Direito cheguem antes de morrer o último angolano. Esperamos que disso se convença João Lourenço, um angolano que certamente não se orgulha de ser presidente de um país onde os angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Ou será que se orgulha?