segunda-feira, 28 de abril de 2014

LUANDA: O Estado e o Islão em Angola - Por Rafael Marques

O Islão é Ilegal em Angola

Por: Rafael Marques de MoraisFonte: Maka AngolaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa 27 Abril, 2014
A proibição de realização de cultos por crentes do Islão e de dezenas de seitas em Angola gerou considerável polémica internacional em finais de Novembro. A mídia internacional chegou a considerar Angola como o primeiro país, no mundo, que baniu o Islão.

Um total de 194 denominações religiosas, incluindo a Comunidade Islâmica de Angola, e seitas e associações de cariz religioso, viram os seus pedidos de legalização indeferidos pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. O despacho, datado de 28 de Outubro, informou o público que “a continuação das actividades destas confissões religiosas incorrem na prática de crime de desobediência qualificada a todos os que nela persistirem”.Desde a entrada em vigor, em 2004, da Lei sobre o Exercício da Liberdade e de Consciência, de Culto e de Religião, o governo angolano não reconheceu qualquer igreja ou seita religiosa. O Estado angolano exige, para o reconhecimento jurídico de uma denominação religiosa, que esta apresente registos notarizados de um mínimo de 100,000 fiéis.O Ministério da Justiça procedeu, pela última vez, em 2000, através do Decreto Executivo nº74/00, o reconhecimento de confissões religiosas. As beneficiárias foram a Igreja do Nazareno Internacional de Angola, Igreja Messiânica Mundial, Centro de Devoção Rainha Santa Isabel de Luz e a Igreja Evangélica Avivamento Bíblico.Angola tem mais de 18 milhões de habitantes e, estima-se, o número de muçulmanos no país não ultrapassa os 50,000, e a maioria são estrangeiros oriundos da África Ocidental.Todas as 86 igrejas e seitas religiosas reconhecidos pelo governo são cristãs. O Estado angolano não reconhece o Islão.Muçulmanos, em várias partes do mundo, manifestaram-se indignados com o indeferimento, pelo governo, do pedido de reconhecimento da comunidade islâmica. A comunidade internacional reagiu, desdobrando-se em contactos diplomáticos com o governo e este, por sua vez, prestou esclarecimentos. No entanto pouca informação substancial tem sido revelada ao público sobre a relação do Estado com o Islão no país.
O Islão como Ameaça
Maka Angola procedeu a uma breve investigação sobre os debates, ao nível dos órgãos de soberania, em torno do Islão, cujo registo de implantação, no país, data de 1978. Esta investigação inclui, em texto separado, a compilação de vários actos administrativos de autorização, encerramento, proibição de cultos e demolição de mesquitas.O Islão, por ser uma religião praticada maioritariamente por oeste-africanos, em Angola, constitui, por ora, um elemento que ainda escapa ao controlo do poder político. Também se apresenta como alvo fácil de estereótipos como a sua conotação, no país, como uma porta de entrada à imigração ilegal de africanos. Referências públicas na imprensa e em algumas intervenções públicas associam o Islão a eventuais actos de terrorismo, escravatura e outros males que “agridem” a ainda indefinida cultura angolana. Esses estereótipos têm servido, de um modo geral, de factores de entendimento político entre o governo, oposição, sociedade civil e igrejas cristãs, na exclusão de um suposto mal comum.A propósito desses estereótipos é notória a falta de cultura de debate, na sociedade angolana, como veículo privilegiado para a melhor formação da opinião pública. Isso permitiria, à partida um esclarecimento público básico sobre a necessidade de se separar a fé dos actos de um indivíduo.Com recurso à lei, as tentativas políticas de limitação ou proibição da prática de cultos por certas denominações e seitas religiosas, após a consagração da liberdade religiosa na Lei Constitucional de 1992, datam de 1998, através da Circular nº 4/98, do Ministério da Cultura. A referida circular informava todos os governos provinciais que deveriam proibir o exercício de actividades religiosas por parte das igrejas não reconhecidas.Em Novembro de 1999, o então ministro da Justiça e actual Provedor de Justiça, Paulo Tchipilica, enviou um memorando confidencial ao Conselho de Ministros com propostas de estancamento da implantação do Islão em Angola. O semanário Angolense respigou, na altura, o conteúdo do memorando, no qual o ministro reiteirava que o Islão era uma confissão religiosa, de cariz fundamentalista, e não reconhecida pelo governo. Segundo o Angolense, o ministro instou o governo a dissolver as associações que davam cobertura às actividades islamitas, a responsabilizar criminalmente os seus responsáveis e, como sanção acessória, “a demolição das mesquitas”. Na altura, segundo o semanário, o grupo técnico do Conselho de Ministros emitiu um parecer contrário que impediu a implementação da proposta de Paulo Tchipilica. O jornal escreveu que “esse grupo [do Conselho de Ministros] nega considerar as actividades do islamismo em Angola como dotadas de qualquer fundamentalismo”.A Lei sobre o Exercício da Liberdade de Consciência, de Culto e de Religião (Lei nº 2/04), aprovada em 2004, estabelece, de forma inequívoca, o exercício de culto por parte dos cidadãos e confissões religiosas.Segundo a lei, “é lícita e facultativa a reunião de pessoas para a prática cultou ou outros fins específicos da vida religiosa”. A mesma lei estabelece que “não carecem de autorização oficial nem de participação às autoridades competentes, as reuniões promovidas pelas confissões religiosas referidas no número anterior, desde que se realizem dentro de templos ou em locais apropriados (...)”.O legislador foi omisso quanto ao destino reservado às confissões religiosas cujos pedidos de reconhecimento são recusados pelo Estado. A situação de limbo jurídico tem criado um quadro de argumentos e ambiguidades que facilitam a arbitrariedade dos actos do governo. O limbo serve também para o governo adaptar-se à qualquer situação, sem assumir responsabilidades pelas consequências dos seus actos.A 15 de Março de 2007, com o surgimento de vários grupos representativos do Islão, no país, o Ministério da Justiça promoveu um encontro destinado a congregar, num só órgão, os crentes muçulmanos.Segundo o presidente do Centro Islâmico de Documentação, António Pedro Mussidi, que participou do encontro, os 21 representantes muçulmanos concordaram sobre a fusão dos cinco grupos existentes. Entretanto, discordaram sobre a constituição da sua liderança. Foram a votos, ali mesmo no Ministério da Justiça. Um total de 14 representantes votou a favor da nomeação, pelo governo, do líder islâmico em Angola. Os restantes sete elementos opuseram-se.“A culpa foi nossa, dos representantes muçulmanos presentes no encontro, que votámos para o governo indicar-nos um líder. A Constituição não permite ao governo imiscuir-se nos assuntos internos das confissões religiosas”, disse António Pedro Mussidi.Durante um encontro com deputados da Assembleia Nacional, a 31 de Março de 2009, a ministra da Cultura declarou publicamente a visão oficial do governo sobre o Islão em Angola. "A nossa preocupação prende-se com a expansão do islamismo e as consequências que podem provocar na organização e estrutura da sociedade angolana", disse a ministra.Na sequência de uma série de pronunciamentos oficiais que visavam o Islão como uma religião perniciosa e estranha à cultura angolana, a 5 de Outubro de 2009, o presidente da República, José Eduardo dos Santos, estabeleceu a Comissão Interministerial para o Estudo e Tratamento do Fenómeno Religioso, através do Despacho Presidencial nº 32/09.O estudo incidia sobre o Islão. Maka Angola soube que o presidente nunca respondeu, com orientações, ao relatório produzido pela referida comissão.Entretanto, a 10 de Fevereiro 2010, os imãs angolanos decidiram resolver o impasse, gerado pelo silêncio do governo, sobre a nomeação do líder muçulmano em Angola. Decidiram eleger um angolano, Mateta Zola Khamis, para o efeito e de forma imediata.Os imãs estrangeiros, liderados por Diakité A’dama, segundo soube o Maka Angola, boicotaram a iniciativa. Mantiveram a sua posição de aguardar pela nomeação de um líder por parte do governo. Dados empíricos indicam os cidadãos da Guiné Conacry como sendo o maior grupo de muçulmanos no país, seguidos de malianos, mauritanianos e senegaleses. Em números reduzidos encontram-se comunidades de somalis, egípcios, argelinos e burkinabes.Como medida cautelar, o presidente, conhecido pela criação inconsequente de incontáveis comissões, exarou, a 31 de Dezembro de 2012, o Despacho Presidencial nº 14/2012. Esta decisão criou a “Comissão Interministerial para o Estudo, Tratamento e Implementação das Medidas Tendentes ao Controlo e Acompanhamento do Fenómeno Religioso”.Fazem parte desta comissão o secretário do Presidente da República para os Assuntos Sociais, um representante do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e nove ministros, nomeadamente os da Administração do Território, Justiça e Direitos Humanos, Interior, Cultura, Assistência e Reinserção Social, Comércio, Juventude e Desportos, Família e Promoção da Mulher. A comissão integra ainda representantes do Serviço de inteligência e Segurança de Estado (SINSE), Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM) e Serviço de Inteligência e Segurança Externa (SISE). O secretário de Estado da Cultura, Cornélio Caley, coordena o grupo técnico da comissão interministerial.A referida comissão foi também encarregue de estudar, de forma interligada, a questão da imigração ilegal e de propor medidas ao seu combate.
Em Fevereiro passado, o grupo técnico realizou a sua primeira reunião. Segundo informações fidedignas a que o Maka Angola teve acesso, o grupo técnico avaliou o exercício da liberdade religiosa no país como “alarmante” e “um risco para a soberania nacional”. A reunião considerou ainda a consagração das liberdades religiosa e de consciência, na Constituição aprovada em 2010, como um acto infeliz. “Na matéria religiosa ou de práticas de consciência, não terá sido feliz, dada a situação de vulnerabilidade em que se encontra a maioria do nosso povo”, descobriu o grupo técnico.A Constituição estabelece que “a liberdade de consciência, de crença religiosa e de culto é inviolável” (Art. 41º, 1º).A religião islâmica mereceu investigação singular. A comissão teve um orçamento de 80 milhões de kwanzas (US $800,000) apenas para a análise do Islão. Ao estudo das outras seitas, em conjunto, foram atribuídos apenas 21.5 milhões de kwanzas (US $215,000).
Indiferimentos
O diário estatal Jornal de Angola publicou, a 8 de Novembro de 2013, a lista das 94 confissões religiosas, seitas e associações estabelecidas por crentes, cujos pedidos de legalização foram indeferidos pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.A lista juntou os muçulmanos a seitas como a Igreja Missão Internacional da Restauração das Almas em Angola, a Congregação do Exército Invencível, a Igreja Sangue Precioso, a Igreja de Vigia Carismática Renovada em Angola e a Igreja dos Cristãos da Filadélfia.Uma semana depois, a 19 de Novembro, a ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, explicou aos deputados da Assembleia Nacional a ligação que o governo faz entre o seu estudo do fenómeno religioso e as suas políticas de migração.“O fenómeno religioso envolve várias componentes, nomeadamente o controlo do fluxo migratório ilegal e o reconhecimento/legalização das denominações religiosas, razão pela qual é necessário o engajamento de todos”, disse a ministra, citada pela Angop.Segundo a agência de notícias estatal, a ministra revelou os planos do governo para “combater ‘cerradamente o surgimento de congregações cujos cultos são contrários aos hábitos e costumes da cultura angolana”.

“Relativamente ao islão, cujo processo de legalização foi indeferido pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, a ministra avançou que à semelhança das demais na mesma situação, os seus templos serão encerrados até novas ordens”, escreveu a Angop.
A 26 de Novembro, o director nacional da Administração da Justiça, Vitorino Mário, concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Nacional de Angola na qual transmitiu o ultimato do governo para as confissões religiosas não reconhecidas encerrarem os locais de culto.

Segundo o alto funcionário do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, as confissões cujos pedidos foram indeferidos pelo seu órgão e que “já têm locais de culto têm que encerrar, isto é muito claro”.

Vitorino Mário recordou o despacho ministerial que determina o encerramento dos locais de culto e cessação de toda a actividade religiosa, sob pena de “incorrerem no crime de desobediência qualificada”. O dirigente também foi claro em afirmar, sobre a punição aos infractores, que “não se vai prender uma igreja num todo”, mas serão responsabilizados criminalmente os líderes.

“Estamos à espera que as próprias igrejas tomem a iniciativa de encerrar os templos, os locais onde praticavam as suas actividades à margem da lei”, mais disse o director da administração da Justiça. Este oficial manifestou a possibilidade de diálogo, com os indeferidos, como orientação presidencial, mas após a cessação de toda a actividade religiosa.

O jurista reconheceu, por um lado, o estabelecimento legal sobre o exercício de culto como lícito e facultativo, sem necessidade de autorização governamental para abertura de local de culto. No entanto, apresentou uma interpretação diferente da lei. “O que há é a obrigação legal de só se abrir um local de culto se a igreja tiver o devido reconhecimento”.

Essa interpretação é problemática uma vez que, sem locais de culto, as confissões religiosas não podem juntar fiéis para congregar os números requeridos para a sua legalização. O próprio processo de angariamento de fiéis passa, com essa leitura, a ser também um acto contrário à lei. Ou seja. Não há mais espaço para o reconhecimento de confissões religiosas no país.

Victorino Mário esclareceu também que as confissões religiosas com pedidos indeferidos verão, na prática, os seus novos pedidos rejeitados dada a severidade dos requisitos exigidos.

Sobre o Islão, o representante do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos frizou que “este assunto tem sido tratado com os devidos cuidados e com uma abordagem bastante acutilante e já especializada”.

De acordo com o seu depoimento:

  • “o problema do Estado angolano, é preciso frisar, não é o Islão, é uma série de problemas acoplados a esta religião que não são adequados para o quadro constitucional que existe em vigor no nosso país. E este tratamento teve a devida abordagem do ponto de vista constitucional, do ponto de vista legal, e vamos esperar que aquilo que vier a ser decidido, em função dos estudos que foram feitos e das propostas que estão a ser produzidas no nosso quadro legislativo interno nos permita tomar decisões muito directas”.

Victorino Mário foi claro em afirmar que “nunca, em momento nenhum, foi reconhecida a religião islâmica em Angola. Consequentemente, toda a actividade religiosa ligada ao islão em Angola decorre à margem da lei”.

Desmentido ou Contradição?

Os protestos de muçulmanos, em várias partes do mundo, que se seguiram à publicação de notícias segundo as quais o governo de Angola foi o primeiro país do mundo a banir o Islão, obrigou à emissão de um desmentido oficial, a 29 de Novembro.

Esse desmentido ocorreu três dias depois do governo, na voz de Victorino Mário, ter afirmado o Islão como confissão religiosa praticada ilegalmente no país.
A ministra também disse que o governo não baniu o Islão“O governo da República de Angola, em conformidade com a Constituição e demais legislação em vigor e com o direito internacional, respeita o Islamismo, bem como as demais confissões religiosas”.No comunicado oficial, de 29 de Novembro, o governo esclarece que cidadãos estrangeiros de confissão islâmica, em situação migratória ilegal, praticam actividades económicas ilegais em armazéns construídos sem licença das autoridades competentes que, por conveniência e para obstar a acção das autoridades de fiscalização usam estas instalações como alegados locais de culto, à margem da lei.
A cronologia elaborada pelo Maka Angola demonstra que os islamistas solicitaram, em várias ocasiões, autorização para construção de mesquitas. Algumas destas foram destruídas apesar da construção ter sido autorizada para o efeito.Sobre a imigração ilegal, o semanário Novo Jornal, na sua edição nº 308, de 13 de Dezembro, revelou o quanto custa entrar, de forma clandestina, no país. Segundo a reportagem do jornal, a entrada ilegal em Angola, através da fronteira Norte, custa entre 2,000 a 10,000 kwanzas (entre US $20 a US $100), de acordo com dados prestados pela própria Polícia Nacional. Esta instituição, citada pelo semanário, acusa as comunidades locais de facilitarem a imigração ilegal. A população, por sua vez, aponta o dedo aos agentes da Polícia de Guarda Fronteiras como facilitadores.A pobreza local e a corrupção destacam-se como as causas principais que escancaram as fronteiras de Angola por um almoço.
Conclusão

O governo tem assumido múltiplos discursos e medidas contraditórios entre si, que servem a todas as audiências, mantendo apenas o traço comum de serem todos baseados na retórica da defesa do primado da lei. Essa incoerência permite às autoridades a arbitrariedade que é a característica fundamental do seu poder.

É ilegal a prática do Islão em Angola. Angola é o único país do mundo que não reconhece o Islão.Por outro lado, a estratégia de ligação do Islão ao combate à imigração ilegal, e à suposta “preservação” de valores culturais nacionais, resulta de um artifício político simplista.Falta vontade política para se combater corrupção que, com a pobreza e o desgoverno, são algumas das principais causas de desordem que se verifica ao longo da fronteira, tanto da parte das comunidades como das autoridades locais.O governo tem estado a tentar encobrir a falta de controlo sobre a imigração ilegal massiva de centenas de milhar de cidadãos chineses, portugueses, brasileiros e vietnamitas. Os asiáticos enquadram-se, na sua maioria, no sector da construção civil, em parceria ou como empregados de grupos económicos ligados ao regime. Por sua vez, os portugueses e brasileiros engrossam o sector da economia formal e servem, na sua maioria, a negócios ou empregos com participação e protecção de figuras do Estado.Os muçulmanos em Angola são, maioritariamente cidadãos oeste-africanos (Guiné-Conakry, Mali, Mauritânia, Gâmbia, Senegal, etc.) estão a servir de bodes expiatórios para um problema estrutural muito mais profundo. Regra geral, os oeste-africanos mantêm-se à margem da economia formal, dedicando-se ao comércio precário de venda retalhista, cantinas e armazéns nos bairros periféricos. Nas Lundas, servem de compradores de diamantes para cidadãos israelitas e libaneses, maioritariamente.Há vários factores a ter em conta na política do governo de busca de escapatórias. Há poucas oportunidades de emprego para a maioria dos jovens angolanos, contrariamente às facilidades que vários grupos de imigrantes encontram. A iniquidade salarial, entre nacionais e expatriados, tem exacerbado sentimentos de xenofobia, que colocam em causa as credenciais patrióticas do MPLA e a sua legitimidade como movimento nacionalista.No ano passado, segundo dados oficiais, o governo expulsou mais de 37,000 africanos, 300 asiáticos e 20 europeus. Do total de africanos expulsos, apenas na Lunda-Norte, o governo repatriou 16,000 congoleses. Em várias ocasiões, os congoleses foram acusados de adulteração da “matriz cultural angolana” e danos à economia nacional, entre outras acusações destinadas a torná-los em bodes expiatórios de crises internas. Mas este tipo de prática deixou de ter efeitos junto da população.As políticas abertas de expulsão e maus-tratos de congoleses causaram retaliação, em 2009, quando a República Democrática do Congo expulsou mais de 50,000 angolanos que se encontravam radicados naquele país, muitos há mais de 30 anos.Desta vez, os oeste-africanos, associados ao Islão, pareciam ser a desculpa perfeita. É um grupo que não afecta os interesses económicos dos círculos ligados ao poder e cujos países não têm qualquer influência junto do governo.A ignorância política de muitos governantes, que permitiram o uso do Islão nessa estratégia leviana, falou mais alto. Não calcularam as consequências de um ataque ao Islão.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

MALANJE: Nova unidade policial acusada de receber pagamento para demolicções privadas

MALANJE: Nova unidade policial acusada de receber pagamento para demolições privadas

Posto de Comando Unificado (PCU) nega acusações
Demolições em Viana
Demolições em VianaFonte VOA/Coque MukutaDivulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa24.04.2014                                                                                                                                           TAMANHO DAS LETRAS
 

Uma nova unidade de segurança foi acusada por um activista de receber subornos para derrubar habitações construídas em terrenos particulares.

Com efeito há mais de três meses, o Executivo angolano criou em Luanda uma força conjunta para actuar a nível das reservas fundiárias e agora uma associação ligada aos camponeses acusou os dirigentes daquela Unidade de receberem subornos que podem ir até 8 mil dólares para actuarem em propriedades privadas.

O Posto Comando Unificado – PCU, constituído por agentes da Fiscalização de Luanda, Forças Armadas Angolanas e efectivos da Polícia Nacional, foi criado para controlar as reservas fundiárias do Governo angolano.

Mas Floriano Falcão responsável para administração da associação Anandengue disse que na verdade basta ter dinheiro.

“Eu presenciei uma senhora a pagar 8 mil dólares”, disse Falcão que acrescentou que dessa quantia quatro mil dólares foram destinados “aos homens no terreno” e outros quatro mil para as máquinas necessárias para se efectuarem as demolições.

Falcão disse ainda que nestes casos os camponeses e outros mais desfavorecidos são os que perdem por não terem suporte financeiro para pagar a esta unidade.

A unidade já esteve envolvida em actos de desalojamento de várias famílias nos municípios de Belas, Cacuaco e Viana em zonas que disse serem reservas fundiárias do Executivo angolano.

A Voz da América contactou o responsável daquela unidade que sem gravar entrevista disse que as acusações não correspondem à verdade.

LUANDA: A Mãe que incomoda a Poicia Nacional e exige justiça



A Mãe Que Incomoda a Polícia Nacional e Exige Justiça
Fonte: Maka Angola 
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
 24 de Abril, 2014
Conceição Paciência, de 50 anos, é exigente. Diz ao investigador da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) que o seu filho, Paciência de Oliveira, de 27 anos, não irá depor na cadeia onde supostamente se encontra o agente que o alvejou a tiro. Manifesta a sua desconfiança relativamente às intenções da polícia e ajuíza que a acareação entre agressor e vítima não é para ser feita na cadeia. Do outro lado da linha, o instrutor do processo chama-lhe “malcriada” e reitera que só a ela interessa o caso.

Os Factos da Contenda

A 2 de Fevereiro passado, Paciência de Oliveira, cozinheiro de profissão, assistiu ao jogo entre o Stoke e o Manchester United, em reposição, numa lanchonete no bairro da Coreia, nos arredores do Mausoléu. Quando o jogo terminou, já na sua lambreta, o jovem tentou contornar várias poças de água, na estrada, seguindo em direcção a casa.

Segundo o seu próprio depoimento, o jovem parou a motorizada antes de se meter pelo asfalto para limpar a lama dos sapatos. Um patrulheiro da polícia parou à sua frente e dois agentes desceram e abordaram-no, exigindo de imediato a chave da motorizada.

“Eu disse [aos agentes]: vocês têm de ler os meus documentos primeiro. Eu tenho tudo em ordem e só depois posso entregar a chave. Um dos agentes recusou. Disse que era de noite e que não podiam ler os documentos. Por isso, tinham de levar a mota”, explica Paciência Oliveira ao Maka Angola.

Ante a resistência em entregar a motorizada, “os agentes espancaram-me com porretes e pontapés, agarraram-me nos pés e nos pulsos, levantaram-me ao ar e atiraram-me para o chão. Fizeram isso mais vezes”.

Vários cidadãos aglomeraram-se no local do incidente e, de acordo com Paciência Oliveira, manifestaram a sua indignação contra a violência dos agentes. “Um dos agentes, Gelson Xavier, ameaçou dizendo que ‘quem mexer na motorizada será fuzilado’.” Os agentes foram identificados como efectivos da 4.ª Esquadra do Distrito da Maianga.

“Eu tentei proteger a minha motorizada e ele [Gelson Xavier] disparou contra mim, atingindo-me no úmero, no braço direito”, descreve o queixoso.

“O povo [que se juntou no local] pensou que eu tinha morrido e começaram a apedrejar o carro da polícia enquanto outros fugiam”, revela.

Os agentes puseram-se em fuga, com os vidros da viatura partidos pelas testemunhas.

Por solidariedade, um dos presentes transportou o ferido para a Clínica Sagrada Esperança, onde este labora como cozinheiro.

As Razões de Uma Mãe

O disparo contra Paciência de Oliveira revela o estado de delinquência que grassa no seio da Polícia Nacional e os obstáculos intencionais que os cidadãos enfrentam no acesso à justiça.

Desde que o seu filho foi alvejado, Conceição Paciência tem procurado a justiça de forma resoluta. Exige também o pagamento das despesas médicas. O jovem esteve internado duante sete dias.

No dia seguinte à ocorrência, deslocou-se à 4.ª Esquadra para o efeito. “O comandante [superintendente Tinoy] que me recebeu estava a defender os seus homens. Disse que eles tinham sido chamados por um dirigente do MPLA para acabar com uma festa barulhenta e houve rebelião contra os agentes. Por isso eles dispararam”, descreve a mãe da vítima.

“Eu disse que se fosse só a missão do dirigente do MPLA e a polícia estivesse a ser agredida, o partido MPLA ligaria de novo a pedir reforços para ir buscar o povo que estava a atacar a polícia”, acrescenta.

Em resposta, “o comandante disse-me outra coisa, que o povo chama a polícia, mas depois ataca a polícia”.

“Eu disse ao comandante que o javali e o porco têm a mesma carne, porque ele ao invés de agir estava a negar o comportamento dos seus homens. Deu-me apenas o número dele de telefone e mandou-me embora.”

Insatisfeita, a cidadã deslocou-se, no mesmo dia, à Procuradoria Militar, para apresentar queixa. Debalde. Encaminharam-na para a Polícia Judiciária Militar.

O advogado Zola Bambi, da Associação Mãos Livres, refere que a Procuradoria Militar “preferiu manter uma sombra de dúvida e tratou o caso como um acto de delito comum, recusando-se a proceder com a queixa”.

Por sua vez, a Procuradoria Judiciária Militar “aconselhou” Conceição Paciência “a ir para um sítio onde o caso pudesse ser tratado com rapidez”, mandando-a para o Comando Provincial da Polícia Nacional.

O Comando Provincial registou, finalmente, a queixa de Conceição Paciência. “Mas nunca mais me chamou, nem ao meu filho”, conta.

No entanto, Conceição Paciência recebeu uma chamada do comandante da 4.ª Esquadra, à noite, informando-a que falou com o seu filho, que ainda se encontrava internado, e dando pormenores sobre a investigação por si realizada no local do crime.

A 5 de Fevereiro, o referido comandante e a mãe, segundo depoimento desta, deslocaram-se ao local do crime e falaram com testemunhas. “O comandante recolheu os números de telefone de testemunhas que querem falar em tribunal e mandou abrir um processo.”

Conceição Paciência levou o processo à 1.ª Esquadra, na Ilha de Luanda, conforme instruída. Foi ouvida e recebeu o número do processo como sendo 691/14-INQ. Por sua vez, a 1.ª Esquadra despachou-a para a 2.ª Esquadra, no Bairro do Cruzeiro, no Distrito da Ingombota, com o processo para seguimento.

“O comandante da 2.ª Esquadra recusou o processo. Disse que só recebe detidos e mandou-me de volta para a 1.ª Esquadra. Na Ilha [1.ª Esquadra], para onde me enviaram, insistiram que tinha de ser mesmo na 2.ª Esquadra”, lamenta esta mãe diligente.

A ciranda pelas esquadras continuou. A 8 de Fevereiro, Conceição Paciência regressou à 1.ª Esquadra para saber do processo e foi informada de que não havia processo algum, por ora, tendo sido reencaminhada para a 2.ª Esquadra, que a devolveu à 1.ª Esquadra.

“Eu disse ao oficial, na 2.ª Esquadra, que quando o povo começa a ofender a polícia dizem que o povo é mau. Como é que me dão essas voltas todas? Eu avisei-os que falaria à imprensa”, explica, irritada.

“Só assim, depois de muitas voltas, o Sr. Pereira [oficial da 2.ª Esquadra] tirou o processo da gaveta dele e deu-me o número verdadeiro do processo [1195/014/02]. Afinal, na 1.ª Esquadra, tinham-me dado um número falso.”

O caso foi remetido à Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC).

Uma Saga Sem Fim à Vista

Fonte policial refere que “a vítima foi convocada duas vezes para se deslocar à Comarca de Viana, onde o agente se encontra detido, para se fazer a acareação, mas que não compareceu. A responsabilidade é deles [da família], porque o interesse é deles.”

“Mas a cadeia é lugar para ouvir as vítimas? A polícia disparou contra o meu filho. Como agora nos querem levar para a cadeia deles para nos ouvirem lá? Isso é certo? Eu disse ao meu filho: na cadeia não vamos”, reitera Conceição Paciência.

Em sua defesa, Conceição Paciência argumenta que “mesmo os bandidos são ouvidos em tribunal”.

O advogado Zola Bambi, da Associação Mãos Livres, considera que o pingue-pongue empreendido pelas entidades policiais e judiciais, no caso de Paciência Oliveira, tem como “objectivo desgastar psicologicamente a família e fazê-la desistir da queixa para arquivamento do caso”.

Paciência Oliveira continua a receber cuidados médicos, devido à gravidade da fractura do úmero, que ainda tem um aparelho fixador. A sua próxima consulta é a 28 de Abril.

“O comandante da 4.ª Esquadra prometeu-nos que exigiria, à família do agente Gelson Xavier, que fez o disparo, o pagamento dos danos ao carro da polícia e do tratamento do ofendido. Nunca mais fez nada”, lamenta Conceição Paciência.

A clínica tem estado a deduzir os subsídios do seu cozinheiro, que variam mensalmente entre 30,000 (US $300) a 50,000 kwanzas (US $500) para o pagamento da dívida pelo tratamento. Paciência Oliveira explica que o seu salário base é de apenas 20,000 kwanzas (US $200). “Tenho três filhos e renda de casa para pagar, como posso sobreviver com 20,000 kwanzas mensais?”, questiona.

A Versão Policial

Maka Angola partilhou a narrativa da vítima com o Gabinete de Comunicação e Imagem do Comando Provincial da Polícia Nacional de Luanda, a 12 de Abril, com vista à obtenção de uma resposta oficial.

O referido gabinete desdobrou-se em iniciativas internas para o apuramento do caso e para providenciar a devida resposta, tendo ouvido, nomeadamente, Paciência de Oliveira. Foi através desse processo que se ficou a saber que o autor do disparo, o agente Gelson Xavier, se encontra em liberdade.

Por sua vez, o instrutor da DPIC, que se identificou apenas como Augusto, marcou para o dia 23 de Abril, ontem, o encontro de acareação entre o agente Gelson Xavier e Paciência de Oliveira.

Segundo a vítima, o instrutor Augusto deu anteriormente o dito pelo não dito. “[O instrutor] disse que não entende qual é o problema, criticou-nos por termos arranjado advogado e afirmou que já não vai fazer nada”, afirmou o jovem cozinheiro.

Conceição Paciência, mãe da vítima, telefonou ao advogado Zola Bambi. Bambi esclareceu que o procedimento correcto, por parte da investigação criminal, deve ser o de notificação por escrito de ambas as partes.

De acordo com Zola Bambi, “o instrutor ofendeu a família, tratou-os da pior maneira e eu pedi que se retirassem do local para evitarem mais humilhações”.

“Eu disse ao instrutor Augusto que, hoje em dia, a razão é só da polícia. Nós, do povo, temos de aceitar todos os abusos. Vamos fazer mais como?”, lamenta Conceição Paciência.

Por sua vez, o comandante da 4.ª Esquadra, superintendente Tinoy, confirma que o agente Gelson Xavier se apresentou à unidade com mandado de soltura.

“Nós detivemos o agente e responsabilizámo-lo criminalmente. Outros passos já não dependem de nós. É tudo o que temos a dizer”, afirma o comandante.

Maka Angola reconhece o profissionalismo e a boa vontade do Gabinete de Comunicação e Imagem do comando provincial em realizar o seu trabalho.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

NAMIBE: Macacos atacam no Namibe

Macaco ataca no Namibe

Pelo menos dez pessoas feridas cinco das quais hospitalizadas. A polícia abateu "Zé Grande", o macaco enfurecido
TAMANHO DAS LETRAS 
Fonte: VOA/Armando Chicoca
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
Pelo menos dez pessoas ficaram feridas, cinco das quais permanecem hospitalizadas, na sequência de um ataque por um macaco que fugiu de uma jaula no parque infantil do Namibe.

O macaco, conhecido como Zé Grande, fugiu quando um homem tentava mudar o cadeado da jaula.

Carlos Roberto Araújo disse que o cadeado se encontrava enferrujado e que decidiu mudá-lo para evitar que o mesmo acabasse por facilitar a fuga do “Zé Grande”.

Este escapou e atacou várias pessoas antes de ter sido morto a tiro pela polícia.

Araújo, de nacionalidade brasileira, disse que os macacos naquela jaula são mal tratados pelas crianças que lhes atiram pedras e garrafas. Ele próprio foi mordido numa perna pelo macaco.

Uma fonte dos serviços veterinários disse à Voz de América que os animais existentes no parque infantil do Namibe nunca foram vacinados contra a raiva, embora não se saiba se o Zé Grande estava ou não afectado pela raiva.

Esta é a segunda vez que macacos do parque infantil local atacam pessoas indefesas nas artérias da cidade.

CABINDA: Dirigente da CASA-CE acusa governadora de Cabinda de o tentar subornar

Dirigente da CASA acusa governadora de Cabinda de o tentar subornar

Fernando Lello diz que lhe ofereceram casa, carro e dinheiro para se demitir do seu partido
Angola Cabinda governor Aldina da LombaAngola Cabinda governor Aldina da Lomba
TAMANHO DAS LETRAS 

Fernando Lello, representante da CASA-CE em Cabinda, confirma na primeira pessoa, ter sido aliciado a abandonar a formação política a que pertence em troca de casa, carro e dinheiro.

Em entrevista exclusiva, Fernando Lello, explicou que o assédio à sua pessoa tinha sido feito primeiro por interpostas pessoas e mais tarde pela própria governadora Aldina da Lomba que tentou convencê-lo a “aceitar a ajuda” do Governo por supostamente haver informações que apontavam para o seu iminente afastamento da direcção da CASA-CE em Cabinda.

Lello disse que negou a “oferta” de imediato porque tem más recordações do regime do MPLA.

“Eu não preciso nem carro nem de casa. Estou habituado a sofrer”, disse. 

Fernando Lello, que  já foi correspondente da rádio Voz da América em Cabinda, tinha sido julgado e condenado a 12 anos de prisão por um tribunal militar local, em Setembro de 2008, por alegada prática de crime contra a segurança do Estado e instigação à rebelião armada no enclave.

Lello viria a ser libertado, um ano depois, por falta de provas, na sequência de uma deliberação do Supremo Tribunal Militar angolano.

Não foi possível ouvir a versão do Governo de Cabinda não obstante o esforço da Voz da América neste sentido.

MAPUTO: Impasse na mesa do dialogo em Moçambique

Impasse na mesa do diálogo em Moçambique

No diálogo de surdos, ambas as partes manifestam posições bem divergentes quanto às Forças de Defesa e Segurança.
Paz em MoçambiquePaz em Moçambique
TAMANHO DAS LETRAS 

O Governo e a Renamo continuam a não entender-se em duas matérias que podem atrasar ainda mais os acordos que ambos dizem pretender: os termos de referência dos observadores internacionais e a desmilitarização da Renamo.

O chefe da delegação negocial do Governo foi peremptório e disse não haver lugar à paridade com a Renamo nas Forças de Defesa e Segurança

O ministro da Agricultura José Pacheco sublinhou que a reestruturação das Forças de Defesa e Segurança é uma competência do Presidente da República, na sua qualidade de Comandante-Chefe, e não está em discussão na mesa do diálogo.

José Pacheco adiantou ainda que para as Forças de Defesa e Segurança existe um processo normal de recrutamento de cidadãos dentro do qual não se observa o princípio de filiação partidária de quem quer que seja.

Pacheco lembrou que a própria Renamo é defensora da despartidarização da Função Pública, mas contradiz-se quando impõe a sua partidarização.

Por seu lado, o chefe da Delegação da Renamo Saimone Macuiane diz que assim que o Governo aceitar a paridade, o seu partido não necessita ter nenhuma arma, deixando claro ser esta uma condição essencial para qualquer acordo entre as partes.

Frente a este autêntico diálogo de surdos, registam-se apenas  sessões sem acordos.

Com o ponto sobre a missão dos observadores por concluir, a Renamo diz que sem acordo sobre as suas exigências militares não pode haver discussão sobre a missão dos observadores. O Governo reitera que não cederá e que não haverá paridade nas forças de Defesa e Segurança.

PRAIA: PAICV e MDP acusam-se mutuamente de bloquear nomeação dos juizes do Tribunal Constitucional

PAICV e MpD acusam-se mutuamente de bloquear nomeação dos juizes do Tribunal Constitucional

Presidente da República Jorge Carlos Fonseca ouve líderes parlamentares para tentar encontrar uma saída.

Fonte: VOA/Alvaro Ludgero Andrade
Divulgação: Planalto De Malanje Rio Capôpa
23.04.2014
Assembleia Nacional, Cabo VerdeAssembleia Nacional, Cabo Verde
TAMANHO DAS LETRAS 


Em Cabo Verde, os dois principais partidos não chegam a acordo sobre os nomes para os chamados órgãos externos do parlamento, como o Tribunal Constitucional e a Entidade Reguladora da Comunicação Social, e continuam a trocar acusações.

O presidente da República Jorge Carlos Fonseca tomou a iniciativa de ouvir os grupos parlamentares do PAICV, que suporta o governo, e do MpD, na oposição, na tentativa de levar os dois partidos a se entenderem quanto aos nomes para o Tribunal Constitucional e a Entidade Reguladora da Comunicação Social.

Este processo arrasta-se há cerca de 15 anos e há sectores que começam a questionar a real necessidade desses dois órgãos se até agora o país tem funcionado normalmente.

Fernando Elísio Freire, líder parlamentar do MpD, acusou à saída do encontro com o presidente da República, o PAICV de bloquear o processo devido à sua agenda interna, ou seja a corrida à liderança do partido. Freire diz que neste momento há cinco nomes em cima da mesa.

Por sua vez, o líder da bancada parlamentar do PAICV Felisberto Vieira devolve a acusação ao MpD e diz que a oposição está a fazer teatro. Vieira vai mais longe e afirma que o MpD não pode inverter a lógica da política democrática.

Este tema faz aumentar a temperatura política entre os dois principais partidos, sempre que regressa à agenda parlamentar.

No passado mês de Fevereiro, os dois indicados para presidiram o Tribunal Constitucional e a Entidade Reguladora da Comunicação Social vieram a público recusar o convite devido à forma como o assunto tem vindo a ser tratado.