A melhoria substancial das relações entre o grupo BES e as autoridades angolanas veio relançar o processo de venda da ESCOM. A solução pode passar pela entrada de investidores individuais angolanos, e chegar até ao final do ano, segundo o Africa Monitor Intelligence. Manuel Vicente, “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento “Dino” já estiveram ligados às negociações.
A audiência de José Eduardo dos Santos a Ricardo Salgado, presidente do BES, a 2 de Outubro, foi vista como um gesto de demarcação ou mesmo de censura do Presidente em relação a Álvaro Sobrinho no conflito recente com o presidente do Grupo Espírito Santo. A decisão das autoridades angolanas de comprar a ESCOM, tendo em vista a sua recuperação, foi tomada pelo Presidente angolano.
Segundo o Africa Monitor Intelligence, o impasse em que se encontra o processo da ESCOM não foi estranho aos problemas do BES (BESA) em Angola, pelo que a aproximação produzirá agora efeitos benéficos na evolução do caso ESCOM. O processo poderá mesmo chegar ao seu termo até ao fim de 2013.
Por efeito do estado de indefinição em que se encontra, a ESCOM tem estado a desvalorizar-se continuamente e uma reversão do fenómeno é considerada inseparável de uma clarificação do futuro da empresa.
A compra da ESCOM por uma entidade ligada ao Fundo Soberano parece estar posta de parte – a exemplo do que já ocorrera antes com a Sonangol. Segundo o AM Intelligence, os compradores poderão ser investidores angolanos, a título individual. Nas negociações com vista à compra da empresa participaram até agora, em diferentes momentos, figuras como Manuel Vicente, Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento “Dino”. Há cerca 6 meses, uma participação mais activa no processo de “Kopelipa” não confirmou expectativas de resolução rápida do assunto.
O relançamento da actividade da empresa implicará um grande esforço financeiro por parte dos compradores, em especial no que toca à reanimação de áreas de negócio consideradas críticas e retoma de projectos de investimento.
Valor caiu para metade
Há 3 anos a ESCOM foi avaliada (pelo BES) em USD 1,1 B. Presentemente estima-se que tal valor tenha caído para cerca de metade, devido aos efeitos acumulados da crise então manifestada na empresa. Segundo o Africa Monitor, o estado de gestão corrente em que à data a empresa entrou, implicou o fim do seu desenvolvimento e mesmo retrocesso.
O património da empresa foi parcialmente alienado como forma de gerar recursos destinados a saldar dívidas a credores e a financiar investimentos imperativos (outros, no campo da indústria do cimento e da energia, paralisaram). O pagamento de salários tem sido garantido por avanços do BESA.
A curva descendente em que a empresa entrou em 2010 foi especialmente devida à crise que então atingiu dois dos seus principais sectores da actividade – exploração diamantífera e construção civil – expondo-a a grandes perdas. A crise nos diamantes ainda se mantém e a construção civil perdeu rentabilidade.
Pela multiplicidade de sectores em que está presente, know-how de gestão, o grupo ESCOM apresenta potencialidades consideradas susceptíveis de a converter num importante instrumento de internacionalização da economia angolana.
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